Kmilla CDD
Foto: Allan França

Em meio ao corre cotidiano e às ausências que a indústria impõe às vozes femininas no rap, Kmila CDD retorna com um lançamento que não se encaixa em fórmulas prontas, mas que, curiosamente, carrega um nome que evoca justamente isso: Quebra-Cabeça.

O novo trabalho, lançado na última sexta-feira (1º) pela ONErpm, é seu segundo disco de estúdio e propõe uma experiência densa e pensada nos mínimos detalhes, com apenas três faixas — cada uma acompanhada de sua respectiva versão instrumental.

Longe de ser um projeto pequeno, Quebra-Cabeça é uma obra que privilegia o conceito e a curadoria. “Fui montando peça por peça, como se estivesse resolvendo um quebra-cabeça”, conta Kmila, que assina a escolha de cada beat, participação e temática como quem costura a própria trajetória com mãos firmes. O resultado é um disco que toca o emocional e o político, enquanto transita entre vertentes do rap e da música urbana com naturalidade.

As peças de Kmila CDD

As participações são um capítulo à parte. Na faixa “Jogo Passageiro”, Tasha & Tracie — hoje símbolos do rap periférico com estética de ponta, somam suas vivências à de Kmila em um encontro geracional potente.

Já em “Mudar e Correr”, Cynthia Luz empresta sua voz marcante ao lado da MC e produtora Iza Sabino, que também assina a produção do beat. DK-47, do grupo ADL, fecha o time em “Não Vá Se Enganar”, faixa lançada anteriormente como single e que reforça o comprometimento da artista com letras afiadas e posicionamento contundente.

A produção musical do disco é enxuta, mas certeira. Além de Iza Sabino, Daniel Shadow — produtor carioca conhecido pela sofisticação de suas batidas — assina duas das faixas. Sua presença oferece a base perfeita para que Kmila explore atmosferas densas, reflexivas e, ao mesmo tempo, envolventes.

Quebra-Cabeça também funciona como um reencontro de Kmila com sua própria voz, reafirmando a artista como uma das figuras mais relevantes da história do rap brasileiro. Desde sua estreia ao lado de MV Bill, em 1999, até seu primeiro EP solo Preta Cabulosa (2017), a rapper construiu uma trajetória marcada por coragem, autenticidade e compromisso com as pautas das mulheres pretas e periféricas.

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