Paul McCartney faz show no Maracanã
Crédito: Marcos Hermes

Fazer parte de uma banda como os Beatles, que se tornou um verdadeiro fenômeno da música em meados da década de 1960 e até hoje é considerado um dos melhores grupos de todos os tempos, te deixa vulnerável a ouvir os mais diversos tipos de comentários do público. Paul McCartney que o diga.

Durante a trajetória dos Fab Four, o astro britânico parece ter feito o que estava ao seu alcance para que o legado dos Beatles não fosse manchado pelos conflitos internos gerados entre os integrantes da banda e por representantes do grupo.

Em entrevista à GQ (via El País), Macca declarou certa vez que foi descrito como “o sujeito que destruiu os Beatles e o safado que processou seus colegas” e que passou a ouvir isso com tanta frequência que, durante anos, quase achou que era realmente culpado.

Na conversa, o baixista se referia ao momento em que precisou processar os Beatles após a separação da banda pois não poderia processar somente Allen Klein, que passou a ser o representante do grupo depois do falecimento de Brian Epstein, “porque não havia outra maneira de preservar o trabalho duro de toda a minha vida”.

Paul McCartney já falou mal dos Beatles?

Mesmo com tudo isso, podemos dizer que é muito difícil encontrar registros de Paul McCartney falando mal de sua banda ou das músicas lançadas pelos Beatles.

Então, para os fãs conseguirem descobrir alguma faixa que não tenha agradado tanto assim o lendário músico, é preciso ler nas entrelinhas e observar detalhes ditos por Macca ao longo de sua trajetória.

Confira a seguir uma compilada pela Far Out com 10 músicas que podem ser consideradas por Paul McCartney como as piores dos Beatles.

Piores músicas dos Beatles segundo Paul McCartney

“Little Child”

Uma das músicas que, para Paul McCartney, não precisava ser incluída no segundo disco de estúdio dos Beatles, With the Beatles, era “Little Child”. Em seu livro biográfico Many Years From Now, escrito por Barry Miles, Macca admitiu que aquela canção era algo mais mecânico, por assim dizer. Ele explicou:

Certas músicas tiveram inspirações e você apenas seguia isso. Algumas outras músicas eram, ‘Certo, vamos lá, [temos] duas horas, [vamos fazer a] música para o Ringo [Starr] no álbum’.

“Hold Me Tight”

Outra faixa do segundo disco dos Beatles que parece não ter agradado muito Paul é “Hold Me Tight”. A faixa também não era a favorita de John Lennon, que em 1980 disse a David Sheff:

Essa era do Paul. Talvez eu tenha colocado alguns trechos ali – não me lembro. Era uma música muito pobre e, de qualquer maneira, nunca me interessei realmente por ela.

Na biografia Many Years From Now, Paul reforçou o posicionamento de Lennon, declarando:

Quando começamos, eram apenas singles, e estávamos sempre tentando escrever singles. É por isso que você tem muitas dessas músicas de dois minutos e 30 segundos; todas saíram com o mesmo comprimento. ‘Hold Me Tight’ foi uma tentativa fracassada de criar um single que se tornou uma forma aceitável de preencher o álbum.

“I’m Happy Just To Dance With You”

McCartney definiu “I’m Happy Just To Dance With You” em seu livro como “uma canção meio formulaica”, apontando que sempre era possível fazer músicas utilizando os acordes daquela faixa.

Sobre a canção que integra o disco A Hard Day’s Night (1964) e que foi co-escrita por George Harrison, Paul declarou:

Na verdade, não gostávamos de cantá-la porque era um pouco… As que agradavam aos fãs, na verdade, eram as músicas que menos gostamos, mas eram boas. Elas eram boas para a época. O bom disso foi realmente fazer uma música com uma pequena premissa como essa. Uma pequena ideia simples. Foi um treino de composição.

“Tell Me What You See”

Paul McCartney não se preocupava em apostar em músicas que ele não considerava suas melhores composições. No entanto, isso aconteceu com “Tell Me What You See”, que integrou o quinto álbum de estúdio dos Beatles, Help!. Sobre a faixa, escrita em parceria com Lennon, ele disse:

Acho que me lembro dessa como sendo minha. Eu diria que foi um 60-40, mas poderia ter sido totalmente eu. Não é muito memorável. Não é uma das melhores músicas, mas elas fizeram um bom trabalho, foram muito úteis para álbuns ou lados B. Você precisa desse tipo de coisa.

