CAPA MELHORES DISCOS RAP 2025

Quais são os melhores álbuns de rap nacional em 2025? Todo fim de ano carrega seus rituais previsíveis, como as retrospectivas apressadas, os rankings que tentam se impor como verdade absoluta e debates que, muitas vezes, ignoram o que realmente importa — a experiência de ouvir música.

Ainda assim, há algo que sempre vale a pena: parar, respirar e olhar para trás com atenção. Em 2025, esse exercício se mostrou ainda mais necessário. O rap nacional viveu um ano especialmente fértil, marcado por uma quantidade impressionante de lançamentos, pela consolidação de novas identidades artísticas e por artistas que entenderam o disco não apenas como produto, mas como linguagem, discurso e posicionamento.

Este texto não nasce com a pretensão de decretar quais são, tecnicamente, os “melhores” álbuns do ano. A proposta aqui é outra. Trata-se de um recorte pessoal, guiado pelo impacto que cada projeto causou ao longo do ano: discos que permaneceram em rotação, que provocaram reflexões, que desafiaram fórmulas prontas ou que, simplesmente, soaram verdadeiros dentro de suas propostas. É uma lista assumidamente subjetiva, atravessada pelo meu gosto, pela minha escuta e pela forma como cada obra se colocou diante de um rap cada vez mais plural, tensionado e vivo.

Se há um fio condutor entre os 30 álbuns listados abaixo, ele passa pela busca por identidade. Em um cenário onde o rap dialoga com o trap, com a música experimental, com sons regionais e com o pop sem perder suas raízes, muitos artistas encontraram maneiras singulares de afirmar quem são. Portanto, esse ranking funciona como um registro de um ano em que o rap brasileiro voltou a se permitir arriscar, aprofundar discursos e ampliar seus próprios limites.

30º BRANDÃO – ISSO É TRAP

29º SLIM RIMOGRAFIA – VÁRZEA

28º ALEE – CAOS DLX

27º LUIZ BARATA – PRAGAS URBANAS

26º BIXARTE – FEITIÇO

25º BABIDI – DEPOIS QUE A ÁGUA BAIXOU

24º SERPENTE SAPIENTE – MANIFESTO SEPÉ

23º RAVI LOBO – SHAKESPEARE DO GUETO II

22º KYAN & MU540 – DOIS QUEBRADA INTELIGENTE

21º ORUAM – LIBERDADE

20º – XAMÃ – FRAGMENTADO

19º THALIN – ETERNA PROMESSA MIXTAPE

18º OGERMANO & MATCHOLA – CAÇA E RECOMPENSA

17º NANDATSUNAMI – É DISSO QUE EU ME ALIMENTO

16º KLISMAN – CHTC?

15º FROID & MAKALISTER – O GÊNIO E O LOUCO “ENTRE O CÉU E A TERRA“

A parceria entre Froid e Makalister é daquelas que exigem escuta atenta. Entre o improviso calculado e a insanidade criativa, os dois constroem um disco altamente lírico, recheado de rimas em múltiplas camadas, jogos de sentido e versos que pedem interpretação. Não é um álbum feito para agradar de imediato, mas para provocar. Justamente por isso, se destaca em um cenário que muitas vezes subestima a complexidade da escrita no rap. Aqui, cada faixa soa imprevisível, reafirmando dois artistas que seguem se recusando a repetir fórmulas.

14º NEGRA LI – O SILÊNCIO QUE GRITA

Com três décadas de carreira, Negra Li lança um de seus álbuns mais corajosos. O Silêncio Que Grita é um manifesto musical onde rap, gospel, samba e blues se encontram sob uma mesma urgência: a de falar sobre racismo, gênero, amor e resistência com lirismo e firmeza. A artista não apenas canta, mas denuncia e acolhe. As colaborações são pontuais, as produções refinadas e a voz, como sempre, protagonista. Um disco que não grita por atenção: ele a exige.

13º NILL & OGI – MANUAL PRA NÃO DESAPARECER

Nill e Ogi constroem um disco que funciona como um antídoto ao colapso contemporâneo. Entre humor, crítica social e experimentação, Manual Para Não Desaparecer observa o caos urbano, a alienação digital e as contradições da vida moderna sem perder leveza. A complementaridade entre os dois é o grande trunfo do álbum: enquanto Ogi ancora o projeto em rimas descritivas e narrativas urbanas, Nill amplia o campo sonoro e conceitual. O resultado é um trabalho inventivo, provocativo e surpreendentemente acessível.

12º DJONGA – QUANTO MAIS EU COMO, MAIS EU SINTO FOME

Djonga volta a soar inquieto e criativamente faminto em um disco que marca um momento de transição em sua trajetória. Ao expandir sua sonoridade com elementos de jazz, MPB e drill, o rapper aprofunda reflexões sobre ego, fé, ambição e pertencimento, mantendo a entrega visceral que sempre o caracterizou. Mesmo com participações irregulares, o álbum se sustenta pela densidade lírica e pela sensação de urgência que atravessa o repertório, reafirmando a relevância de Djonga após trabalhos mais contestados.

11º MAUI – MELODIA&BARULHO

Em sua estreia, Maui transita por pagode, drum and bass, R&B, grime, reggae e afrobeats sem perder identidade, fazendo da fragmentação um retrato fiel de suas inquietações. O álbum se equilibra entre excessos, romances, crítica social e vulnerabilidade emocional, alternando momentos de euforia e introspecção. Mesmo quando perde fôlego, encontra respiros certeiros, reafirmando um artista que prefere o risco à previsibilidade.

