Pearl Jam em 2024
Foto por Danny Clinch

É difícil imaginar que algumas músicas que se tornaram clássicos do Rock chegaram a ser incluídas em listas de canções que seriam descartadas por determinadas bandas.

Muitas vezes, os fãs não param para pensar qual foi a trajetória de uma música antes dela se tornar um grande sucesso ou marcar uma geração. A verdade é que, por trás de muitas canções de destaque, existem histórias curiosas de rejeição, dúvidas criativas, conflitos internos entre integrantes de uma banda ou até mesmo questões com gravadoras.

Entre os diversos motivos também existe o perfeccionismo extremo, além de situações como a que aconteceu com “Better Man”, do Pearl Jam, que não se encaixava com o momento que a banda estava vivendo e foi lançada após a insistência de um dos integrantes para se tornar um dos grandes sucessos da banda.

A seguir, confira uma lista reunida pelo Far Out com 10 clássicos do Rock que, por muito pouco, poderiam nunca ter saído do estúdio!

10 clássicos do Rock que quase não foram lançados

Van Halen – “Dancing in the Street”

No início de sua carreira, o Van Halen encarou uma rotina pesada de estrada e gravações, principalmente por ser pressionado por sua gravadora a produzir novos materiais de maneira mais frequente. Ainda assim, o seu quinto disco de estúdio, Diver Down, de 1982, mostrou ter mais qualidade do que a pressa poderia sugerir.

Eddie Van Halen contribuiu com boas músicas neste disco, mas nunca se orgulhou de ter apoiado o vocalista David Lee Roth a gravar a cover de “Dancing in the Street”, canção escrita por Marvin Gaye, William Stevenson e Ivy Jo Hunter para Martha and the Vandellas em 1964. Apesar de Eddie ter criado a bela introdução no teclado, ele não recebeu crédito por ela.

Jeff Buckley – “Yard of Blondie Girls”

Jeff Buckley sempre enxergou os dois lados da fama, tanto os aspectos positivos como negativos. O músico se destacava no palco e entregava versões ao vivo impressionantes, mas o enaltecimento de sua versão de “Hallelujah” nunca o deixou à vontade. Buckley tentava se distanciar da própria persona, o que significava enterrar tudo o que considerasse muito cativante.

Seu álbum Sketches for My Sweetheart reuniu demos e faixas finalizadas, que iriam integrar seu segundo disco, o qual acabou descartado, mas a presença da música “Yard of Blonde Girls” foi o ponto mais controverso do processo de gravação.

Durante a produção da música, Jeff fez questão de impedir que os CEOs de sua gravadora a ouvissem, com receio de que a empolgação deles a transformasse em single. Porém, a música foi tocada um dia sem sua aprovação, o que fez Jeff ficar furioso e lutando para tentar impedir a ação da gravadora.

Alice in Chains – “Iron Gland”

Durante a gravação de Dirt, segundo álbum de estúdio do Alice in Chains, o guitarrista e co-vocalista Jerry Cantrell decidiu aliviar sua tensão das gravações criando um dos riffs mais bobos que alguém pode imaginar. Ele surgiu como uma resposta do guitarrista à faixa “Iron Man”, do Black Sabbath, mas irritou todos que estavam no estúdio.

O riff surgiu como uma piada que rapidamente perdeu a graça, mas Cantrell propôs gravá-lo, incluí-lo no disco como um interlúdio e nunca mais tocá-lo. O acordo foi aceito, e assim surgiu um dos raros momentos mais leves nas sessões do Alice in Chains, que eram marcadas por sombras e temas emocionalmente pesados.

Steely Dan – “The Second Arrangement”

Uma das características mais marcantes do Steely Dan é a sua busca pela perfeição. Durante as gravações do disco Gaucho, Donald Fagen e Walter Becker criaram a faixa “The Second Arrangement”, que parecia uma ótima canção com elementos de rock e jazz e só precisava da masterização final para ser incluída no álbum.

Porém, quando os engenheiros de som começaram a finalizar a canção, um deles apagou acidentalmente uma faixa inteira, deixando todos em choque. Apesar do grupo ainda ter a música em mãos, eles optaram por substituí-la por “Third World Man”, das sessões de The Royal Scam.

Isso porque eles não queriam colocar no disco, que já estava passando por uma grande pressão para alcançar o sucesso de Aja, uma música que eles consideravam abaixo da média, uma vez que não conseguiram grava-lá novamente da mesma forma que a primeira versão.

The Beatles – “How Do You Do It”

É difícil imaginar resistência a qualquer canção dos Beatles em seus primeiros anos de carreira. Após a entrada do grupo no Abbey Road Studios, a banda estava se esforçando para aprimorar sua arte com material original, mas o produtor George Martin, inicialmente, não acreditava que houvesse um sucesso ali e sugeriu que o Fab Four gravasse “How Do You Do It”.

Embora fosse uma canção cativante, os Beatles sabiam que perderiam credibilidade se seguissem por esse caminho. A solução foi acelerar o ritmo de “Please Please Me”, transformando-a na versão que se tornaria um marco.

