Otoboke Beaver, em registro feito por Mayumi Hirata
Foto por Mayumi Hirata

Um dos presentes mais caóticos e irresistíveis da cena punk global finalmente aterrissa no Brasil! E caso você não saiba, estamos falando da Otoboke Beaver, o quarteto feminino de Kyoto que se tornou uma verdadeira obsessão entre gigantes do rock.

A lista é extensa, prepare-se: o grupo é queridinho de lendas como Flea (Red Hot Chili Peppers), que “ama essa porra de banda”, e Dave Grohl (Foo Fighters/Nirvana) – até Krist Novoselic (Nirvana) já manifestou seu apreço. Formada por Accorinrin (guitarra e vocal), Yoyoyoshie (guitarra e vocal), Hirochan (baixo e vocal) e Kahokiss (bateria e vocal), a banda entrega um punk-rock furioso e ultra-preciso, recheado de humor ácido e ironia em letras cantadas em japonês.

Chegando com o elogiado disco Super Champon (2022) e um histórico de participações notáveis – incluindo o famoso Tiny Desk Concert – a Otoboke Beaver está pronta para incendiar São Paulo com dois shows: um no Cine Joia nesta sexta-feira (31) e outro no domingo (02) ao lado de grandes nomes como Weezer e Bloc Party. Essas apresentações fazem parte do novo ecossistema de shows da 30e, o ÍNDIGO (clique aqui para mais informações).

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Com hits como “Don’t Light My Fire” e “I Checked Your Cellphone” confirmados no repertório e uma promessa de marcar a capital de SP com uma energia única, conversamos com as integrantes da Otoboke Beaver sobre a expectativa de trazer seu caos organizado ao país e a experiência de se tornar o fenômeno mais intenso do rock atual. Vem conosco!

TMDQA! Entrevista – Otoboke Beaver

TMDQA!: Meninas, antes de tudo, é um prazer! Gostaria de perguntar o que vocês sabem sobre a cena punk/rock no Brasil, e o que o público pode esperar do show de vocês no Cine Joia e da apresentação no Ibirapuera ao lado de Weezer e Bloc Party?

Yoshie: Não sabemos muito sobre a cena do Brasil, então estamos ansiosas para vivenciar localmente! Em nossos shows, quero que todos se divirtam livremente e com gentileza, vai ser divertido demais – finalmente podemos ir ao país e conhecer todos, ver as cidades e conhecer a cultura!

TMDQA!: Dave Grohl descreveu vocês como “a coisa mais intensa que você já viu”. Como vocês descrevem a energia de palco do Otoboke Beaver, e quão essencial é esse caos para a música de vocês?

Yoshie: Nossa, é realmente uma montanha-russa! [risos] Nossa música tem altos e baixos emocionais intensos, então se não tocarmos usando nossos corpos inteiros, não conseguiremos fazer um bom som – este estilo atual é essencial.

TMDQA!: Bem, vocês se formaram como um clube de música em Kyoto, em 2009. Quais foram as bandas ou movimentos que as inspiraram no início, e como essa vibe inicial evoluiu para o som atual de vocês?

Yoshie: Boa pergunta! Cada integrante gosta de diferentes tipos de música, mas eu originalmente tinha muito apreço pela música psicodélica japonesa. Bandas como Yura Yura Teikoku e Oshiri Penpenz. Eu amo o fuzz ali presente, e comecei a usar uma Gibson SG por causa do Yura Yura Teikoku. Depois disso, passei a gostar e admirar bandas como Boredoms e DMBQ, mas talvez elas não tenham realmente influenciado a música do Otoboke Beaver.

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TMDQA!: Eu gostaria de saber se vocês tem um processo de composição como banda, ainda mais ao criar letras tão diretas e críticas, como as de “I am not maternal” ou “I won’t dish out salads”. A música geralmente vem antes da mensagem, ou é o contrário?

Acco: Todas as nossas músicas são criadas a partir das letras e melodias que eu escrevo – a letra e a melodia vêm à mente ao mesmo tempo. Adicionamos sons para que a emoção se apoie nas minhas letras e melodia, e aí a magia é feita! [risos]

TMDQA!: Muito interessante, afinal, as letras do grupo frequentemente abordam pressões sociais sobre as mulheres e estereótipos de gênero no Japão (e globalmente). Vocês se veem como uma banda explicitamente política, ou simplesmente como observadoras e narradoras da vida cotidiana?

Acco: Bem, eu estou apenas cantando meus sentimentos, como se estivesse a desabafar com alguém. Não tenho a menor intenção de ser porta-voz de ninguém – apenas dou forma ao que eu pessoalmente acho interessante no momento, e não estou fazendo nada nobre.

TMDQA!: E como tem sido a recepção no Japão às músicas que criticam costumes sociais, como a expectativa de maternidade e o papel das mulheres nos ambientes social e de trabalho? Vocês sentem que a música de vocês está provocando um debate?

Acco: Eu sinto que as mulheres se conectam com nossas músicas, e se houver pessoas que ganham coragem através de mim, isso é uma honra – mas como disse antes, não pretendo ser uma porta-voz. Acima de tudo, eu só quero me divertir criando música e expressando emoções, então às vezes sinto pressão. Eu definitivamente não sou uma pessoa perfeita.

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TMDQA!: A Otoboke Beaver já alcançou vários marcos, incluindo abrir shows para lendas como Green Day, Jack White e Foo Fighters. Qual foi a percepção mais valiosa ou a experiência mais memorável que vocês tiraram desses grandes palcos, e como isso mudou a forma como vocês abordam suas próprias apresentações?

Yoshie: Eu adoro essa história de quando estivemos na estrada com o Red Hot Chilli Peppers – tivemos que pedir a eles para mudar as imagens da tela no último minuto por razões próprias, e a equipe de iluminação nos disse: “Somos profissionais que trabalham para o Chili Peppers, então falem conosco sobre qualquer coisa!”. Fiquei muito emocionada e impressionada com isso.
Fiquei profundamente tocada por como eles nos trataram com gentileza, independentemente de idade, gênero ou carreira, e isso me fez querer muito ser assim também.

TMDQA!: Que lindo isso! Aliás, vocês se tornaram presenças constantes em festivais globais. De Coachella a Glastonbury, de Glasto a Lollapalooza, vocês sentem que o público punk/rock fora do Japão compreende totalmente a nuance e o humor das letras de vocês, mesmo com a barreira do idioma?

Acco: Nos sentimos honradas por podermos tocar em vários festivais ao redor do mundo, fora do Japão. Mesmo que as pessoas não entendam o significado das letras, se acharem nossa música interessante, isso é tudo – não quero mais nada do que isso. Acho que a melhor coisa da música é que algumas coisas podem ser transmitidas mesmo sem que as palavras sejam compreendidas.

TMDQA!: Meninas, por último, represento um site chamado Tenho Mais Discos Que Amigos!, e temos uma espécie de tradição por aqui. Considerando esta informação, vocês concordariam que também têm mais discos do que amigos? E se pudessem escolher um álbum para descrever vocês – ou um álbum que seja significativo para vocês, qual seria?

Yoshie: Hmmm… Sweet Spot do Yura Yura Teikoku!

TMDQA!: Muito obrigado pela oportunidade! Espero que vocês tenham uma experiência maravilhosa no Brasil!

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