Como a cultura pop pode ressignificar trilhas sonoras

Quando James Gunn decidiu encerrar seu Superman com uma música de Iggy Pop, talvez nem ele imaginasse que estaria prestes a provocar um ressurgimento inesperado da música em tudo quanto é plataforma…

Ou… sabia, né?

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Arte de thebutcherbilly

“Punkrocker”, parceria do músico com o grupo sueco Teddybears lançada em 2006, sempre foi uma faixa “obscura” e meio nichada (como o punk), um aceno debochado à cultura punk com a voz grave do padrinho do gênero. Até que o maior herói a levou para o seu momento final na telona e, de repente, ela voltou a soar nova para uma geração inteira.

Inclusive, a faixa entrou no repertório ao vivo recentemente, durante um show em Portland.

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O punk virou pop, graças aos nerds e à cultura pop

Os números não deixam dúvidas: no dia 4 de julho de 2025, pouco antes da estreia do filme, a música registrou modestos 1.572 streams no Spotify. Oito dias depois, já após a estreia, esse número saltou para quase 190.500 reproduções, um aumento de mais de 500%. Em outra métrica, o crescimento foi estimado em 530%.

Um fenômeno que mostra como um único momento em um blockbuster pode reescrever o destino de uma faixa quase duas décadas depois de lançada.

E a escolha não foi aleatória. No filme, há um diálogo em que Lois Lane e Clark Kent falam sobre “bondade ser o verdadeiro punk rock”. A frase poderia facilmente ser um verso de Iggy. Ao The Hollywood Reporter, o cantor resumiu sua visão em poucas palavras:

“Sempre achei que a faixa tinha alma. Superman é o melhor amigo que alguém poderia ter.”

No encontro improvável entre o cinismo poético do punk e o idealismo solar do kryptoniano, algo ressoou forte com o público.

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Arte de thebutcherbilly

As redes sociais trataram de amplificar esse efeito. Usuários no Reddit comentavam coisas como “Superman fez essa música voltar com força” e, embora alguns apontassem que o fenômeno não chegou a alcançar o nível de “Running Up That Hill” em Stranger Things, admitiam que “Punkrocker” não estava em lugar nenhum até aparecer no filme. No TikTok, vídeos editados com cenas do longa e a música de fundo multiplicaram-se, levando a faixa a playlists que jamais imaginariam abrigar uma parceria sueco-americana de 2006.

O resultado é um case perfeito sobre como a cultura pop recicla e ressignifica suas trilhas sonoras. Assim como Kate Bush ou Fleetwood Mac viveram seus segundos auges por causa de filmes e séries, Iggy Pop vê agora um hino punk irônico ganhar um novo capítulo.

Em um mundo acostumado a medir relevância pelo frescor, nada mais punk que um artista septuagenário e uma canção de quase vinte anos voltarem aos holofotes pelas mãos de um super-herói ainda mais quando o que se quer dizer é que gentileza, no fim das contas, é a forma mais subversiva de rebeldia.

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Gustavo Giglio
Kill Your Logo - Reinventando marcas com atitude

Coluna dedicada a explorar como o marketing pode transformar bandas em marcas icônicas e vice-e-versa. Com mais insights sobre música, estratégias criativas e cases de sucesso, a coluna pretende desvendar o universo em que música e negócios se encontram.

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