10º JOTAPÊ – ATÉ A ÚLTIMA RIMA

Forjado nas batalhas e impulsionado pela força do verso, Jotapê estreia em álbum com um projeto que soa cinematográfico e seguro de si. Produzido por Papatinho, Até a Última Rima constrói narrativas densas, cheias de referências culturais e personagens, transformando vivência em roteiro. As participações reforçam o peso do disco, mas é a escrita afiada e a identidade bem definida que sustentam o trabalho. Um álbum que confirma Jotapê como voz relevante da nova geração.

9º SÍNTESE – FLOR DE MAIO

Flor de Maio nasce do luto, mas floresce como recomeço. Em seu trabalho mais sensível, o Síntese se reinventa ao transformar dor em melodia, silêncio em força e memória em continuidade. O álbum homenageia Leonardo Irian sem se prender à melancolia, apostando em arranjos mais leves e em uma espiritualidade que atravessa cada faixa. Ainda há crítica social e rap com muita essência, mas agora costurados com cuidado, afeto e a consciência de que a arte também pode ser abrigo.

8º TASHA & TRACIE – SERENA & VENUS

Com Serena & Venus, Tasha & Tracie entregam um álbum ambicioso, narrativo e profundamente autobiográfico. A partir da história de uma mulher atravessada pelo sistema carcerário, o disco expõe dores, afetos e violências silenciadas, especialmente aquelas impostas às mulheres periféricas. Conceitualmente coeso, o projeto reforça a independência artística da dupla e consolida um dos trabalhos mais importantes do rap nacional recente.

7º EBONY – KM2

Em KM2, Ebony transforma memória e trauma em matéria-prima artística. O disco revisita a infância na Baixada Fluminense com franqueza brutal, alternando vulnerabilidade emocional e afirmação pessoal com naturalidade impressionante. Entre versos dolorosos, ironia afiada e provocações diretas à cena, a rapper constrói um álbum denso, humano e consciente de suas próprias imperfeições. Mesmo nos momentos instáveis, a potência criativa de Ebony se impõe.

6º FBC – ASSALTOS E BATIDAS

FBC retorna ao rap com um disco que entende o gênero como ferramenta política e social. Inspirado no boom bap dos anos 90, Assaltos e Batidas atualiza a tradição ao abordar capitalismo, trabalho, repressão e luta de classes com clareza e urgência. Sem reinventar a sonoridade que o inspira, o rapper aposta na força da mensagem, costurando referências históricas, samples emblemáticos e rimas diretas.

5º BK’ – DIAMANTES, LÁGRIMAS E ROSTOS PARA ESQUECER

BK’ entrega seu trabalho mais ambicioso ao transformar memória pessoal e história da música brasileira em narrativa coesa. Repleto de samples, o disco não usa a opulência como ostentação vazia, mas como ferramenta para aprofundar sentimentos, reflexões e vulnerabilidades. Entre passado e presente, fé e contradição, crescimento e cicatrizes, BK’ constrói um álbum maduro, musicalmente sofisticado e emocionalmente honesto.

4º AJULIACOSTA – NOVO TESTAMENTO

Novo Testamento reafirma Ajuliacosta como uma das vozes mais consistentes do rap atual. Entre o boombap clássico e a estética contemporânea do trap, a artista constrói um disco que equilibra crítica social, autoconhecimento e afirmação identitária. Com participações pontuais e uma escrita afiada, o álbum funciona como manifesto pessoal e coletivo, provando que raiz e inovação não apenas coexistem, se fortalecem.

3º STEFANIE – BUMNI

BUNMI é um disco de maturidade, herança e permanência. Em seu primeiro álbum solo, Stefanie honra sua trajetória com um trabalho que une densidade lírica, sensibilidade e sabedoria acumulada ao longo dos anos. As faixas são autobiográficas sem soar panfletárias, profundas sem perder leveza. Um álbum que dialoga com o presente enquanto aponta para o futuro do rap nacional.

2º EMICIDA – EMICIDA RACIONAL VOL 2 – MESMAS CORES E MESMOS VALORES

Em um movimento de retorno às origens, Emicida transforma luto, memória e reconexão em matéria artística. Dialogando conceitualmente com Cores & Valores, dos Racionais MC’s, o rapper constrói um disco sensível, fragmentado e profundamente humano. Com uma produção impecável e costurado artesanalmente, o álbum se destaca pela sua potência lírica, pela expansão estética e pela forma como transforma dor em reflexão coletiva.

1º DON L – CARO VAPOR II – QUAL A FORMA DE PAGAMENTO?

Don L entrega um dos discos mais ousados do ano ao reafirmar a brasilidade como linguagem revolucionária dentro do rap. Caro Vapor II reimagina samba, baião, funk e bossa a partir de uma lógica própria, enquanto as letras transitam entre política, sonho e filosofia com lucidez rara. Mesmo com pequenas oscilações estruturais, o álbum se sustenta como uma obra ambiciosa, consciente e provocadora, reafirmando Don L como um dos cronistas mais atentos do rap brasileiro contemporâneo.

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Felipe Mascari
Rap em Pauta com Felipe Mascari

A coluna que mergulha nas histórias, letras e batidas que estão redefinindo o cenário musical do Rap. Acompanhe de perto os lançamentos e a força das rimas que ecoam pelas ruas.

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