
Quando o KoRn entrou em estúdio para criar Follow The Leader em 1997, ninguém ali imaginava que desse processo turbulento sairia um dos maiores hinos do Nu Metal.
“Freak On a Leash”, lançada como single só em 1999, não apenas definiu uma era: ela sintetizou toda a angústia, rebeldia e estranheza que transformaram o gênero em fenômeno global. O caminho até esse resultado, porém, foi tudo menos simples – e passou por vício, pressão da indústria, conflitos criativos e um momento decisivo na carreira da banda.
O caos que antecedeu o impacto
Em 1998, o KoRn já era gigante. Após a estreia com o autointitulado (1994) e Life Is Peachy (1996), o som estranho e pesado vindo de Bakersfield, Califórnia, tinha virado referência. A mistura de guitarras graves de sete cordas, baixo percussivo e letras confessionais abriu caminho para bandas como Deftones, Coal Chamber, Limp Bizkit e toda uma leva do que seria rotulado como Nu Metal.
Mas enquanto o mundo via um meteoro em ascensão, os bastidores eram bem mais sombrios. Jonathan Davis lembra daquele período como um turbilhão de abuso e exageros (via Louder):
Todo mundo estava fora de si. Viciados em álcool e drogas. Eu só lembro do excesso: éramos garotos vivendo um sonho de rock’n’roll.
Apesar disso, ninguém na banda se sentia pressionado a “superar” o sucesso anterior. Eles estavam confiantes, autossuficientes e desafiadores. “Éramos jovens e arrogantes. Sabíamos que ninguém ia tirar aquilo da gente”, diz Jonathan.
O nascimento de um hino
O embrião de “Freak On a Leash” surgiu já nas primeiras sessões de composição, em uma sala de ensaio em Redondo Beach. “Amamos essa música desde o primeiro dia. Ela simplesmente aconteceu”, conta Jonathan.
Embora o guitarrista Brian “Head” Welch já tenha dito que o título originalmente tinha uma conotação sexual, Jonathan esclarece que isso não é real. A letra era sobre algo bem mais real e incômodo naquela fase: a indústria da música.
Essa música foi meu desabafo contra o sistema. Era sobre ser manipulado, sobre alguém estar sempre no controle — eu era o ‘bizarro na coleira’.
Essa postura anti-indústria sempre esteve no DNA do KoRn.
Desde o nome da banda, somos os caras do ‘ninguém manda na gente’. Se tentarem empurrar a gente para um lado, vamos para o outro.
Para gravar o terceiro álbum, a banda deixou de lado o produtor Ross Robinson pela primeira vez. Sem direção clara no estúdio NRG, seguiram sozinhos até serem oficialmente “adotados” por Steve Thompson e Toby Wright. As sessões foram intensas e caóticas. Um exemplo? Jonathan Davis chegou a recusar continuar gravando até que lhe trouxessem um “eight-ball” de cocaína – quase quatro gramas. Era assim que funcionava o KoRn naquele momento: sem filtro e sem limites.
Mesmo assim, Jonathan chamou Ross Robinson de volta como coach vocal para “Freak On a Leash”. A volta não foi exatamente amigável.
Ross fincou as unhas nas minhas costas enquanto eu cantava. Era insano. Chegou um momento que pensei: ‘Isso é estúpido. Acabou’.
O som que definiu uma geração
Musicalmente, “Freak On a Leash” é puro KoRn – distorcida, quebrada e emocionalmente tensa. A introdução inquieta criada por James “Munky” Shaffer parece um aviso de perigo. Quando Fieldy entra com aquele baixo grave e percussivo, a pancada é definitiva. A letra abre com uma linha que ecoaria no imaginário alternativo por décadas: “Something takes a part of me”.
Mas a grande virada vem na ponte, quando Jonathan faz um breakdown vocal usando beatbox e scat – algo completamente fora dos padrões do metal da época. “Eu cresci ouvindo Doug E. Fresh e Rap old school. Misturar isso com rock era natural pra mim”, diz.
O videoclipe que virou ícone
Se a música já era memorável, foi o videoclipe que transformou “Freak On a Leash” em um evento cultural. Dirigido pelo quadrinista Todd McFarlane (criador de Spawn), o clipe custou cerca de 800 mil dólares, uma fortuna para a época.
Metade animação, metade realidade, o vídeo segue a trajetória de uma bala disparada acidentalmente por um policial, atravessando ambientes até invadir um pôster do KoRn. Ao entrar no universo da banda, ela começa a ricochetear pelo estúdio enquanto Jonathan grita “Go!”. Foi uma revolução estética nos anos finais da clássica MTV.
“Foi como criar uma tecnologia nova só para fazer o clipe”, lembra Jonathan. “Quando vimos o resultado pela primeira vez num hotel na Austrália, ficamos de boca aberta.”
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Entre o abismo e a sobrevivência
Em 1999, quando a música saiu oficialmente como single, Jonathan Davis já tinha abandonado o álcool e as drogas. “Eu fui longe demais. Ou parava, ou morria. Eu tinha um filho e precisava viver,” conta o vocalista.
A faixa virou a assinatura definitiva do KoRn. Hoje acumula mais de 300 milhões de streams no Spotify e continua sendo a música mais conhecida da banda. Em 2006, ganhou uma nova vida com a versão acústica ao lado de Amy Lee (Evanescence) no MTV Unplugged.
Jonathan completou:
Quando escrevi essa música, eu era um garoto perdido. Mas ela mudou tudo. Depois desse álbum, nunca mais dependemos de gravadora. ‘Freak On a Leash’ nos tirou da coleira.
Histórico!
KoRn no Brasil
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