
Veja o resumo da notícia!
- Chet Faker promove nova fase no Rock The Mountain, apresentando single do álbum 'A Love for Strangers' e celebrando dez anos de 'Built on Glass'.
- Artista australiano expressa paixão pela música brasileira, revela inspirações e comenta sobre a redescoberta do prazer em se apresentar ao vivo.
- Chet Faker reflete sobre desafios na carreira, a pressão para se repetir e o processo de reencontrar sua identidade musical após período turbulento.
- Músico detalha o novo álbum, influenciado por experiências pessoais intensas, e antecipa a conexão emocional e a energia das performances ao vivo.
- Chet Faker compartilha relação afetuosa com o Brasil, superando experiências negativas e celebrando a cultura, cores e musicalidade do país.
Prestes a abrir um novo capítulo na carreira, Chet Faker (nome artístico de Nick Murphy) escolheu o Brasil, mais precisamente o festival Rock The Moutain, como uma das paradas de sua atual turnê.
Além dos hits de sua carreira, o artista veio apresentar “This Time for Real”, primeiro single de A Love for Strangers, seu próximo álbum, que chega no dia 13 de fevereiro de 2026. Chet, que vive um momento de redescoberta, também celebrou os dez anos de Built on Glass ao mesmo tempo em que revisita suas motivações e reencontra prazer em tocar ao vivo.
Em conversa recente com o TMDQA!, o músico falou sobre sua passagem pelo festival carioca. “A apresentação foi ótima. Tocamos no pôr do sol, então começamos com luz e depois ficou escuro, e as pessoas começaram a se animar”, contou Faker. Antes de subir ao palco, ele ainda circulou pelo evento para ouvir artistas brasileiros – e saiu encantado: “Ontem eu ouvi Lia de Itamaracá pela primeira vez. Muito, muito legal. Também vi Samba do Sacramento. Amo música brasileira”.
Essa paixão não é novidade. Murphy mantém uma playlist de clássicos nacionais dos anos 70 e reconhece que talvez exista uma ponte sonora inesperada entre o português brasileiro e seu estilo vocal.
Eu meio que mumuro quando canto, e acho que de certa forma isso soa um pouco como o português do Brasil… talvez por isso gostem tanto da minha música (risos).
Chet Faker reencontra a própria carreira
Na conversa, Chet Faker revelou que essa nova fase chega após anos turbulentos pessoal e profissionalmente. Ele revisita o início do projeto para entender o peso que carregava: “Quando o Chet Faker explodiu, eu senti que as pessoas queriam que eu fizesse exatamente a mesma coisa de novo, e isso me limitava muito”. O incômodo foi tão grande que ele deixou o nome de lado por seis anos.
Continua após o player
Os últimos anos, no entanto, trouxeram perspectiva:
Acho que eu estava pensando demais. Agora estou só grato. Se uma pessoa quiser me ouvir tocar, já é incrível. […] Tem gente na indústria que só quer espremer tudo de você. Por um tempo, isso fez eu não gostar de música. Mas era a coisa mais importante da minha vida, então não queria abandonar. Hoje, eu sei o que amo na música e com quem quero trabalhar.
Sobre A Love for Strangers, o australiano diz que o álbum nasce de experiências intensas vividas nos últimos anos. “Essas músicas não são algo que eu poderia simplesmente inventar. Elas vieram de coisas que aconteceram na minha vida”, explica. Apesar de admitir que é um disco melancólico, ele garante que a mensagem é de esperança:
Não acho que seja apenas triste. Há muita emoção e muito coração ali — talvez algo que eu não faça desde Built on Glass.
Um ponto que o deixa particularmente animado é a relação entre composição e performance: “Estou empolgado porque sei exatamente como tocar esse álbum ao vivo”, disse. A afirmação representa uma virada significativa, já que por muito tempo ele evitava pensar em shows enquanto produzia. “Eu não queria escrever músicas imaginando como seria tocá-las no palco. Mas isso me deixava estressado depois. Agora eu sei: eu amo tocar ao vivo e quero continuar amando”.
Brasil e devoção ao groove
A relação com o país, apesar de um começo conturbado, é hoje extremamente afetuosa. Murphy contou, rindo, que sua primeira visita ao Rio não foi exatamente um conto de fadas:
Na primeira vez que vim, fui assaltado nos dez primeiros minutos.
Pensei: ‘que porra é essa’!’ (risos)
Mas o episódio ficou no passado. Hoje, ele descreve o Brasil como um lugar onde se sente vivo: “Aqui todo mundo usa cores. Eu adoro isso. As pessoas são incríveis, e a música é de outro nível”.
Durante o Rock the Mountain, ele se viu dançando ao som dos artistas locais.
Eu não costumo dançar em festivais, mas a música brasileira é toda sobre o groove. Eu simplesmente fui.
Ao ser questionado sobre qual disco tem sido seu “melhor amigo”, ele cita um clássico absoluto: “Provavelmente o álbum que mais ouvi este ano foi A Love Supreme, do [John] Coltrane”. O título do disco, inclusive, ecoa ali: “É até de onde veio o nome A Love for Strangers”.
Mas ele também revelou uma paixão improvável: “Comprei o disco novo da Addison Rae em vinil. É muito bom. Meio experimental até. Sou um fã enorme e inesperado”, disse, rindo.
Com A Love for Strangers, Chet Faker promete um retorno emocional, sincero e mais conectado ao palco do que nunca.