Max Kolesne não chegou a encontrar Ozzy Osbourne pessoalmente. Mas o baterista do Krisiun carrega uma marca rara no metal brasileiro: sua banda foi a última do país a dividir o palco com o Black Sabbath, na turnê The End, em 2016, que encerrou a história da banda inglesa no Brasil. O show aconteceu em Porto Alegre e finalizou uma era — não só para os caras de Birmingham, mas também para gerações inteiras que tiveram o primeiro contato com o som pesado por meio de Ozzy.
Krisiun tocou para um público enorme, em casa, e encerrou uma era junto com os pais do metal. “Mesmo sem o Bill Ward naquela formação, saber que ele é nosso fã declarado já é um presente que levamos pra vida inteira”, relembra Max em conversa para a coluna Palavra de Peso do TMDQA!.
Sim, você leu certo: Bill Ward, baterista original do Black Sabbath, já manifestou publicamente sua admiração pelo Krisiun.
“Foi algo surreal. Bill realmente entendeu nossa música. Não parecia só uma tentativa de se atualizar. Ele disse que muitas bandas soavam forçadas, e que o Krisiun soava natural e orgânico.”
Max Kolesne
A conexão entre eles poderia ter sido ainda mais intensa, mas foi frustrada pela ausência de Bill na despedida. “Seria um dos melhores dias da minha vida se o Bill estivesse lá. Mas essa merda de business sempre estraga tudo e acaba com a arte.” Apesar da ausência, Max lembra com emoção da noite: “Foi emocionante ver Tony, Geezer e Ozzy no palco juntos.”
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Na mesma hora em que o show da despedida definitiva do Sabbath, Back To The Begining era transmitida ao vivo, o Krisiun estava se apresentando em um festival na Alemanha. “Tocamos no GreenHell Festival. Mas consegui assistir depois pelo streaming”, explica ele. No momento do nosso papo, Max estava na Sérvia cumprindo a intensa agenda que coloca o Krisiun como uma das mais atuantes e bem-sucedidas bandas brasileiras no exterior.
Max nunca encontrou Bill pessoalmente, mas a reverência é nítida. “Ele parece ser uma pessoa incrível, humilde, um verdadeiro gentleman.” O baterista também vê Ward como referência de personalidade e autenticidade:
“Ele nunca foi aquele baterista quadrado. Tocava com influências de jazz, encaixando solos. Isso me inspirou a ser eu mesmo, desenvolver meu estilo e não ligar para o que os outros estão fazendo.”
“Eloy é um monstro da atualidade, mas tem raízes e respeita os grandes mestres. Tem muito músico novo que quer ser só rápido e técnico e não sabe nem quem foram os criadores. Falta groove, falta identidade.”, aponta Max.
Ozzy Osbourne e Sepultura: caminhos abertos para o Brasil
Se o Krisiun representou o último suspiro da era Ozzy nos palcos brasileiros, o Sepultura foi quem abriu esse caminho — e o manteve vivo por décadas.
A história entre eles e Ozzy passa por diferentes momentos marcantes: em 1992, o Sepultura foi convidado especial na turnê No More Tours, tocando ao lado de Ozzy e Alice in Chains, nos Estados Unidos, na véspera de um Halloween.
Em 1996, participou do lendário festival Ozzfest, criado por Sharon Osbourne, consolidando o nome da banda entre os grandes do metal mundial e, em 2011, abriu os três shows de Ozzy no Brasil — em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro — durante a turnê do disco Scream.
Em 2016, Andreas, com seu KisserClan, participou dos shows de camarote da turnê The End, do Sabbath, no estádio do Morumbi.
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Além dos palcos, Ozzy também deixou registrada sua admiração pelo Sepultura diante das câmeras. Ele participou de um especial da MTV sobre a banda brasileira (Vamo Detonar), onde fez declarações elogiosas sobre seu som, atitude e autenticidade. Ver o Príncipe das Trevas reconhecer publicamente o impacto do Sepultura foi um marco não só para os integrantes, mas para toda a cena do metal nacional.
Ozzy disse que o Sepultura conseguiu competir com bandas americanas e inglesas, mostrando que podiam fazer aquele som tão bem quanto qualquer um. Mencionou ainda que o Sepultura tinha sua própria identidade, mesmo que sua sonoridade lembrasse o Black Sabbath.
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A relação entre Ozzy e a banda vai além da música. Ozzy teve um papel fundamental na vida de Max Cavalera em um dos momentos mais difíceis de sua trajetória: quando deixou o Sepultura, em meio a conflitos internos, e perdeu o enteado Dana Wells tragicamente, em 1996. Foi Ozzy quem lhe deu forças para seguir em frente, compartilhando sua própria experiência de ter saído do Black Sabbath no auge e reconstruído sua carreira solo. O gesto marcou Max profundamente e o ajudou a encontrar um novo rumo com o Soulfly.
Com a recente perda de Ozzy, Max, Andreas Kisser e o perfil oficial do Sepultura registraram suas condolências nas redes sociais, reforçando a importância que o Príncipe das Trevas teve — não só como ídolo, mas como presença concreta na vida e trajetória do metal brasileiro.
É impossível não reconhecer o laço que une Ozzy Osbourne ao Brasil. Fomos mais que uma plateia barulhenta — fomos cenário, energia e história viva. Uma história que passou pelo país seis vezes e que ajudou a inaugurar o metal por aqui, com sua participação marcante no primeiro Rock in Rio, em 1985. E ele, em troca, marcou para sempre o nosso imaginário.
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A coluna definitiva para os apaixonados pelo heavy metal que traz uma curadoria afiada de bandas e temas que merecem sua atenção. Um mergulho no som que molda gerações. Se você vive e respira metal, essa é a sua leitura obrigatória!
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