Com line-up certeiro e boa organização, Coolritiba 2024 faz público esquecer da chuva e viver dia inesquecível

Mesmo com muita chuva, o Coolritiba 2024 garantiu uma experiência incrível para seu público e mostrou que veio para ficar no circuito de festivais do país.

Coolritiba 2024
Foto via Divulgação/Plenofotografia

Um dia inteiro de muita boa música brasileira (e uma atração internacional!) de diversos gêneros diferentes, em um cenário sensacional e com uma organização impecável. Essa é a receita de sucesso do festival Coolritiba, que mostrou mais uma vez em sua edição 2024 o motivo de estar entrando de vez na rota dos festivais brasileiros.

A opinião dos curitibanos parece ser consensual: o Coolritiba chegou para ocupar um lugar que, até então, estava vago na capital paranaense. Chegou para ser um festival que traz atrações do calibre de Lulu Santos mas também aposta em vertentes mais experimentais, como a maravilhosamente indescrítivel sonoridade de Ana Frango Elétrico, e faz uso de um dos melhores espaços para shows de Curitiba e de todo o Brasil.

Sediado no Parque das Pedreiras, abrangendo tanto a Pedreira Paulo Leminski em si quanto a Ópera de Arame, o Coolritiba teve essa como sua principal novidade do ano. E a ideia de ter um palco na Ópera, um dos cartões postais mais famosos de Curitiba, não poderia ter sido melhor – ainda que a decisão de abrir mão de um palco principal com lado A e lado B tenha sido questionada.

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Como foi a experiência do Coolritiba 2024?

No fim das contas, o principal problema do Coolritiba 2024 foi ter boas atrações demais, que acabaram condensadas em horários conflitantes com a escolha dos palcos. Quem queria assistir à performance de Ana Frango Elétrico pra curtir o momento sensacional que você vê acima na Ópera de Arame teve que abrir mão da festa do BaianaSystem, que você confere logo abaixo.

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E, se esse é o maior problema que o festival teve em um dia marcado por uma chuva atípica e persistente em Curitiba, isso é um excelente sinal. Afinal de contas, quem é que diz que no ano que vem não podemos ter um palco a mais e abrigar ainda mais atrações, preenchendo os vazios que ficaram entre um show e outro e garantindo uma experiência ainda mais incrível?

A experiência, aliás, foi um ponto alto do Coolritiba. A facilidade de acesso, a locomoção relativamente tranquila entre palcos – ainda que um pouco cansativa para quem fizesse o trajeto repetidas vezes – e a variedade de opções tanto de alimentação quanto de ativações fazem com que o festival esteja, de fato, muito bem posicionado dentre os seus pares no mercado.

A chuva era a preocupação principal de todos os envolvidos, incluindo público e organização, mas não se mostrou um problema. É claro que ninguém gosta de ficar encharcado, mas é difícil encontrar alguém que tenha se arrependido de tomar uma chuva para ver shows de grandes nomes como Seu JorgeMilky Chance Armandinho.

A realidade é que, entre tréguas e momentos mais fortes, o público foi se acostumando com a chuva – e todos os problemas foram certamente resolvidos com um bom banho quente após chegar em casa, enquanto as memórias seguirão por muito tempo.

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Line-up maravilhoso – e muito brasileiro

Para começo de conversa, é preciso dizer que o Milky Chance fez um grande show e definitivamente se esforçou para se comunicar com o público, divertindo a galera com hits como “Stolen Chance” e tentando falar português. Mas, em um dia recheado de atrações brasileiras incríveis, é aí que ficou o grande destaque do Coolritiba.

Como falamos acima, a curadoria foi muito certeira ao apostar tanto em nomes consagrados quanto em outros que têm se destacado mais nos últimos anos. Logo de cara, Rubel foi uma escolha excelente para abrir o palco principal, chamado de Cool Stage e localizado na Pedreira propriamente dita – carismático, ele divertiu a galera do começo ao fim e aclimatou o público ao que seria um dia inesquecível.

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Ainda no Cool Stage, logo foi a vez de Marina Sena enfrentar a chuva e garantir que o povo dançasse até esquecer os problemas. Algo que ganhou ainda mais força com a chegada do BaianaSystem, incendiando a galera a ponto de ser possível dizer que a maioria sequer se lembrava de que havia uma preocupação com a chuva. E, dali pra frente, a programação foi seguindo em alto nível.

O Funk esteve muito bem representado com Kevin O Chris antes de abrir espaço para o Reggae de Armandinho, e o gaúcho fez um show com toda a good vibe que não apenas o público local estava precisando, mas também todo seu estado – lembrado com carinho por ele, que segurou uma bandeira do Rio Grande do Sul no palco.

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A reta final da noite no Cool Stage foi impecável: Seu Jorge entregou tudo que sabemos que ele é capaz e o Milky Chance, como citamos acima, também fez jus à sua escolha como representante de uma sonoridade internacional. Mas foi bonito ver o público se mantendo presente, e até ganhando força, na hora de receber Lulu Santos para fechar com chave de ouro a noite histórica – e ele veio muito bem acompanhado, em um palco à sua altura e com uma banda irretocável.

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Shows na Ópera de Arame foram aposta certeira

Apesar do que falamos acima sobre as reclamações acerca da mudança de disposição dos palcos, quem tirou um tempo para assistir aos shows da Ópera de Arame, chamada de Super Cool Stage para a ocasião, certamente saiu com uma experiência inesquecível na memória.

