Banda 311, em foto de divulgação
Divulgação

A espera de 14 anos finalmente chegou ao fim! Um dos pilares mais consistentes e originais do rock alternativo norte-americano está de volta ao solo brasileiro, e desta vez para integrar um dos encontros mais potentes da temporada: a LOSERVILLE TOUR. Estamos falando do 311, o quinteto que transformou a mistura de gêneros em uma forma de arte atemporal.

Se o nu metal do Limp Bizkit traz a fúria, o 311 chega para entregar o contraponto perfeito de energia e balanço. Com a formação original intacta desde o final dos anos 80 – um feito raro na indústria -, Nick Hexum (vocal/guitarra), S.A. Martinez (vocal/DJ), Tim Mahoney (guitarra), P-Nut (baixo) e Chad Sexton (bateria) consolidaram um som que é sinônimo de liberdade: uma fusão precisa de rock, reggae, rap e funk que conquistou o mundo com o emblemático álbum autointitulado de 1995.

Aterrissando no Allianz Parque (SP) neste sábado (20) em uma realização da 30e, a banda traz na bagagem não apenas hits radiofônicos como “Down”, “All Mixed Up” e a hipnotizante “Amber”, mas também o fôlego renovado de quem segue inovando, como mostram os trabalhos mais recentes Voyager (2019) e Full Bloom (2024). Considerados mestres do palco, o grupo promete transformar o estádio em uma verdadeira celebração de técnica instrumental e vibrações positivas.

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Conversamos com Nick Hexum sobre o atual momento, a química inabalável entre os membros da banda e como é manter a relevância de um som que desafia rótulos há mais de três décadas. Vem conferir e se preparar para esse fim de semana imperdível!

TMDQA! Entrevista – Nick Hexum (311)

TMDQA!: Nick, antes de mais nada, obrigado por nos receber! É um prazer. Historicamente, existiam relatos de que o 311 “odiava” o Limp Bizkit no passado. Hoje, dividindo o palco e demonstrando admiração mútua, qual foi o ponto de inflexão que permitiu que essa relação evoluísse de uma aparente aversão para a irmandade celebrada nesta turnê?

Nick Hexum: Nós conhecemos o Fred [Durst] há anos, mas nunca tínhamos saído em turnê com eles antes. Eu o via por Los Angeles e ele sempre nos dizia como o nosso primeiro disco foi uma influência para ele. Mas só agora, vendo-os ao vivo todas as noites, percebi que há uma vulnerabilidade real ali, uma emoção e uma atitude únicas.
Até o nome “Loserville” é autodepreciativo; há um senso de humor em tudo o que eles fazem. Nos tornamos grandes fãs. Já éramos, na verdade, mas agora temos a chance de conviver, e o fato de o Fred subir ao palco para agitar um pouco com a gente tem sido incrível.

TMDQA!: Vocês estão tendo a oportunidade em trazer o disco Full Bloom para o Brasil, que é um álbum fantástico. A mensagem sobre positividade e união é muito necessária hoje. Você sente que, após três décadas de carreira e com uma comunidade de fãs tão dedicada, existe uma obrigação de usar sua plataforma para defender essa filosofia em um cenário político e cultural tão polarizado?

Nick Hexum: Sim, eu acredito nisso, sempre acreditamos que você pode influenciar sua própria atitude ao decidir focar no que está funcionando na sua vida e no mundo. É fácil cair no “viés de negatividade”.
Na verdade, esse é um grande problema da humanidade: as pessoas não estão satisfeitas com o que têm, sempre querem mais. É o que nos torna uma espécie bem-sucedida, mas também nos leva à depressão e à inveja do que os outros têm, quando a maioria de nós é muito abençoada. Eu trabalho duro na minha própria mente para focar na gratidão e perceber que faço o que amo – acho que nossos fãs internalizam isso e sentem essa energia, e é por isso que são tão dedicados.

TMDQA!: Com 14 álbuns de estúdio, o 311 precisa fazer escolhas dolorosas para montar um setlist curto para os shows a serem feitos. Qual é o critério de seleção quando o objetivo é apresentar a banda para o público da Loserville? E qual música pessoalmente mais te dói ter que cortar nesta vinda à América Latina?