“What You’re Doing”

Entre as faixas que Macca acredita que poderiam ter tido um resultado melhor em suas gravações está “What You’re Doing”, que surgiu inspirada em seu relacionamento com a atriz Jane Asher. Sobre a canção que faz parte do disco Beatles For Sale, o astro explicou:

‘What You’re Doing’ surgiu para preencher espaço. Acho que foi um pouco mais minha do que do John… Às vezes você começa uma música e espera que o melhor chegue quando você chegar ao refrão, mas às vezes isso é tudo que você consegue, e eu tenho a impressão que foi o caso dessa. Talvez seja caso de uma gravação melhor do que a música em si; algumas vezes é assim. Às vezes, uma boa gravação melhoraria uma música.

“She Said, She Said”

Com os Beatles passando a explorar sonoridades mais psicodélicas nos meados da década de 1960, Paul McCartney era visto como um dos mais exigentes do grupo e, quando algo saía como ele não esperava, isso poderia causar um conflito.

Em sua biografia, Macca admitiu um detalhe sobre “She Said, She Said” que pode ter deixado muitos fãs surpresos:

John a trouxe praticamente pronta. Não tenho certeza, mas acho que foi uma das únicas músicas dos Beatles em que nunca toquei. Acho que tivemos uma discussão ou algo assim, e eu disse: ‘Ah, vá se foder!’ e eles disseram: ‘Bem, nós faremos isso.’ Acho que George tocou baixo.

“Yer Blues”

O próprio Paul já teve que vir a público contestar rumores de que não gosta de “Yer Blues”, e só isso já diz muito sobre a faixa do White Album. No entanto, apesar da afirmação do músico à Rolling Stone dizendo que “foi muito bom” ter gravado a canção em um local pequeno e ao vivo, ainda existem aqueles que acham que não é bem por aí.

Um deles é o crítico de música Ian MacDonald, que escreveu o livro Revolution in the Head: The Beatles, e que aponta em sua obra que Macca ficou “emburrado” durante a gravação da música. Ele afirma ainda que o ex-Beatle não ficou feliz com o resultado final. Será?

“Revolution 9”

Sobre a faixa “Revolution 9”, tudo o que os fãs sabem com relação à opinião de Paul veio através de terceiros. Ao que tudo indica, o músico gostaria que “Revolution 9” fosse cortada do White Album, mas o baixista não teve sucesso ao tentar um acordo com Lennon.

Em seu livro de memórias Here, There and Everywhere: My Life Recording the Music of the Beatles, o engenheiro de som Geoff Emerick declarou:

Paul simplesmente não via isso como uma música dos Beatles. E ele certamente não concordou que essa era a direção que os Beatles deveriam seguir.

“Across the Universe”

Uma música que também não está na lista de favoritas de Paul McCartney é a balada “Across the Universe”, escrita por Lennon e que integrou inicialmente um álbum de caridade do World Wildlife Fund, No One’s Gonna Change Our World.

Em seguida, a faixa foi incluída em Let It Be com um novo arranjo criado por Phil Spector, mas o baixista não era fã dos overdubs, como mostrou em suas próprias músicas como “The Long and Winding Road”, e o recurso estava bastante presente aqui.

Lennon chegou a dizer que Macca havia “sabotado” sua canção com uma “atmosfera de frouxidão e casualidade”.

“I Want You (She’s So Heavy)”

Na produção do disco Abbey Road, que foi lançado cerca de um ano antes do grupo encerrar suas atividades, Macca também demonstrou incômodo com uma das faixas criadas pelo grupo.

Segundo o engenheiro de som Geoff Emerick, o artista não aprovou a experimentação sonora que estava sendo usada na criação de “I Want You (She’s So Heavy)”. Em seu livro de memórias, Geoff declarou:

Por cima do meu ombro, vi um Paul abatido sentado e caído, de cabeça baixa, olhando para o chão. Ele não disse uma palavra, mas sua linguagem corporal deixou claro que ele estava muito infeliz.

Para Paul, deve ter sido como ‘Revolution 9’ novamente. John estava distorcendo deliberadamente a música dos Beatles, tentando transformar o grupo em um conjunto de vanguarda em vez de uma banda pop.

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