Eu já presenciei experiências únicas na vida, mas nada se equipara ao final de semana com o Oasis em terras argentinas.
Estamos em 2025. Quinze anos separaram Liam e Noel, e o mundo perdeu muito com isso. Existe muita discussão sobre a turnê, e a ideia aqui não é comprar brigas – entretanto, não há como negar: poucas bandas conseguiriam entregar o espetáculo que estes dois irmãos fizeram ao longo deste ano.
Mal havia desembarcado em Buenos Aires e já me esbarrava com pessoas nas ruas, exibindo merch oficial, peças antigas, produtos de ambulante, e a icônica coleção da Adidas. A cidade respirava a banda.
E então, os dias tão aguardados chegaram: era tempo de Oasis. Era tempo de Monumental.
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A Misticidade no River Plate
O Estadio River Plate estava longe de ser só um palco – era um eterno carnaval no seu maior estado de euforia. As condições climáticas atrasaram os shows nos dois dias, mas isso só serviu para deixar a energia ainda mais carregada e explosiva.
O isqueiro foi aceso, a bomba emocional estava plantada. A explosão veio logo com “Hello“, a primeira música. Gerações berravam palavra por palavra, o som do estádio ecoava e trazia um vislumbre inacreditável do que é o Oasis.
Amigos, casais, famílias, desconhecidos… Os arredores eram tomados por um mar de gente que emanava, em sintonia, algo místico. Clichês podem encher o saco, mas se a arte consegue evocar sentimentos fora do comum, Liam e Noel atingem algo que minhas palavras são precárias para exemplificar – e o melhor disso tudo: eles têm total consciência de seu poder.
O medley acústico de Noel se tornou ainda mais emocionante ao vermos sua genuína reação, idêntica ao ano de 2009. Músicas secundárias se transformaram em hinos majestosos. Foi paixão pura, celebração e alegria.
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Sul-americano, sim senhor
A inveja existe, é claro. Eles são apaixonados por aquele país, e não poderia ser diferente. Imagine crescer nos subúrbios da Inglaterra e tocar para mais de 170 mil estrangeiros que transformaram suas faixas autorais em trilha sonora do planeta?
E aqui vale um destaque: o momento atual da Argentina parte o coração, mas há algo que toca profundamente neste encontro. São europeus com uma gratidão eterna por sul-americanos, e sul-americanos que serão eternamente apaixonados por europeus. Uma via de mão dupla que transcende a música.
No Monumental, a regra era clara: a instrução era única. A tensão política se esvaiu ao toque dos primeiros acordes. A paixão e o orgulho tomaram conta. A foto de Maradona exibida durante “Live Forever” fez o River Plate se tornar uma simulação de um terremoto.
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É intensidade, é entendimento. Temos uma região rica em emoção. A rivalidade existe dentro de campo, mas fora dele, deveria ser puro esquecimento.
Graças a Deus, nascemos na América Latina.
Oasis: singelo aprendizado
Se Liam Gallagher é uma figura forte na mídia, conhecido por sua postura de rockstar indomável e criticado por muitos, isso só prova que ele venceu esta guerra. Sua liderança é avassaladora e, ao lado de Noel, Bonehead, Andy, é simplesmente imbatível.
Somos ensinados desde a infância que há algo que não podemos deixar de lado na vida: a família. Os irmãos podem não ter a mesma proximidade e terem travado lutas infames, mas nunca esqueceram que são capazes de transformar o planeta com o apoio mútuo.
Essa química atravessa fronteiras. O núcleo do fenômeno que o Oasis se mostra ser não é à toa. Ao escutar as faixas e ir aos shows, você se torna parte viva dessa história.
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Discutir se a Argentina tem o maior público do planeta, se eles são a maior banda da atualidade ou se esta é a maior reunião da história é, francamente, piada. Sente-se, reflita e admire os tempos que estamos vivendo.
O privilégio é gigante. A música nos move. Que venha o gran finale.
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