
A sonoridade inconfundível do Chase Atlantic é o mapa de um novo gênero, navegando entre o R&B noturno, o hip-hop e a energia pulsante do rock alternativo. Com mais de 8 bilhões de streams e uma presença digital que os coloca no panteão das novas potências musicais, o trio australiano – que opera a partir de Los Angeles – tem se aprofundado em seu universo lírico complexo e atmosférico.
Este momento é marcado pelo lançamento do single “FACEDOWN“, uma extensão do aclamado quarto álbum do grupo, LOST IN HEAVEN – que solidifica a banda na vanguarda da experimentação. Com este clima, celebrando essa nova era, o grupo embarca na LOST IN SOUTH AMERICA’ 2025. No Brasil, o público aguarda ansiosamente as três paradas confirmadas: em São Paulo (09/11), Porto Alegre (11/11) e Rio de Janeiro (13/11).
Para decifrar a alquimia criativa por trás dessa jornada e discutir a expectativa de retornar ao continente que os receberá com fervor, o TMDQA! conversou com Mitchel Cave e Christian Anthony. Bem humorados, compartilharam insights sobre a construção da narrativa de LOST IN HEAVEN, a energia que impulsiona o novo single e a promessa de entregar a intensidade do Chase Atlantic nos palcos brasileiros.
É hora de desvendar a mente dos membros desse trio que não se prende a rótulos e que transformaram a ambiguidade de gênero em sua maior força. Vem conferir o que o Chase Atlantic nos revelou sobre seu presente e o futuro que os traz à América do Sul!
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TMDQA! Entrevista Chase Atlantic
TMDQA!: Fala, meninos! Como vocês estão?
Christian: Estamos bem, e você, Eduardo?
TMDQA!: Estou ótimo, obrigado! Primeiramente, obrigado por me receberem, é um prazer. A última vez de vocês no Brasil foi em 2023. Agora, a turnê Lost in South America acontece nesse início de novembro. O que torna o Brasil um destino obrigatório de retorno? E o que os fãs podem esperar de diferente em termos de set up do palco e setlist em comparação com as turnês anteriores?
Mitchel: Acho que há muita energia, muita energia mesmo no Brasil. Estávamos esperando para voltar há um tempo, já faz um tempo que não vamos aí – então, já estava na hora, sabe? Já estava na hora.
Estamos animados para ver esses novos lugares onde vamos tocar, interagir com nossos fãs nesses locais. O show em si ficou maior e os espaços também ficaram maiores, então a energia definitivamente aumentou – é massa. [risos]
TMDQA!: Sim, com certeza. Vocês tocarão em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Vocês costumam notar uma diferença na energia, nas músicas favoritas ou na reação do público nessas diferentes cidades brasileiras? Quais são as expectativas para cada uma dessas três plateias?
Christian: Bom, eu sinto que “FAVELA” é como uma música para tocar no Brasil – sinto que a música é feita para o público brasileiro. Da última vez que tocamos, “OHMAMI” era definitivamente a favorita do público. Estamos muito animados para voltarmos e tocarmos as coisas novas que eles não ouviram da última vez – parece que estamos indo com muitas músicas novas, um novo arsenal, e eles serão a primeira plateia a ouvir as novas músicas do deluxe.
Mitchel: Isso é verdade!
TMDQA!: Legal! Tem algo que está no topo da lista de “lugares a visitar” ou “coisas a fazer” para cada um de vocês enquanto estiverem no Brasil? Algum de vocês tentou aprender frases em português?
Mitchel e Christian: “Obrigado!” [risos]
Christian: Eu sei que o Jesse (baixista da turnê) sabe muito mais frases do que nós. Acho que queremos muito visitar um estádio de futebol enquanto estivermos por aí, e eu quero ver o Cristo Redentor no Rio! Quando eu fui ao Rio, fui na praia, em Porto Alegre eu joguei futebol e São Paulo foi…
Mitchel: São Paulo foi meio caótico da última vez. Foi como um delírio febril, sabe? [risos]
Christian: Mas teremos muito mais tempo no Rio nesta viagem! Temos uma pausa grande entre o Rio e a Argentina, então poderemos ser turistas por um tempo.
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TMDQA!: Espero que aproveitem! Mas bom, vamos falar sobre LOST IN HEAVEN. O álbum foi aclamado por manter a essência do grupo, e ao mesmo tempo, soar inovador. Houve alguma mudança na abordagem ou na filosofia de produção que o diferencia de álbuns anteriores, como PHASES?
Mitchel: Tivemos uma pausa de três anos entre BEAUTY IN DEATH e este álbum, o que é a maior pausa que já fizemos entre ciclos de álbuns. Então, acho que havia um pouco de nervosismo ao começar, tipo: será que ainda temos o que é preciso para fazer discos atemporais?