Lou Garcia foi quem abriu os trabalhos por lá, mostrando seu talento como uma das grandes revelações do Pop nacional dos últimos anos e conquistando o público no decorrer do show; talvez pela experiência diferente de ter a Ópera como palco de um festival, muitos começaram assistindo ao show sentados e logo foram se aproximando e sentindo o calor da performance da cantora.

Em seguida, a já mencionada Ana Frango Elétrico recebeu bom público apesar do conflito de horário com o BaianaSystem e fez o máximo de sua passagem pelo festival. Em entrevista ao TMDQA! após a performance, a bem-humorada cantora celebrou a experiência e o carinho que recebeu da plateia:

Eu sinto que, pra mim, o show é sempre um novo momento. Eu sinto que eu estou em um momento da minha carreira que eu estou conseguindo fazer um show de uma outra forma em relação ao que eu sempre fiz, em termos de estrutura, de equipe, de banda, me apresentando mais em palcos maiores e descobrindo novos movimentos. […] Fazendo esses shows de dia, eu vejo essas pessoas, me comunico com elas de diversas formas. Eu sinto que é uma redescoberta do álbum, porque ficamos trabalhando nele durante anos solitariamente, pensando na música, e aí entrar em um palco, ouvir as pessoas cantando… me sinto muito tocada com as pessoas reagindo, troco e aprendo e sinto cada vez mais que o público reage a como eu estou e eu reajo a como ele está, sabe? É uma linguagem que eu tô descobrindo.

Depois dela, foi a vez da Supercombo, que teve uma das apresentações mais especiais do dia. Não por nenhum demérito das outras atrações, mas simplesmente porque receberam no palco uma convidada mais do que especial: uma fã mirim de apenas 8 anos que veio de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, para vê-los – e acabou subindo no palco para cantar “Piloto Automático” em um dos momentos mais legais que a música pode proporcionar.

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Também conversando com o TMDQA! após a performance, o vocalista e guitarrista Léo Ramos explicou que a performance “superou todas as expectativas”, ainda mais por se tratar da primeira vez da banda na Ópera de Arame. O tecladista Paulo Vaz, inclusive, se mostrou surpreso com o comportamento do público:

O teatro aqui tava completamente lotado, gente em pé… A gente não esperava essa recepção. A gente tá muito feliz, obrigado de coração por tudo isso.

A fala de Paulo pode muito bem ser aplicada para qualquer outra atração da noite. Como falamos acima, o público parece ter ido perdendo a timidez conforme os shows foram passando e se acumulando cada vez mais pertinho dos artistas, outra grande vantagem da Ópera de Arame que parece ter agradado tanto os fãs quanto aqueles que se apresentavam por lá, muitas vezes artistas que estão acostumados a um pouco mais de separação do público.

No show do Papas da Língua, por exemplo, foi notável o quanto a banda interagiu com os fãs, seja apertando mãos, cantando junto ou apenas se divertindo com a galera. A apresentação também contou com uma dedicatória do hit “Eu Sei” ao povo gaúcho, com o grupo mostrando orgulho de seu estado de origem e pedindo doações para ajudar as vítimas da tragédia que afeta o local.

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Um dos shows mais curiosos da noite foi o do projeto Poesia Acústica, que funcionou melhor do que muita gente poderia esperar. É claro que é praticamente impossível reunir todos os participantes para um show como esse, mas os representantes fizeram muito bem o papel e entregaram os hits que todo mundo queria ouvir.

Depois, foi a vez de Tasha e Tracie subirem ao palco para um show que, acima de tudo, evidenciou duas coisas: o talento da dupla, incansável nas rimas e praticamente emendando uma música na outra, e a dedicação de quem estava enfrentando diversas mudanças de clima devido à turnê e entregou um show impecável mesmo assim.

Ainda assim, o show mais disputado do dia por lá foi mesmo o de FBC. O mineiro tem sido constantemente colocado na lista de melhores apresentações do país com seu novo show, e não é à toa: do começo ao fim, a performance é uma verdadeira experiência transcendental e a nossa recomendação é que, se você ainda não foi atrás de assisti-lo com sua sensacional banda, o faça o mais rápido possível.

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Responsável por fechar o Super Cool Stage, WIU também fez bonito e mostrou por que tanta gente resolveu ficar lá até tarde. A missão de subir ao palco depois de FBC é ingrata, mas ele a cumpriu da melhor forma possível e garantiu que ninguém saísse do Coolritiba insatisfeito.

O festival mais cool do Brasil

Aliás, não parece ser nenhum exagero dizer que as 15 mil pessoas que foram ao Coolritiba 2024 devem estar muito inclinadas a voltar na edição do ano que vem.

As últimas edições têm mostrado que a qualidade do line-up está garantida e, acima de tudo, o Coolritiba vai te conquistar por sua experiência impecável – que inclui poucas filas para compra de comida, grande presença de caixas, vários lugares cobertos para quem queria fugir da chuva e um atendimento agradável e atencioso de todos que ali estavam.

O slogan de festival mais cool do Brasil pode parecer um exagero, mas só para quem nunca veio ao Coolritiba. Afinal, além de tudo que já citamos, ainda há uma série de iniciativas sensacionais acompanhando o evento: só como exemplo, foram arrecadadas várias doações para o Rio Grande do Sul; foram oferecidos ingressos de meia-entrada para quem está vacinado contra a COVID-19, além de doadores de sangue e demais previsões legais; foram escalados artistas locais, como Capim LimãoCastel, em um palco especial montado próximo ao Mercado Labmoda, que reuniu cerca de 30 marcas curitibanas, e muito mais.

Então, fica aqui o nosso recado: em 2025, não perca essa oportunidade de ser mais cool que todo mundo e coloca logo o Coolritiba no seu radar de festivais no Brasil!