Slayer tocando no Brasil
Foto por Stephanie Hahne

Veja o resumo da notícia!

  • O Slayer, conhecido por sua fidelidade ao Thrash Metal, surpreende ao experimentar sonoridades do Nu Metal em 1998.
  • O álbum 'Diabolus in Musica' surge em meio ao sucesso de Korn e Deftones, com guitarras graves e batidas lentas.
  • A banda demonstra arrependimento com a sonoridade do álbum, apontado como uma tentativa de se encaixar no cenário.
  • Apesar das críticas, o álbum obteve sucesso comercial, embora tenha causado estranhamento entre os fãs.
  • Reavaliações do álbum mostram que, embora haja influência do Nu Metal, a agressividade típica do Slayer permanece.

O Slayer sempre foi visto como uma das bandas mais fieis ao Thrash Metal, além de uma das mais icônicas.

Enquanto o Metallica experimentava com o Hard Rock, o Anthrax flertava com o Rap e o Megadeth buscava melodias mais acessíveis, o quarteto de Tom Araya, Jeff Hanneman, Kerry King e Dave Lombardo parecia firme em sua devoção ao peso, à velocidade e ao caos. Mas em 1998, em meio à explosão do Nu Metal, até a banda mais “pura” do Big 4 encarou uma guinada inesperada, e até hoje lembrada com estranhamento pelos próprios integrantes.

Esse momento atende pelo nome Diabolus in Musica, o oitavo álbum do Slayer. Lançado em um cenário dominado por Korn, Deftones e Limp Bizkit, o disco trouxe guitarras mais graves, grooves lentos, batidas quadradas e até padrões vocais marcados por cadências quase “rappadas”. Não demorou muito para fãs e críticos apontarem: “o Slayer virou Nu Metal?”. A resposta da banda, no entanto, sempre foi mais complexa e repleta de arrependimentos.

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Slayer e o flerte com o Nu Metal

Jeff Hanneman assumiu grande parte da composição do álbum, dizendo que, sem algo no cenário da época que o inspirasse, decidiu “criar seu próprio caminho”. Já Kerry King, na época profundamente frustrado com o rumo do Metal mainstream, nunca escondeu sua insatisfação: anos depois, se referiria ao disco como “meu menos favorito da história da banda” e admitiria que o Slayer, por um instante, tentou encontrar uma forma de se encaixar nos sons contemporâneos.

A ironia? O resultado não agradou nem o grupo, nem a cena que dominava o metal nos anos 90.

Apesar disso, a banda inicialmente acreditava ter encontrado uma abordagem nova: mais groove, mais atmosfera, mais experimentação. Tom Araya chegou a compará-lo ao espírito mais sombrio e livre dos primeiros Show No Mercy (1983) e Hell Awaits (1985). Comercialmente, o álbum até foi bem – estreou no Top 40 dos EUA e do Reino Unido – mas o estranhamento veio rápido. Muitas resenhas notaram a repetição de tons e ritmos, e a resistência dos fãs cresceu ao longo dos anos seguintes.

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Diabolus in Musica hoje

Mesmo assim, revisitar Diabolus in Musica hoje revela que o rótulo de Nu Metal talvez tenha sido exagerado. Faixas como “Stain of Mind” e “Love to Hate” realmente trazem um balanço mais moderno, mas riffs cortantes, solos caóticos e a agressividade típica do Slayer continuam intactos.

No fim das contas, o disco virou o grande ponto fora da curva na discografia do Slayer, um experimento que a banda rapidamente renunciou, mas que permanece como registro de um momento em que até os titãs do Thrash Metal tentaram dialogar, mesmo que à força, com a tempestade sonora dos anos 90.