
O tambor ressoa antes da primeira palavra. A cada batida, é como se a cidade se lembrasse de que o samba ainda mora nela. Em O Rap do Meu Samba, Janine Mathias faz da voz um território e do ritmo uma prece.
Produzido por Rodrigo Campos e gravado no YB Music, em São Paulo, o álbum apresenta nove faixas que se entrelaçam entre o batuque e o beat, entre o terreiro e a cidade, entre a fé e a palavra.
Eu canto samba porque o samba é minha religião. O Rap é a minha paixão. As duas coisas sempre viveram em mim, e agora caminham juntas com naturalidade.
A artista que foi apadrinhado por Léo Fé, presidente do Bloco Boca Negra e figura central da cena do samba curitibano, vem se consolidando cada vez mais como uma das novas vozes da Música Preta Brasileira do Sul e já dividiu o palco com nomes como Elza Soares, Tássia Reis, Rincon Sapiência e Criolo, retorna com um trabalho maduro, espiritual e necessário: um álbum que fala sobre continuidade, fé e pertencimento.
A artista resume:
O samba me ensinou a resistir. O rap me ensinou a falar. Esse disco é o ponto em que as duas coisas se abraçam.
Disco de Janine Mathias
Em “Devoção”, Janine aparece em cena com o filho no colo, reafirmando o legado afetivo do Samba em sua vida, uma herança que se transmite pelo afeto e pela ancestralidade. Já em “Barracão é Seu”, com participação especial de Criolo, o ponto alto do disco, o encontro de gerações reafirma a irmandade entre o Samba e o Rap – um diálogo entre raízes e futuro.
Faixas como “A Bahia Virá” e “Me Enfeita” revelam o olhar contemporâneo da artista sobre a música preta brasileira, aliando sofisticação harmônica e programações eletrônicas ao calor do tambor, sem perder o cheiro de rua, o corpo do Samba e o dendê das origens.
Em cada verso, Janine reafirma o que sua trajetória já mostra: o Samba em Curitiba nunca deixou de existir. Ele apenas muda de forma, de tempo e de corpo. E agora, pulsa novamente em sua voz: afetiva, sincera e necessária.
Eu venho para somar, com respeito a quem abriu as portas antes de mim e para lembrar que Curitiba também tem Samba.
Ao final da audição, o reforço na memória de que o Samba não é apenas um gênero, é uma herança, uma fé, e uma forma de seguir juntos. Em O Rap do Meu Samba, Janine Mathias transforma essa herança em presente.
Comemorando do lançamento, o projeto entrou em turnê pelos SESCs do Paraná em Setembro ao lado da DJ Mitay, e agora querem ganhar o do Brasil com a banda Devoção levando o disco para as ruas e para as pessoas.