Foto: divulgação
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Veja o resumo da notícia!

  • Coala Apresenta: Noites no Memorial terá Chico César e Aguidavi do Jêje celebrando a música afro-brasileira, revisitando canções com pulsação dos tambores.
  • Marcos Valle e Ana Frango Elétrico se unem após regravação de sucesso, apresentando show inédito com ambos no palco durante toda a apresentação.
  • Joaquim, nome da nova geração, abre as duas noites do evento, apresentando seu álbum 'Varanda dos Palpites' e expressando deslumbramento.

Nos dias 11 e 12 de dezembro, o Coala Music realiza a segunda edição do projeto Coala Apresenta: Noites no Memorial. O Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina, casa do Festival Coala, recebe dois encontros inéditos.

Chico César com a orquestra percussiva Aguidavi do Jêje no dia 11, quinta-feira, e Marcos Valle com Ana Frango Elétrico no dia 12, sexta-feira. Ainda há ingressos disponíveis (R$40 – R$260).

A abertura das duas apresentações fica por conta de Joaquim, um dos nomes mais atentos da nova geração da música brasileira. Chico César, Marcos Valle e Joaquim conversaram com o TMDQA! a poucos dias da apresentação. Confira!

Chico César e Aguidavi do Jêje

Quinta-feira, dia 11

No dia 11 de dezembro, quinta-feira, Chico César e Aguidavi do Jêje sobem ao palco do Auditório celebrando a música afro-brasileira. Em 2025, o artista paraibano comemora os 30 anos de lançamento de Aos Vivos (1995), disco que apresentou ao país canções como “Mama África”, “Clandestino” e “À Primeira Vista”, agora revisitadas sob a pulsação dos tambores afro-baianos.

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Além disso, o encontro com a formação criada por Luizinho do Jêje, a partir do Terreiro do Bogum, em Salvador, não nasce como releitura casual, mas como desdobramento de algo que, segundo o próprio Chico, já estava inscrito na origem dessas músicas.

“Para mim, é algo muito especial e, ao mesmo tempo, muito orgânico, porque nesse disco estão a minha voz e o meu violão com muito ritmo sugerido. Há muitas canções em que o ritmo está ali desde ‘Mama África’, ‘Tambores’, ‘Benazir’, ‘Dança’, ou ritmos mais sutis, como ‘Templo’. É como se essas canções estivessem à espera desse encontro, de ter uma versão bem próxima do jeito que elas nasceram, com voz, violão e um pulso. Antes esse pulso estava apenas sugerido e agora, com Aguidavi, eu acho que a gente realiza algo que já estava pressentido, sonhado.”

Mesmo antes dos ensaios finais, Chico aposta que as 15 faixas do disco voz e violão vão se transformar no palco a partir do pulso da percussão. Ele acredita que as canções ganharão novas camadas de ancestralidade com a união, e que espera um público disposto a viver algo inédito: “Acho que algo único vai acontecer nessa noite”.

“Eu espero que as pessoas estejam com o coração aberto para participar, para cantar, para dançar, para se emocionar. A experiência precisa do público, precisa que as pessoas venham de alma aberta para participar. A partir daí, isso se multiplica como uma onda, com as pessoas levando isso para suas casas, para o bairro, para a vida.”

“Mulher Eu Sei”

Dentro do repertório, Chico César destaca “Mulher Eu Sei”. A canção do setlist traz um peso ampliado pelos recentes casos de feminicídios que chocaram o país, como contou o artista ao TMDQA!. Escrita há mais de três décadas, a música volta a doer no presente.

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Chico Cesar fala sobre onda epidêmica de feminicídios no país
Foto: José De Holanda

“Por causa dessa violência crescente e escancarada contra a mulher no Brasil, a canção tem trazido muita reflexão para mim. A gente não passa um dia sem uma notícia absurda. Uma mulher arrastada por quilômetros, outra morta por sufocamento, uma cantora do Pará assassinada. De repente esse sentido tristemente se torna muito explícito. É doloroso viver essa realidade em que o patriarcado, a misoginia e uma masculinidade tóxica estabeleceram a violência como regra.”

Marcos Valle e Ana Frango Elétrico

Sexta-feira, dia 12

A parceria entre Marcos Valle e Ana Frango Elétrico vinha sendo intuída pelo público há algum tempo, desde que a cantora passou a incluir em seus shows uma versão de “Não Tem Nada Não”, música de autoria do artista veterano. Neste ano, o encontro se oficializou com a regravação conjunta da canção, transformando a admiração em colaboração.

Valle conta que já acompanhava o trabalho de Ana antes mesmo da aproximação. A atenção se intensificou quando ele viu a forma como ela misturava sua música com outro clássico da soul music.

