
Veja o resumo da notícia!
- Rodrigo Garcia lança 'Singular', álbum solo que une rock clássico, progressivo e influências eruditas, celebrando 30 anos de carreira musical.
- O álbum foi composto, gravado e tocado integralmente por Rodrigo em seu estúdio, refletindo o isolamento da pandemia e a urgência criativa.
- A obra explora temas como solidão, morte e angústia, com faixas que transitam entre peso, delicadeza e experimentação sonora diversificada.
- A influência britânica é evidente nas melodias e arranjos, resultado da forte ligação do artista com a música dos Beatles e estética inglesa.
O que acontece quando um maestro decide fazer um disco de rock completamente sozinho? Ou quando um roqueiro, formado em violoncelo, composição e regência, resolve não escolher um lado? Em Singular, seu primeiro álbum solo, Rodrigo Garcia responde às duas perguntas ao mesmo tempo — e transforma essa tensão em identidade estética.
Celebrando 30 anos de carreira, o músico mineiro lança um disco que mergulha no rock clássico de alma britânica, dialoga com o progressivo, o grunge e o kraut-rock, mas carrega na base a escuta atenta e o rigor de quem veio da música erudita. Disponível nas plataformas digitais, Singular foi composto, gravado, cantado e tocado integralmente por Rodrigo, em seu estúdio em Belo Horizonte.
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Quando o maestro entra — e quando ele espera a vez
Maestro e guitarrista. Apesar da formação acadêmica, Rodrigo faz questão de separar os momentos em que cada “personagem” atua. O compositor cria com liberdade; o maestro aparece depois, como um filtro técnico e expressivo.
“Acho que o maestro aparece principalmente na hora da execução. Ele funciona quase como um produtor musical, aquele cara que valida se afinou, se foi no tempo, se teve expressão”, explica.
Essa convivência entre impulso e rigor é um dos motores de Singular. O disco transita com naturalidade entre guitarras, pianos delicados, solos de violoncelo, texturas orquestrais e sintetizadores, sem que nenhum elemento soe deslocado.
A caminhada
Formado em violoncelo, composição e regência pela UFMG, Rodrigo Garcia construiu uma carreira marcada pela versatilidade e pelo trânsito natural entre a música erudita e o rock. É integrante das bandas Cartoon, Orquestra Mineira de Rock e da Orquestra Ouro Preto, com as quais realizou turnês pelos Estados Unidos, Europa, Canadá e Brasil.
Rege a Fractal Orchestra com quem apresentou em 2024 o espetáculo Pulse Sinfônico, ao lado da banda Pink Floyd Reunion, e a Orquestra de Câmara Sesc, em Belo Horizonte. Também integra o quinteto Rockin’ Strings, projeto que explora o rock a partir de uma formação de cordas com abordagem e estética de banda elétrica. Sua participação no concerto “The Beatles”, com a Orquestra Ouro Preto — que o levou a se apresentar em Liverpool — reforça sua forte conexão com a estética britânica, influência recorrente em sua obra e evidente também em Singular.
Em 2024, Rodrigo foi maestro da orquestra que acompanhou o Angra no show acústico realizado em Belo Horizonte, conduzindo versões orquestrais dos clássicos da banda, com participações especiais de Kiko Loureiro e Vanessa Moreno.
Um disco feito no isolamento — e contra a espera
A decisão de tocar todos os instrumentos, inclusive a nada íntima bateria, não nasceu do perfeccionismo, mas da urgência. O álbum começou a tomar forma durante a pandemia, quando o músico se viu afastado das formações coletivas que sempre fizeram parte de sua trajetória.
“Parece egocentrismo ter feito o álbum assim, mas na verdade foi quase uma estratégia de sobrevivência”, conta. “Chegou um momento em que pensei: chega de esperar, faço eu mesmo.”
O isolamento atravessa o disco não apenas na forma, mas também no conteúdo. As letras abordam solidão, morte, autodestruição, angústia e romance.
“Gosto de pensar que a música salva de verdade. Às vezes não precisa nem de uma letra de autoajuda, mas daquela sensação de que tem mais alguém que já se sentiu assim.”
Peso, delicadeza e experimentação
Faixas como “About You” e “Lonely Song” exploram estruturas mais longas e experimentais, flertando com o progressivo e o kraut-rock. “Lonely Song”, em especial, se destaca pelos vocais intensos e pelo uso expressivo do cello.
Já “Is This?” segue um caminho mais moderno, com guitarras carregadas de emoção e referências ao grunge dos anos 90, enquanto “Cloudy Day” traz riff marcante a la Beatles e ganhou um clipe de estética surrealista.
Nos momentos de respiro, aparecem a balada country-rock “A Billion Times Before” e “Instante em Luz”, primeira música de Rodrigo em português, que dialoga com nomes como Guilherme Arantes e Mutantes. “Adeus” e “Nature” encerram o disco com densidade emocional e reflexão sobre amadurecimento.
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A herança britânica
A influência britânica atravessa Singular, especialmente na atenção às melodias e nos arranjos refinados — algo reforçado pela relação de Rodrigo com o repertório dos Beatles, que já o levou a se apresentar em Liverpool com a Orquestra Ouro Preto.
“Amo esses sons porque me levaram a ser músico, mas também gosto de coisas mais sujas, mais pesadas e inusitadas.”
Com mixagem e masterização de Bruno Corrêa e direção visual de Bruno Maluf, Singular aposta em um acabamento cuidadoso que reforça seu caráter artesanal. Tudo é construído a partir da escuta, da intenção e da escolha.
No fim, Singular não tenta responder se Rodrigo Garcia é um maestro que toca rock ou um roqueiro com formação erudita. O álbum prefere assumir a dúvida e fazer dela um território criativo.
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