
Poucos artistas conseguem manter um crescimento meteórico aliado a uma consistência artística inquestionável, e o lançamento de The Life of a Showgirl sugere que Taylor Swift pode estar com essa balança desajustada.
Mesmo com todo o hype gerado pelo retorno à parceria com os superprodutores Max Martin e Shellback – a dupla por trás dos hits que a levaram ao estrelato global -, o 12º álbum da cantora, lançado dez meses após o fim de uma turnê histórica, marca uma nova fase: mais esgotada, dispersa e, paradoxalmente, menos envolvente.
Com a promessa de entregar “bangers” vibrantes, o disco se desvia para um soft-rock excessivamente suave e previsível. O resultado não tem a faísca característica de sua essência, mas sim a confirmação de que sua música se tornou desinteressante.
Aqui, o TMDQA! ouviu o disco e te conta mais a respeito. Vamos lá?
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A Promessa Quebrada – e a música que não avança
Desde o anúncio, o álbum convidava o ouvinte a mergulhar nos bastidores íntimos da showgirl, mas a temática falha em entregar qualquer novidade. A dicotomia entre a persona pública e a pessoal não é mais uma charada, mas sim uma exposição aberta, muitas vezes distraída, focada excessivamente no noivado com Travis Kelce.
Referências a polêmicas antigas e o lirismo sobre o atleta – que culmina na embaraçosa e fraca escrita da faixa “Wood” – tornam o álbum um terreno bem trilhado. As letras, que já foram o ponto forte de Swift, agora parecem buscar uma padronização em vez de uma constatação emotiva genuína.
O álbum funciona como um manifesto: Taylor não veio para trazer evolução na narrativa, mas para reafirmar o que já sabemos e criar mais do mesmo, fugindo da cultiva que um dia teve.
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Confusão sonora com poucos lampejos
Se em álbuns anteriores a diversidade de gêneros era habilmente orquestrada, aqui ela se traduz em confusão. The Life of a Showgirl sintetiza o pop anterior com uma abordagem mais textural e em camadas que carecem de brilho e ganchos memoráveis.
Soft-Rock e acordes amigáveis dominam, fazendo com que a maioria das faixas flutue sem qualquer peso – mas não é suficiente. “Honey” e “Wi$h Li$t”, por exemplo, surgem como os momentos mais confortáveis e genéricos do álbum, mostrando uma falta de esforço na composição que se limita a pequenas “faíscas” instrumentais.
Ainda assim, a evolução musical de Swift surge em lampejos. “Elizabeth Taylor” entrega um dos poucos refrães matadores do repertório, e faixas como “Ruin the Friendship” trazem a autenticidade lírica que faltou no restante do disco. A instrumentação é pontualmente valorizada, como nos momentos eletrônicos em “CANCELLED! ” ou na guitarra de “Actually Romantic” – mesmo que a falta de interpretação sobre a faixa de Charli xcx impressione.
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Taylor Swift: a queda?
Se a estética da nova era da loirinha trazia boas expectativas, não podemos afirmar que as mesmas se converteram com sucesso. Mais do que o disco mais enxuto da carreira, The Life of a Showgirl é a síntese do que acontece quando o gênio criativo se esgota: esforço mínimo na composição e foco excessivo na narrativa auto-referencial. É um álbum que será consumido fervorosamente por sua base de fãs, mas que para o ouvinte casual não entrega um único elemento significativo.
Em um cenário onde a consistência é a chave, é um disco para questionar: ele é o fruto de uma artista exausta que apressou o trabalho, ou a confirmação de que, apesar de todo o hype, a inspiração falhou? O álbum é pobre – sua discografia e fama apresentam momentos muito mais significativos -, sem brilho e esquecível.
O sucesso será estratosférico, óbvio, mas ele não será um marco: será apenas mais um item na longa discografia, evidenciando que, às vezes, a imortalidade do ícone não se traduz em excelência artística.
★★ ½ (2,5/5)
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