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“Estou animadíssimo. Eu já curtia a Ana ouvindo. De cara, você percebe que essa garota não é fácil, ela sabe das coisas… Um dia ela começou a cantar ‘Não Tem Nada Não’ e juntava com ‘Gypsy Woman’. Quando me mandaram isso, eu achei genial. Quando ela percebeu que eu tinha gostado, ela me procurou e falou: ‘Você não quer gravar comigo essa música pra gente lançar no mundo todo?’. Aí fui gravar com ela e adorei. Vi como ela canta pra caramba, como tem noção de arranjo, de produção. Foi um prazer absoluto.

Sintonia presente

A sintonia construída no estúdio logo se transformou também em projeto de palco. Os dois se encontram nesta sexta-feira, dia 12, no palco do Auditório Simón Bolívar no Memorial da América Latina. A proposta, segundo Valle, foge completamente do formato tradicional de apresentações em parceria.

Ela deu a ideia de a gente ficar no palco o tempo todo, ninguém sai. Eu comprei a ideia imediatamente. A gente saiu três dias só para montar esse show e eu estou muito ansioso, acho que vai ser um negócio muito legal no palco.”

Para Marcos Valle, a música nunca foi apenas carreira ou profissão. É o eixo central da sua vida, o espaço de prazer, convivência e estímulo. Ao falar da relação com o palco e o estúdio, ele traduz décadas de entrega ao ofício.

“O estúdio e o palco pra mim são o meu maior divertimento. Quando estou ali com essas pessoas, são meus maiores amigos. Fora os instrumentos também. Eu me divirto muito, é um estímulo muito grande. Antes vem a ansiedade, que é legal você sentir. Depois vem aquela apresentação que você sente que está dando certo, e depois o prazer. Isso é inigualável pra mim. É meu grande esporte hoje em dia. A música, o palco, os discos e essas novas parcerias são a minha alma.”

Com a cabeça no futuro

Com mais de 60 anos de carreira, o autor de clássicos como “Samba de Verão” e “Estrelar”, segue olhando para frente com olhos de criança. Começou no piano com 6 anos, cercado pela música erudita da avó e pela música popular que o pai ouvia em casa.

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Marcos Valle faz apresentação com Ana Frango Elétrico
Foto: Leo Aversa

Dessa mistura entre Beethoven, Caymmi, Luiz Gonzaga e tantos outros, construiu uma escuta ampla, que ao longo dos anos incorporou jazz, rock, black music e bossa nova. Sempre atento ao que está acontecendo, ele acredita que o diálogo com novas gerações tem sido essencial para manter essa vitalidade criativa.

“Eu sempre fui muito cabeça aberta para estar ouvindo o que está rolando. Eu não sou muito de ficar pensando no passado, pelo contrário, eu penso sempre no presente e no futuro. Ter isso acontecendo durante tanto tempo e eu mantendo meu estilo, que alcança gerações diferentes, hoje talvez eu me sinta até mais feliz do que naquela época. Sou muito grato de estar hoje nos palcos, gravando, fazendo parcerias novas. Eu sou o mesmo que era, com o mesmo interesse de música, mas talvez hoje eu seja um pouco mais ainda agradecido de estar na ativa.”

Joaquim abre as duas noites

Aos 23 anos, Joaquim chega ao palco do Memorial carregando Varanda dos Palpites, álbum lançado via Coala Records com produção do próprio artista e de Marcus Preto. O primeiro álbum do artista conquistou um público diverso que vai de adolescentes a mais prateada faixa etária.

Em conversa com o TMDQA!, Joaquim fala sobre o marco simbólico e emocional ao abrir as duas noites. Da mesma forma, o compositor reconhece que tudo aconteceu muito rápido e que isso gera ansiedade, mas não consegue esconder o deslumbramento.

Eu não consigo fingir que não fico deslumbrado, eu fico pulando de alegria com certas coisas.

Joaquim abre shows para Chico César e Marcos Valle
Foto: Pedro Maciel

“É uma honra imensa. Se eu paro pra pensar só nos fatos, gera muita ansiedade. Foi tudo muito rápido. Tem muita coisa pra acontecer ainda, não dá pra sentar. Eu reconheço que já consegui tocar em lugares que eu sonhava, falar com pessoas que eu sonhava. Eu não consigo fingir que não fico deslumbrado, eu fico pulando de alegria com certas coisas.”

A pressão existe, mas Joaquim tenta encará-la de outra forma. Ele gosta de futebol e costuma pensar na pressão que os jogadores enfrentam. Acha que, no caso da música, o público já vai disposto a gostar, ao contrário do futebol, onde 70 mil pessoas podem estar extremamente raivosas. No esporte, quem ganha sai aliviado, não necessariamente feliz. Nesse sentido, ainda completa tratando a pressão não como obstáculo, mas como parte do aprendizado.

