Capa matéria Brasil Grime Show
Foto por Guilbert Amichavy/I Hate Flash

Por David Silva

O Brasil Grime Show se tornou uma das maiores vitrines para artistas do hip-hop nacional.

O projeto audiovisual consiste em dois cantores que rimam em beats de Grime, gênero londrino derivado da música eletrônica, que mescla Reggae, Dusbtep, Garage e outros, tocados por um DJ. Com a sua estreia em novembro de 2018, o programa já conta com 7 temporadas, 59 episódios e mais de 11 milhões de visualizações no YouTube.

Inspirado nas rádios piratas de Londres, o BGS surgiu numa roda de conversa entre amigos, que sentiam falta de conteúdos relacionados à música eletrônica inglesa em geral. Entretanto, assim como em qualquer outro projeto sem fins lucrativos, as dificuldades estão presentes — entre elas a parte financeira e a logística para levar os cantores para o programa.

Segundo Rennan Guerra, produtor e um dos criadores do Brasil Grime Show, o processo para a criação do projeto foi feito de forma bem rápida e, de certa forma, inusitada:

O Diniboy [DJ e co-criador do projeto] comentou sobre o ‘The Grime Show’, original de Londres, e o Willmore Oliveira começou a botar uma pilha. Daí eu e Diego Padilha começamos a acionar alguns contatos, criamos um grupo no WhatsApp e marcamos a gravação do primeiro episódio, com Sd9 e Jxnv$.

Hoje, a equipe do Brasil Grime Show é composta por Rennan Guerra, Diniboy, Lucas Sá, Diego Padilha, Yvie de Oliveira e Wander Scheeffër.

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Brasil Grime Show recebe artistas de diferentes vertentes e aposta em diversidade

Equipe Brasil Grime Show
Reprodução/Instagram

Os beats de Grime são normalmente feitos em 140 batidas por minuto (BPM), enquanto as de Rap ficam entre 60 e 100 BPM.

Apesar disso, artistas de diferentes vertentes e que não possuem grande ligação com o Rap também podem participar. Mc Carol, Mc Gorila e Mc Naninha, por exemplo, são funkeiros que estiveram no programa e foram aclamados pelo público. 

Além disso, a representatividade também é presente no projeto. Em 2022, a dupla Irmãs de Pau e a cantora Afronta MC, todas transexuais pretas, se apresentaram no programa. Um pouco antes disso, em 2021, Monna Brutal, também travesti negra, participou de um episódio do Brasil Grime Show.

BGS vem ganhando popularidade e recebendo grandes nomes

O BGS ganhou espaço no cenário do Hip-Hop brasileiro nos últimos anos.

Em 2021, Derxan, Big Bllakk e Diniboy realizaram uma apresentação exclusiva no Prêmio Nacional Rap Tv, que foi postada no canal do YouTube “Rap Tv”. O vídeo de 6 minutos mostra Derxan e Big Bllakk com músicas já conhecidas pelo público e prévias exclusivas, enquanto Diniboy comandava os beats.

N.I.N.A, que à época já havia estado no projeto, também participou das apresentações exclusivas e, inclusive, a sua exibição foi gravada no estúdio do Brasil Grime Show.

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Grandes nomes do Rap brasileiro já passaram pelo programa, incluindo CHS, Sain, Akira Presidente, Chris Mc e SOS.

Porém, Derxan e Big Bllakk, rappers do underground, são os protagonistas do episódio mais assistido, com cerca de 2 milhões de visualizações no YouTube, e são exemplos da importância do Brasil Grime Show como vitrine.

Hoje, Big Bllak faz parte da gravadora Rock Danger e Derxan é contratado da Pineapple Storm, uma das maiores do país.

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“O máximo é se manter no zero a zero”

Rennan conta que a equipe toda enxerga a influência do programa na carreira dos artistas como a parte mais importante do trabalho.

O produtor também afirma que, já que o projeto não se banca, eles se sentem pagos quando um artista que passou por ali chega em lugares de destaque:

Hoje em dia o canal ainda é classificado como um canal de conteúdo, que é o padrão de monetização do YouTube. Pra gente, o ideal seria estar enquadrado numa categoria mais voltada pra música. O máximo que o BGS consegue se manter é no zero a zero ali, então meio que nunca deu um lucro pra ninguém da equipe. Então, eu acho importante ter essa troca, onde a gente cria um canal que serve de vitrine para outras pessoas e que de fato essa vitrine funcione.

Yvie de Oliveira, produtora e curadora do Brasil Grime Show, afirma que, por mais que o projeto esteja crescendo, ainda é difícil se manter de forma independente e que o programa não consegue se sustentar apenas com a receita que gera:

O formato que trabalhamos não é o de monetização de fonogramas, porque o quadro com os Mcs não é um fonograma. É como um podcast. É muito custoso fazer o nosso trabalho de forma 0800 como tem sido feito, então precisamos estar em outros empregos, sejam eles fixos ou freelas, para manter o programa

Yvie conta ainda que já realizou um processo seletivo para os cantores que tinham interesse em mostrar a sua arte no BGS.  Os resultados foram ótimos e cerca de 800 pessoas se inscreveram, mas o volume de interessados foi muito maior do que uma equipe de cinco pessoas suporta:

Depois do último processo seletivo que teve mais de 800 inscrições, estamos dando um tempo para organizar a melhor forma. O artista, ao se inscrever, nos envia seus materiais já disponíveis nas plataformas de trabalho. A partir daí nos conectamos a ele para formatar a dupla ou trio e a diária de gravação.

Rennan Guerra finaliza dizendo que, atualmente, a melhor forma de participar do BGS é mandando um e-mail se apresentando para a equipe, enviando links úteis com informações relevantes, além de ser importante que os músicos mantenham uma constância nas redes sociais:

A gente tem conhecido muitos artistas bons no Instagram. Vale a pena manter um Linktree atualizado ali na bio, ter alguma track disponível e outras coisas. Só pra gente saber que pelo menos a pessoa é interessada mesmo. A pior opção sempre vai ser mandar um inbox falando ‘me chama, por favor’ ou mandar uma guia mal gravada.

Fica a dica! Você pode acessar o canal do Brasil Grime Show clicando aqui.

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