Raquel Boletti, da Nightshift Operações
Foto por Tomas Senna

Em um ano em que o mercado de entretenimento ao vivo deve movimentar R$ 141 bilhões no Brasil, a indústria de shows e festivais vive um período de crescimento acelerado e desafios igualmente grandes. Se, para o público, 2025 será lembrado pelos recordes de plateias e pela agenda lotada, nos bastidores o cenário exige precisão operacional e planejamento em larga escala. É esse universo que explica como a Nightshift Operações, empresa liderada pela CEO Raquel Boletti, esteve à frente de 265 eventos apenas nos nove primeiros meses do ano.

A Nightshift atua em frentes que o público raramente percebe, mas que são fundamentais para garantir segurança, fluxo e experiência positiva em shows de grande porte. A empresa é responsável pela operação direta de contato com o público em festivais como Rock in Rio, The Town, Tomorrowland Brasil e Lollapalooza, além de turnês internacionais e eventos corporativos.

A entrada do público é o primeiro grande desafio. A validação de ingressos em alta velocidade, a gestão de filas e o controle de acesso exigem precisão milimétrica para evitar gargalos. Em eventos que recebem mais de 100 mil pessoas por dia, cada segundo importa. Um erro de comunicação ou falha técnica pode comprometer toda a experiência – e até gerar riscos de segurança.

Outro eixo central é a jornada interna. Após a entrada, a operação segue com empulseiramento para consumo, lockers, orientação de público, controle de áreas restritas e atendimento ao usuário. O trabalho envolve centenas de profissionais treinados e um planejamento logístico que começa meses antes do evento. Mas o ponto de virada dessa operação está no uso de tecnologia e monitoramento contínuo.

Por trás dessa engrenagem, está o Centro de Controle Operacional (CCO), que acompanha em tempo real o deslocamento de público, identifica pontos de retenção e antecipa riscos. A atuação é preventiva e orientada por dados — um novo padrão de profissionalização no mercado brasileiro.

Para Raquel Boletti, o segredo está na divisão clara de responsabilidades, garantindo eficiência sem interferir na identidade do evento.

Nosso foco é o que chamamos de ‘núcleo operacional’: o acesso, o atendimento, o fluxo de pessoas. Isso precisa ser impecável. Ao garantir essa base sólida de segurança e fluidez, a equipe de criação de cada festival ganha liberdade para inovar na ‘camada da experiência’, que é a cenografia, a curadoria e a identidade que tornam cada evento único.

A profissionalização do setor acompanha a expansão do entretenimento ao vivo no país. Se antes a operação era vista como etapa secundária, hoje se tornou peça estratégica da indústria. Com novos megafestivais a caminho e o público registrando confiança crescente em eventos de grande porte, os bastidores da operação assumem protagonismo, mesmo sem subirem ao palco.