Mas assim que entramos no estúdio e começamos a fazer o que havíamos feito no passado, tudo começou a voltar e nos sentimos confiantes novamente. Estávamos trabalhando em um estúdio, porque anteriormente fizemos BEAUTY IN DEATH nos nossos quartos. Acho que trabalhar em um estúdio foi um pouco diferente, porque estávamos “migrando” para lá todos os dias – mas ainda era a mesma essência de sempre. Não temos uma fórmula escrita para fazer nossa música; era apenas aparecer todos os dias e dar tudo de nós.
Christian: Sim, eu concordo. Tratar como um trabalho, comparecer todos os dias. No entanto, foi a primeira vez que tivemos que sentar e tentar fazer música que soasse como o Chase Atlantic.
No passado, éramos inspirados por outros artistas e discos, e estávamos aprendendo a fazer música que soasse como nós – foi um desafio por alguns anos. Mas quando nos fechamos naquele estúdio, reinventamos o som novamente, como já fizemos tanto. E quando Mitchel pegou a caneta, [a escrita] voltou naturalmente.
TMDQA!: Depois de tocar as novas músicas por aí, qual faixa se tornou a favorita de cada um para performar ao vivo e por quê?
Christian: Eu tenho um carinho especial por “FACEDOWN“ no momento. Ao vivo, ela realmente se traduz em uma música de alta energia.
Mas se eu tivesse que escolher uma favorita do álbum, há algo muito especial em “AMY”.
Mitchel: Eu tenho que dizer que, para performance ao vivo, obviamente é “FACEDOWN” porque é a mais nova e a melhor para tocar no momento. Mas eu tô bem animado para ver como as novas músicas [do deluxe] se articularão em um cenário ao vivo!
TMDQA!: Ótimas escolha! Inclusive, vocês descrevem o single “FACEDOWN” como uma extensão do álbum. Para o ouvinte, qual é o elo temático ou sônico que conecta as novas faixas – como “REMIND ME” – ao universo que vocês criaram no álbum?
Christian: Putz… Boa pergunta! [risos] Acho que é tudo sobre a ideia de subir de nível na nossa produção e nas nossas habilidades de composição – mas o conteúdo lírico é o que mantém as coisas fluindo. É essa batalha que Mitchel estava travando durante o processo de LOST IN HEAVEN, sobre a identidade de estar confiante em músicas como “REMIND ME” e “VICTORY LAP“.
Mas depois ter “FACEDOWN”, onde há o niilismo e o não-sentimento, acho que a ideia ainda está muito presente no deluxe tanto quanto estava no álbum. O álbum em si ainda parecia um livro aberto antes de terminarmos este deluxe.
Agora, parece que fechamos esse capítulo com essas quatro músicas extras e, ao mesmo tempo, abrimos a ponte para o próximo álbum.
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TMDQA!: Vocês misturam seus sons de uma maneira muito única, sendo frequentemente comparado a artistas como The Weeknd ou The Neighbourhood. Se tivessem que escolher um artista old school e um artista da nova geração que inspira a direção musical da banda, quais seriam e por quê?
Christian: Porra, boa pergunta de novo… [risos]
Mitchel: É tão difícil sequer comparar por causa da nossa sonoridade. Eu diria… soamos muito diferentes desta banda, mas de certa forma eles estavam forçando e curvando gêneros… Porém diria King Crimson.
Christian: Eu estava pensando em King Crimson, sim! Sinto que nunca teria ligado isso, mas eles eram uma das minhas bandas favoritas enquanto crescia, e o que estavam fazendo com o som deles estava muito à frente do seu tempo. Eles eram muito experimentais. E acho que, em certo sentido, é isso que somos: estamos misturando sons e tentando obter os sons mais bonitos.
E um artista new school… De novo, é difícil. É tão complicado nos definir, tentar tirar inspiração de qualquer artista… Eu diria Young Thug [risos]
Mitchel: Sim, Young Thug! [risos]
TMDQA!: Caramba, que mistura interessante! [risos] Mitchel, Chris, eu estou representando um website que em sua tradução basicamente significa “tenho mais discos do que amigos”. Considerando essa informação, vocês concordariam que também têm mais discos do que amigos? E se pudessem escolher um álbum que os descreva ou que seja significativo para vocês, qual seria?
Christian: Qualquer álbum do mundo?
TMDQA!: Qualquer um, irmão!
Christian: Cara, tô com alguns do meu lado. In The Court Of The Crimson King (King Crimson) e LONG.LIVE.A$AP (A$AP Rocky)!
Mitchel: Fui buscar os meus! Ocean Eyes (Owl City) e Culture II (Migos).
TMDQA!: Caras, vocês foram ótimos nisso, mas é isso. Terminamos aqui. Muito obrigado por me receberem, foi um prazer, adorei o papo!
Mitchel e Christian: Muito obrigado, foi divertido demais! Até logo!
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