“Tem uma tenista que falou que pressão é um privilégio. Eu tento colocar isso na cabeça. A pressão existe, eu não posso apagar ela, nem fingir que não fico ansioso. Mas tocar no mesmo palco, 30 minutos antes de referências imensas pra mim, como Marcos Valle e Chico César, é uma aula. Eu tento focar na partida e desfrutar.”

Álbum com cara de clássico

Por coincidência estética ou não, a capa de Varanda dos Palpites, de maio de 2025, mostra parte do rosto do autor do disco que não é fácil de ser decifrado logo de cara. Na estampa, o mistério está em tentar saber um pouco mais sobre quem é Joaquim, como ele se parece e qual a sua idade.

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Joaquim abre os dois dias de shows
Capa: Pedro Maciel

Assim como “Butterflies”, escrita por uma adolescente de 17 anos sobre um crush em um atendente de McDonald’s e depois eternizada na voz de Michael Jackson no álbum Invincible (2001), também nasceu “Solitude Blues Etude”, uma das minhas favoritas composta por Joaquim quando ainda tinha 17 anos. Falando em idade, na retrospectiva daquele streaming de música, a minha idade musical foi 66 anos. Da mesma forma, Varanda dos Palpites ocupou o terceiro lugar no meu ranking de álbuns mais ouvidos no ano. Trouxe essa informação pro papo com Joaquim e, apesar de parecer surpreso, me parece que esses dois dados não são coincidência.

Referência

Ele explica que a forma de registrar os instrumentos, a chamada ‘cozinha’, sem muitos overdubs, somada às composições, acaba evocando outras épocas. Nascido em 2002, ele cresceu em uma casa onde predominavam playlists, coletâneas digitais e CDs montados a partir do iTunes, reflexo direto de um pai ligado à informática e ao rock nacional, base sonora que marcou sua infância.

Ainda assim, uma das influências mais profundas veio da avó, responsável por apresentá-lo aos cancioneiros brasileiros, ao jazz instrumental e, especialmente, a nomes como Chico Buarque e Aldir Blanc, referências que ele deixou em segundo plano por um período, mas acabou reencontrando mais tarde, de forma quase inconsciente.

E diz que uma das maiores inspirações para seu primeiro disco foi Elis & Tom (1974), com atenção para o papel central nos arranjos de César Camargo Mariano. A única música não-autoral do disco é “Fogueira”, de Angela RoRo, do álbum A Vida é Mesmo Assim, de 1984.

Novo single… Em breve!

Sobre a escolha de lançar um álbum logo de início, sem apostar primeiro em singles, como normalmente hoje é feita a estratégia de novos artistas, Joaquim conta que acha difícil pensar em uma só música.

A ideia de fazer um álbum se fortaleceu quando Marcos Valle o chamou para esse projeto. Ele lançou “Emboscada” com tudo já pronto e em menos de um mês o álbum chegou completo. Mas agora está aprendendo a gostar e talvez… quem sabe… alguma novidade chegue por aí.

Eu tive uma banda e a gente lançou dois singles com ela em 2019. E depois lançamos direto um álbum. Eu acho que foi o costume e uma construção natural de querer fazer álbum. O lançamento da música “Emboscada” me abriu uma consciência que eu não tinha sobre single mesmo. Mas agora eu já tô entendendo single mais. Tô aprendendo a amar. Vai ter provavelmente daqui a pouco, inclusive, quem sabe. A gente sempre tá disposto.

Serviço

Data: 11 e 12 de dezembro

Local: Auditório Simón Bolívar – Memorial da América Latina

Endereço: Av. Mário de Andrade, 664 – Barra Funda, São Paulo – SP

Abertura da casa: 18h 

Show de Abertura 19h45 

Show Principal: 20h45

Site de venda de ingressos: Feverup.com

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Liz Sacramento

Liz Sacramento é jornalista há 10 anos e cantora. Já passou por grandes telejornais da TV aberta, e atualmente atua como correspondente internacional. Ao longo da carreira, percorreu diversos estados do país cobrindo grandes eventos, política, cultura e meio ambiente. Com paixão pela música, pesquisa trajetórias sonoras marcadas por autenticidade, identidade e transformação social. Sempre sonhou em unir jornalismo e música, e para isso tem se dedicado a escrever sobre narrativas que celebram a música preta, brasileira e global.

Liz Sacramento é jornalista há 10 anos e cantora. Já passou por grandes telejornais da TV aberta, e atualmente atua como correspondente internacional. Ao longo da carreira, percorreu diversos estados do país cobrindo grandes eventos, política, cultura e meio ambiente. Com paixão pela música, pesquisa trajetórias sonoras marcadas por autenticidade, identidade e transformação social. Sempre sonhou em unir jornalismo e música, e para isso tem se dedicado a escrever sobre narrativas que celebram a música preta, brasileira e global.