Nick Hexum: Bom, eu sempre gosto de tocar “All Mixed Up“, mas não a temos tocado nesta turnê… “You Wouldn’t Believe” às vezes entra, às vezes não. Estamos focando um pouco mais nas músicas antigas para essa recepção inicial.
Espero que essa passagem abra caminho para que tenhamos fãs suficientes para voltarmos com nosso próprio show como headliners, tocando um set normal de 90 minutos. Esse seria o nosso próximo sonho na América do Sul. [risos]

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TMDQA!: Houve um hiato de cinco anos antes do lançamento de Full Bloom. Esse tempo foi crucial para refinar o som da banda ou foi o tempo necessário para que a mensagem de união maturasse, garantindo que o álbum fosse um contraponto necessário ao estresse global?

Nick Hexum: É interessante notar que, quando não há problemas reais, as vezes as pessoas se viram umas contra as outras. Estávamos em turnê quando o 11 de setembro aconteceu em 2001 e, após aquilo, houve uma solidariedade absurda; as pessoas se sentiam conectadas – é uma pena que o ser humano só se sinta realmente unido quando se sente ameaçado.
Mas eu sempre tenho fé que, eventualmente, acertaremos o passo. O pêndulo oscila para um lado e depois para o outro, mas, no geral, sinto que estamos nos movendo para um lugar mais justo.

TMDQA!: Nick, queria aproveitar para falar de seus projetos solo, que exploram raízes da música americana – o que contrasta com o ecossistema complexo do 311. O que você aprendeu sobre narrativa focada e minimalismo nesses EPs acústicos que te ajudou a refinar a energia concisa de Full Bloom? O minimalismo recarrega o seu lado maximalista?

Nick Hexum: Nossa, boa pergunta. Com certeza! [risos] É mais um exemplo do pêndulo. O Full Bloom é muito energético, é uma grande banda de rock, então, achei interessante explorar algo simples – apenas um violão acústico, algo mais “antigo”.
O álbum do 311 é muito moderno; minha música solo usa instrumentos que existem há cem anos, como o bandolim e a steel guitar. Senti que era algo que eu precisava fazer. E agora já tenho músicas novas para o 311 e também coisas solo novas que são bem puxadas para o jazz dos anos 40. Me sinto sortudo por poder seguir assim, o que significa ir para onde a inspiração me levar.

TMDQA!: Estamos finalizando agora, e quero deixar a energia desse papo um pouco mais leve e divertida. Para começarmos, qual capa de álbum do 311 você considera a mais visualmente subestimada e por quê?

Nick Hexum: Putz… Sinto que a capa do álbum Transistor tem uma criatividade selvagem. Foi uma época em que sentimos que poderíamos ir em qualquer direção, sem nos preocupar se soaria bem ao vivo ou não. É uma cápsula do tempo de um momento muito criativo de nossas vidas. [risos]

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TMDQA!: Existe algum álbum de outra banda que resuma o espírito e a energia desta turnê com o Limp Bizkit?

Nick Hexum: Para mim, o The Clash foi a banda mais importante da minha juventude. Acho que eles tiveram um período similar ao nosso: o London Calling foi onde eles realmente encontraram o seu groove (similar ao nosso autointitulado). E, depois disso, o Clash fez o Sandinista!, que ia para todas as direções possíveis, assim como o nosso Transistor.

TMDQA!: Se vocês pudessem substituir o icônico cover de “Love Song” (The Cure) no setlist de 2025 por outro cover inesperado, qual faixa escolheriam para surpreender a América Latina?

Nick Hexum: Bem, eu já anunciei, então não é segredo: nós colaboramos com uma banda de Cumbia do Peru chamada Los Mirlos. Então, teremos uma versão Cumbia de “Amber”! Acho que, de certa forma, estamos fazendo um cover da nossa própria música.

TMDQA!: Para encerrar: estou representando o site Tenho Mais Discos Que Amigos!. Temos uma tradição em nossas entrevistas, e eu queria saber de você: Nick, você também considera ter mais discos que amigos? E se pudesse escolher um álbum que descrevesse quem você é hoje, qual seria?

Nick Hexum: Com certeza tenho mais discos que amigos! [risos] Eu tenho um gosto muito variado, mas posso dizer que uma influência recente é minha obsessão renovada pelo jazz antigo. O álbum Chet Baker Sings tem vocais tão lindos e assustadores… no momento, é o disco que eu não consigo viver sem.

TMDQA!: Nick, obrigado por nos receber, a conversa foi incrível. Nos vemos em São Paulo!

Nick Hexum: Brasil, estamos chegando! Foi um prazer, cara. Obrigado!

311 no Brasil

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