
Em dezembro de 2014, Bob Dylan protagonizou um dos episódios mais curiosos e simbólicos de sua carreira.
Conhecido por sempre driblar as expectativas, o cantor e compositor americano aceitou o convite para realizar um show com apenas um espectador na plateia. Nada de multidões, celulares erguidos ou coros: apenas Dylan, sua banda e um único fã sentado em um teatro histórico da Filadélfia.
A ação fazia parte do projeto Experiment Ensam, criado por uma empresa finlandesa de games, que propunha inverter lógicas tradicionais: atividades feitas para muitos sendo experimentadas por apenas um indivíduo. Para o “concerto solo”, o escolhido foi o apresentador de TV sueco Fredrik Wikingsson, assumidamente fã de Dylan e amigo do diretor do projeto. Mesmo assim, ele passou boa parte do processo acreditando que tudo poderia não passar de uma grande pegadinha, como contou ao jornalista Ray Padgett.
A desconfiança só começou a desaparecer quando Wikingsson entrou no teatro vazio, sentou-se na poltrona central e, minutos depois, viu Bob Dylan surgir no palco. Sem discursos ou explicações, o músico iniciou a apresentação. O repertório também fugiu do óbvio: quatro covers dos anos 50, alguns jamais tocados por Dylan em outros contextos.
Antes do início do show, Wikingsson temia que a situação fosse desconfortável para o artista ou que, de alguma forma, estivesse “atrapalhando” o dia de Dylan. Mas a apreensão durou pouco. A entrega da banda e a naturalidade do cantor transformaram aquele momento estranho em algo surpreendentemente íntimo. Em meio ao silêncio do teatro, o espectador tentou reagir como em um show comum, chegou a elogiar a performance em voz alta e arrancou um sorriso discreto de Dylan, que chegou a brincar com o vazio da sala.
Um dos momentos mais marcantes veio com a gaita. Para Wikingsson, ouvir Dylan tocar o instrumento exclusivamente para ele foi revelador. Ali, ele percebeu que talvez tivesse subestimado o poder da música para além das letras – uma constatação simples, mas profunda, provocada por uma experiência impossível de reproduzir.
Após o show, aconteceu um breve “climão”. Tentando garantir um autógrafo, o fã comprou um álbum de Frank Sinatra, já que Bob havia feito um disco inteiro de covers do cantor. O pedido, porém, foi recusado pelo empresário do cantor, que considerou inadequado assinar um disco de outro artista. O objeto acabou sendo arremessado no ar mais tarde, em um gesto meio frustrado, meio catártico.
E você, gostaria de passar por uma experiência assim?
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