
Marisa Monte adora “jogar em casa” e, no último final de semana, a cantora carioca se apresentou na Brava Arena Jockey, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro, com a turnê “Phonica”, em que ela une sua banda a uma orquestra sinfônica composta por 55 músicos sob a regência do maestro André Bachur.
A proposta da excursão é recriar clássicos de Marisa com arranjos orquestrais que combinam o popular e o erudito em palcos de grandes cidades do Brasil. Para o Rio, a artista de 58 anos reservou três datas, todas esgotadas.
Os shows aconteceram na sexta-feira (31/10), sábado (1/11) e domingo (2/11), com performances marcadas não apenas pela sua estrutura grandiosa mas também pelo cenário de violência que os cariocas têm lidado nos últimos dias.
Com repercussão internacional, inclusive, a operação policial mais letal realizada na história do Rio de Janeiro e conduzida na terça-feira (28) criou um clima de insegurança, pânico e revolta na população.
Diante do momento de grande comoção entre moradores de diferentes regiões da cidade, até mesmo do estado, Marisa lamentou o ocorrido e usou a arte como possibilidade de superar a situação coletivamente enquanto todos esperam por dias melhores. Depois de abrir a apresentação com “Vilarejo” e “O Que Você Quer Saber de Verdade”, ela disse ao público:
“Para todos nós que sentimos a dor de quem tem o cotidiano atravessado pela impotência humilhante da violência. Eu sou carioca, essa cidade é minha casa, como é a casa de muitos de nós aqui, e eu tenho certeza de que são muitos corações que não perderam a capacidade de sofrer, de amar e de sentir pelo Brasil. Que a arte e a música possam nos unir hoje e nos lembrar da humanidade em comum, nos ajudar a curar todas as dores e nos dar força para encontrar os caminhos para dias melhores e para a esperança.”
O importante discurso ajudou a definir o tom emocional da noite, transformando a arena, naquele momento, em um convite à reflexão para além do show de música. Em duas horas de espetáculo e 27 canções no setlist, o público fez coro em muitos momentos e estava visivelmente engajado com a proposta sinfônica.
Na sequência à bem recebida fala sobre a trágica questão de segurança pública, o repertório causou furor na plateia com “Infinito Particular” e “Carnavália”, a primeira no setlist de algumas faixas do Tribalistas, projeto de Marisa ao lado de Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.
Em seguida, Monte também deixou os fãs empolgados com “Maria de Verdade”, “Ainda Bem”, “Amor I Love You”, “Diariamente”, “Beija Eu” e “Depois”, quando, após a execução, Marisa abaixou a cabeça e a cobriu com os braços cruzados, como se estivesse realmente afetada pela carga dramática da letra.
Visualmente, a cantora, com seu arranjo preso à cabeça, usava um sobretudo rosa que, mais tarde, foi dispensado revelando o longo vestido laranja plissado, enquanto um grande telão ao fundo do palco projetava imagens e vídeos que enriqueceram a ambientação do show.
Na reta final da performance, a artista parou para apresentar toda a orquestra que lhe acompanhava, além do maestro André e sua banda, formada por Dadi Carvalho no violão e guitarra, Pupillo na bateria, Alberto Continentino no baixo e Pretinho da Serrinha, de somente 18 anos, no cavaquinho e percussão.
O show, antes do bis, ainda contou com as versões de Marisa para “Panis et Circenses”, canção composta por Gilberto Gil e Caetano Veloso que ficou famosa no repertório d’Os Mutantes, e “Cérebro Eletrônico”, música escrita por Gil que apareceu no disco duplo ao vivo Barulhinho Bom, lançado por Monte em 1996.
Após a dobradinha contagiante de “Feliz, Alegre e Forte” e “Lenda das Sereias, Rainha do Mar”, Marisa deixou o palco sob intensas e prolongadas sessões de aplausos. Em seu retorno, a diva da MPB comandou o público ao som de “Magamalabares”, “Velha Infância”, “Não Vá Embora” e “Carinhoso”, cover de Pixinguinha em que Marisa convidou os fãs para cantar junto. Nem precisava, não tinha nada que eles não fizessem por ela naquela noite.
Confira fotos clicadas por Diego Castanho e o setlist do show logo abaixo!










Setlist de Marisa Monte na Brava Arena Jockey em 1/11/25:
- “Vilarejo”
- “O que você quer saber de verdade”
- “Infinito particular”
- “Carnavália” (Tribalistas)
- “Maria de verdade”
- “Ao meu redor”
- “Sua Onda”
- “Ainda bem”
- “Aliança” (Tribalistas)
- “Amor I Love You”
- “Diariamente”
- “Beija eu”
- “É você” (Tribalistas)
- “De mais ninguém”
- “Depois”
- “Ainda lembro”
- “A sua”
- “Gentileza”
- “Segue o seco”
- “Panis et circenses” (cover de Os Mutantes)
- “Cérebro eletrônico” (cover de Gilberto Gil)
- “Feliz, alegre e forte”
- “Lenda das sereias, rainha do mar”
Bis:
- “Magamalabares”
- “Velha infância” (Tribalistas)
- “Não vá embora”
- “Carinhoso” (cover de Pixinguinha)