Já a demo de “How Do You Do It” deixou claro que a música não combinava com os Beatles, especialmente pela entrega de John Lennon, que soava bem mais meloso do que deveria. Martin ainda viu a música ganhar vida com Gerry and the Pacemakers pouco depois, mas a gravação só reforçou o posicionamento dos Beatles de gravar apenas o que eles queriam.

Guns N’ Roses – “My World”

Após o lançamento emblemático de Appetite for Destruction, Axl Rose estava determinado a criar algo mais grandioso nos próximos trabalhos do Guns N’ Roses.

Então, durante o processo de Use Your Illusion, Slash foi aceitando a inclusão de baladas de piano em algumas músicas, mas percebeu que seu companheiro estava indo longe demais quando Rose resolveu experimentar sonoridades inspiradas em bandas como Nine Inch Nails.

A ideia de incluir batidas industriais não era ruim, mas o resultado em “My World” não era exatamente o que Slash estava esperando. A canção ficou exagerada e não foi aprovada pelo guitarrista, mas Rose insistiu e acabou colocando de surpresa a faixa na mixagem final de Use Your Illusion II, encerrando o disco.

Fleetwood Mac – “Come”

Qualquer disco que marcasse o retorno do Fleetwood Mac precisaria ser bem elaborado. Os remorsos causados durante o lançamento de Rumours nunca iriam ser superados de fato, e a última reunião completa da banda havia terminado em briga entre Stevie Nicks e Lindsey Buckingham.

Quando voltaram ao estúdio, não parecia que estavam prontos para reconciliação, e a solução acabou sendo lançar um disco duplo. Ainda assim, Say You Will não agradou a todos os integrantes.

Nicks, que já havia demonstrado incômodo com o título de “Tusk”, se sentiu desconfortável ao ver “Come” incluída no repertório, por considerá-la mais explícita do que o espírito da banda. Para ela, destoava especialmente em um álbum que também trazia reflexões sobre o mundo e um tributo ao 11 de setembro em “Illume”.

Mas Buckingham, que vinha de um projeto solo e tinha peso na escolha do repertório, conseguiu defender a inclusão da música sem dificuldades. Para Nicks, o problema não estava só na presença da canção, mas também na escolha de palavras da música, com ela apontando que não seria tão direta sobre as aventuras sexuais abordadas na canção.

Pearl Jam – “Better Man”

O Pearl Jam nunca esteve totalmente preparado para lidar com a fama. Após a morte de Andrew Wood, a banda ainda lidava com o luto quando o vocalista Eddie Vedder chegou para substituí-lo, mas ele também enfrentava seus próprios dilemas ao compor o emblemático Ten. Quando a banda rapidamente atingiu o sucesso, não foi surpresa o fato deles tentarem se afastar dos holofotes.

Vedder achou que uma das soluções seria tornar a música da banda difícil de ouvir, mas isso poderia incomodar alguns integrantes – como Mike McCready, que não queria deixar de lado uma canção mais otimista como “Better Man”.

Eddie até cogitou oferecer a faixa para Chrissie Hynde, mas acabou cedendo e a incluiu no mesmo disco que trazia experimentos como “Bugs”, Vitalogy (1994). Mesmo sem clipes de divulgação, a música se tornou um dos grandes sucessos do Pearl Jam, com uma abertura tão marcante que, ao vivo, costuma ser cantada pelo público.

Eagles – “I Wish You Peace”

Glenn Frey e Don Henley tinham como objetivo tornar os Eagles uma das maiores bandas de todos os tempos. E, apesar de terem mantido uma sintonia perfeita no início da carreira, as coisas começaram a mudar quando Don Felder tentou assumir os vocais e, depois, quando Bernie Leadon começou a se incomodar com o rock e o distanciamento do country nas canções da banda.

Leadon ainda lutou para deixar sua marca no quarto álbum de estúdio da banda, One of These Nights, mas viu muitas de suas ideias serem deixadas de lado diante de sucessos como “Take It to the Limit” e “Lyin’ Eyes”.

Porém, Bernie insistiu na inclusão de “I Wish You Peace”, que foi escrita junto com sua namorada Patti Davis, filha de Ronald Reagan. A faixa acabou entrando, mas Henley fez questão de deixar claro que não foi decisão da banda, justificando que achava a música melosa demais e que ela não alcançava o nível das outras canções.

John Lennon e Paul McCartney – “A Toot and a Snore”

Muitos fãs entraram em negação assim que Paul McCartney anunciou o fim dos Beatles, já que ainda tinham esperança de que a banda voltaria a se reunir. No entanto, só o que realmente aconteceu foram algumas colaborações pontuais entre alguns membros dali pra frente.

Certa vez, Macca e John Lennon retomaram contato e chegaram a cogitar uma nova parceria em estúdio. O encontro resultou na jam session “A Toot and a Snore”, que também contou com Stevie Wonder, mas seu resultado não foi dos melhores.

A música soa meio caótica e possivelmente os músicos não estavam em seu melhor estado durante a gravação. Talvez por isso, Lennon e McCartney tiveram o bom senso de manter a gravação longe do público, conscientes de que a música poderia decepcionar seus fãs.

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