Slipknot em 2024 com Eloy Casagrande
Foto por Jonathan Weiner

Veja o resumo da notícia!

  • A aquisição do catálogo do Slipknot pela HarbourView Equity levanta questões sobre a avaliação de catálogos musicais na indústria atual, impulsionada por dados e streaming.
  • Dados de streaming do Slipknot mostram um crescimento significativo, com 2,2 bilhões de streams em 2024, e uma distribuição equilibrada entre suas músicas.
  • A força da marca Slipknot reside em sua base de fãs dedicados, os 'Maggots', e na conexão emocional profunda que a banda mantém com seu público.
  • Fãs de heavy metal demonstram alta lealdade e engajamento, dedicando mais tempo à música e valorizando a discografia completa das bandas.
  • O valor de um catálogo musical reside na lealdade dos fãs, na identidade da marca e na capacidade de manter uma conexão duradoura.

Recentemente, a HarbourView Equity se interessou na compra do catálogo do Slipknot, o que trouxe à tona uma pergunta recorrente: como um catálogo musical pode valer US$120 milhões, mesmo que a banda não seja um nome familiar para todos?

Essa é a pergunta que muitos se fazem quando veem esse tipo de transação. Avaliar catálogos de música no mercado atual é uma arte, uma ciência, e é aí que os dados entram em jogo para desvendar o verdadeiro valor.

Slipknot: um estudo de caso no mercado de catálogos

O valor de US$120 milhões para o Slipknot pode parecer alto, mas é um reflexo de como a indústria está evoluindo. Relatórios como o “Music Rights & Catalog Acquisitions” da Luminate mostram que dados de consumo de música são cruciais para determinar o valor de uma obra. Não estamos falando de um chute, mas de uma análise profunda que considera performance de streaming, hábitos dos fãs e tendências de gênero.

Hoje, o streaming é a principal fonte de renda para a maioria dos detentores de direitos. Por isso, os dados de streaming são vitais. No caso do Slipknot, eles atingiram 2,2 bilhões de streams de áudio on-demand (ODA) globais em 2024, um aumento de 15% em relação a 2023 (1,9 bilhão) e o dobro de 2020 (1,1 bilhão). Isso não só indica um crescimento robusto a longo prazo, mas também que sua receita de streaming cresceu mais rápido que a média da indústria, que viu um aumento de apenas 7% de 2023 para 2024.

Além disso, a distribuição dos streams do Slipknot por toda a discografia, e não apenas por alguns hits, é um grande atrativo. Apenas “Duality”, a faixa mais ouvida, representou pouco mais de 10% dos streams de 2024. Compare isso com uma banda como System of a Down, que teve streams globais semelhantes em 2024 (2,7 bilhões), mas as cinco principais faixas somavam cerca de 55% do total.

Uma distribuição mais homogênea significa uma base de fãs engajada com todo o trabalho, não só com os sucessos.

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Fonte: Luminate Music Consumption Data

Marca, imagem e a força da comunidade

Muitas vendas de catálogos incluem direitos de nome, imagem e semelhança (NIL). Se os direitos NIL do Slipknot estiverem na mesa, a pergunta é: como explorar uma marca tão provocadora e assumidamente não-mainstream? O Slipknot, com sua sonoridade agressiva e máscaras icônicas, não é tão “acessível” quanto Queen ou Pink Floyd, que fecharam acordos milionários. 

No entanto, o que investidores como a HarbourView sabem é que o último passo seria “diluir” a marca Slipknot pois o valor está justamente na base de fãs, carinhosamente chamados de “Maggots”, que é uma das mais dedicadas.

Segundo a American Songwriter, em 2024, o Slipknot esteve entre as 6 bandas de Rock/Metal com as maiores bases de fãs dedicados. Nesta lista também estão The Beatles e Pearl Jam, bandas um pouco mais conhecidas, o que deixa a marca do Slipknot e sua relevância no mercado ainda mais interessante. Isso confirma que o visual e a sonoridade fora do mainstream não importam quando há uma conexão emocional profunda entre banda e fãs – e é exatamente isso que eles fazem: sempre se conectam ao máximo com seu público. 

Um exemplo vem das redes sociais, com a decisão de fazer o anúncio do novo baterista Eloy Casagrande, algo que não era comum no comportamento da banda. No entanto, através da conexão com o público brasileiro e a força do engajamento nas redes, a banda oficializou a entrada do baterista e a postagem rendeu um engajamento muito acima do normal, gerando mais visibilidade.  

Isso também é percebido através de comunidades no Reddit, feitas pelos próprios fãs, trazendo perguntas que geram proximidade e senso de pertencimento. 

Superfãs e a dedicação do gênero Heavy Metal 

Essa lealdade a longo prazo é uma força poderosa, especialmente em um cenário onde a indústria da música busca cada vez mais os “Superfãs”. O estudo “U.S. Artist + Genre Tracker” da Luminate mostra que fãs de heavy metal dedicam, em média, 60 horas mensais à música, comparado a 44 horas da população geral dos EUA. Além disso, 86% dos fãs de metal ouvem música dos anos 90, 18% a mais que a média.

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Fonte: Luminate Music Consumption Data

Essas tendências explicam a popularidade duradoura do Slipknot e dão aos investidores confiança em retornos a longo prazo. É um lembrete de que, no marketing musical, entender e valorizar as comunidades de fãs é tão crucial quanto analisar os números de streaming. Para se aprofundar nesse mercado em ascensão, o relatório “Music Rights & Catalog Acquisitions” é um ótimo ponto de partida.

Globalmente, a indústria está investindo cada vez mais em plataformas Direct-To-Fan, pois sabem da importância do Superfã na construção de uma comunidade leal e sólida, além de ser um ponto certo de renda para o artista não depender exclusivamente de streamings, aumentando o faturamento e, consequentemente, o valor do catálogo. No Brasil, a Shake Music, que faz distribuição de música para artistas e labels, desenvolveu o Fan First, primeira plataforma Direct-To-Fan no país. 

O futuro da música está nos dados e na conexão real

O caso Slipknot nos mostra uma verdade inegável: o valor de um catálogo musical hoje vai muito além da fama mainstream. Ele é construído sobre dados de streaming consistentes, que revelam crescimento e engajamento em toda a discografia. Mas, acima de tudo, é impulsionado pela força inabalável de comunidades de fãs dedicados.

Investidores como a HarbourView Equity não estão apenas comprando músicas; estão apostando na lealdade de “Superfãs”, na identidade única de uma marca e na capacidade de um artista de manter uma conexão profunda e duradoura com seu público. 

Entender como dados, engajamento e comunidade se entrelaçam para impulsionar o valor de um catálogo é essencial para quem atua no Music Business. É a chave para um faturamento mais robusto e para a construção de um legado artístico que não depende apenas dos charts, mas da paixão verdadeira de seus seguidores. O futuro é sobre dados, sim, mas também sobre a autenticidade e o poder da comunidade.

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