
Após mais de uma década de estrada, o duo paulista Deekapz — formado por Paulo Vitor e Matheus Henrique — estreia oficialmente sua discografia com Deekapz FM, um álbum que funciona como uma estação de rádio independente, transmitindo a pluralidade de sons, histórias e vivências que moldaram sua trajetória.
Com 14 faixas e participações de nomes como Criolo, Urias, Fat Family, Tuyo, Luccas Carlos, DJ Marky, Nill, Gab Ferreira, Clara Lima, Nego Bala e Jamés Ventura, o projeto é um mergulho profundo na música preta brasileira contemporânea, sem abrir mão do diálogo com a música eletrônica global.
Mais que uma coletânea de faixas, Deekapz FM surge como uma experiência imersiva. A narrativa sonora costura gêneros como funk, soul, R&B, rap, house e subgêneros da música eletrônica, numa abordagem que reflete a vivência dupla de Paulo e Matheus como DJs e produtores.
“A gente quis criar algo que fosse nosso, mas que também representasse o coletivo – como se cada faixa fosse uma antena diferente captando e transmitindo histórias”, explicam. A estética visual acompanha o conceito: a capa traz uma colagem de antenas, toca-fitas e caixas de som empilhadas, remetendo à improvisação e à liberdade criativa de uma rádio montada à mão no topo de um arranha-céu no centro de São Paulo.
Processo criativo sem paredes
Ao longo da conversa, a dupla deixa claro que seu processo criativo não se limita a fórmulas ou tendências de mercado. “Nosso processo criativo não tem parede, nós não colocamos limites”, diz Matheus. Essa liberdade, no entanto, não significa falta de direção. Em Deekapz FM, cada faixa foi pensada para ser dançante, mas não necessariamente feita para baladas ou festivais.
A busca é por um som com identidade própria, que mantenha a “elegância” marcada pelo uso criterioso de samples, transformando referências em linguagem própria. “Tem cantores que procuram a gente por causa dessa nossa assinatura na produção”, aponta Paulo.
O uso de samples, inclusive, vai além da função estética: é também um gesto de preservação e valorização histórica. “Nossa ideia é não deixar o legado e a história dessas pessoas serem esquecidos”, afirma Matheus. Ainda que, por questões burocráticas, a dupla tenha optado por não usar samples de forma explícita no álbum, o espírito de homenagem permanece.
Colaborações e curadoria plural
O disco orquestra encontros improváveis — como Fat Family e Jamés Ventura, Criolo e Urias — sem diluir a identidade do Deekapz. O segredo, segundo eles, está no respeito à essência de cada artista, aliado à ousadia de tirá-los da zona de conforto.
“A grande maioria das colaborações nós já temos uma amizade anteriormente. Colocamos como premissa respeitar a característica de cada artista, mas trazendo algo novo para eles”, conta Matheus.
Para unir tantas vozes e estilos, a dupla recorreu a uma curadoria inspirada nas rádios dos anos 1990 e 2000. “Pegamos lembranças do passado, quando ligávamos para pedir música nas rádios, e colocamos essas memórias no disco”, lembra Matheus. Essa curadoria, que mistura nostalgia e inovação, reflete também um posicionamento: criar uma plataforma plural de música, que conecta gerações e gêneros sem hierarquizá-los.
Deekapz FM é, também, um manifesto sobre presença e poder da estética preta na música eletrônica. Num cenário que muitas vezes invisibiliza essa participação, Paulo e Matheus veem o álbum como um espaço para ampliar vozes e abrir caminhos.
“Estamos construindo uma plataforma importante e queremos usar o Deekapz como espaço para novos artistas, onde vamos sair do protagonismo e trazer novos talentos conosco”, diz Matheus. Para Paulo, o lançamento marca um momento de afirmação: “Queremos nos posicionar de forma a alcançar mais visibilidade como artistas criativos e ocupar esse espaço no mercado”.
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