Clemente (Inocentes) e Supla, The Town
Divulgação

O Punk paulistano vive um momento simbólico em 2025. Duas de suas figuras mais marcantes – Clemente Nascimento, à frente dos Inocentes, e Supla, com sua banda Punks de Boutique – uniram forças em um EP colaborativo e vão dividir o palco do The Town neste ano.

Mais do que um encontro musical, a parceria tem peso histórico: conecta duas trajetórias paralelas que ajudaram a consolidar a identidade do punk no Brasil. E para entender um pouco mais desse momento, batemos um papo pra lá de interessante com os dois vocalistas!

Supla e Inocentes juntos no palco

Para Clemente, que celebra 44 anos de Inocentes, o convite para o festival foi a oportunidade ideal para registrar essa sintonia que sempre existiu entre as duas bandas.

Na verdade, a gente gravou essas músicas por causa do convite do The Town. Muita gente pode achar que não há sintonia entre nós, mas há, porque as influências do Supla são as mesmas das nossas. Cada um pegou o seu caminho e criou sua identidade, mas a gente está sempre se trombando por aí. Em 2019, por exemplo, quando o Inocentes foi tocar no Rebellion Festival, na Inglaterra, o Supla estava lá também e pela primeira vez a gente tocou junto em Londres. Então resolvemos gravar pra mostrar que existe essa sintonia entre os dois trabalhos.

Supla concorda, lembrando de quando foi convidado por Clemente a dividir o palco no lendário estúdio Made in Brazil. “Eu já tinha uma relação com os Inocentes desde os anos 80. Quando o Clemente me chamou, me vieram várias lembranças: desde o Rebellion Festival, em Blackpool, até encontros no Brasil. Foi muito Punk aquilo tudo. E essa ligação sempre existiu, porque a gente compartilha da mesma raiz”, afirma.

Revisitando clássicos

No EP, os artistas escolheram músicas representativas da trajetória um do outro. Supla reinterpretou “Pátria Amada”, enquanto os Inocentes ficaram com “Humanos”.

O Papito conta:

Uma música que me marcou muito do Inocentes foi ‘Pátria Amada’. Eu lembro de ver o clipe passando na TV Gazeta, no programa Clip Trip, junto com o clipe de ‘Humanos’, que era o meu. Aquilo ficou muito forte pra mim. Então pensei: vou cantar essa música do meu jeito, mais direto ao ponto, sem tanto solo de guitarra, porque punk não tem tanto solo.

Já Clemente destaca o simbolismo da escolha de “Humanos”: “É uma música bem legal, com uma letra muito boa. A sonoridade é diferente do que a gente faria, mas a gente trouxe pro nosso jeito. E hoje essa música também faz parte do repertório dele.”

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O impacto dessa união vai além do lançamento do EP. De acordo com os múiscos, trata-se de uma ponte entre diferentes gerações de fãs e uma afirmação de que o punk brasileiro segue relevante. Clemente reforça:

Essa sinceridade e essa integridade sempre mantiveram o Inocentes. A gente começou sem nenhuma perspectiva de ganhar dinheiro, era só pra se expressar e se posicionar artisticamente. Hoje tem muito mais shows, festivais, bandas novas, e as antigas continuam em atividade. O Punk nunca esteve tão legal em São Paulo.

Supla reforça essa visão de continuidade, mas em tom mais visceral:

Eu não sigo moda, nunca segui. Eu faço o que eu quero fazer. Quando eu tiver 109 anos, quero estar ainda fazendo Rock and Roll, Punk Rock ou qualquer coisa que estiver na minha mente. Isso é o que me mantém vivo e criativo.

The Town como palco da celebração

O show conjunto no The Town será mais do que uma apresentação: promete ser um marco. Clemente antecipa que será dois shows completos, com cada banda tendo seu momento e, ao fim, uma festa conjunta no palco.

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Supla, empolgado, também lembra que estará dividindo espaço com alguns de seus maiores ídolos.

O Green Day é a maior banda Punk de todas, e o Iggy Pop foi uma influência enorme pra mim. Estar no mesmo line-up que eles e que o Sex Pistols é surreal. Pra mim, tocar nesse dia é uma honra muito grande.

Olhando para frente

Enquanto Clemente prepara um novo disco dos Inocentes – “preciso me posicionar, me expressar, escrever sobre o que está acontecendo no mundo” – Supla trabalha no segundo álbum com os Punks de Boutique, com singles já lançados. Ambos, no entanto, concordam que a vitalidade do punk está em sua capacidade de se reinventar e abrir espaço.

Clemente encerra:

Venha, monte sua banda e venha tocar com a gente. Hoje não tem mais esse clima de treta de gangue, é a música que manda. Sempre tem espaço para uma banda nova.

A parceria entre Supla e os Inocentes simboliza não apenas a força de dois nomes históricos, mas também a vitalidade do Punk brasileiro nos anos 20. Estaremos lá prestigiando!

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