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Beartooth mostra que o Metal pode ser Pop com o novo disco “The Surface”

Ano após ano, artistas do Metal têm se afastado da concepção de que o gênero não conversa com outros estilos fora de sua bolha. São inúmeros exemplos atualmente de universos se conectando de maneiras sensacionais, e o mais recente é sem dúvidas o surpreendente novo disco do Beartooth.

The Surface foi lançado nesta sexta-feira (13) e vê a banda de Caleb Shomo mais madura do que nunca. Conhecido por ser parte da cena Metalcore, o grupo sempre chamou atenção mas tinha dificuldade para quebrar a barreira do seu próprio escopo; agora, esses obstáculos são completamente demolidos graças a uma série de fatores.

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Logo nos primeiros segundos do álbum, que se inicia já com a faixa-título, Caleb dá o recado: turn it up. É melhor obedecer e aumentar o volume, porque The Surface é um daqueles discos para você ouvir com a caixa de som estourando, enquanto bate cabeça ao som de riffs pesadíssimos e canta junto de refrães melódicos e sensacionais, criando um contraste cada vez mais popular no Metal moderno.

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Beartooth acha equilíbrio entre Metal e Pop Rock em novo disco

A própria música de abertura do trabalho é um ótimo exemplo de como o Metal e o Pop Rock coexistem no novo álbum do Beartooth. Essa sonoridade é, aliás, resultado de uma renovação interna do próprio Caleb Shomo — que deu mais detalhes sobre isso em uma entrevista a ser publicada no futuro próximo.

Tratando de seus vícios e buscando uma perspectiva mais positiva com relação à vida, Shomo encontrou em The Surface a liberdade para expressar as dúvidas, dificuldades e conquistas que viveu nos últimos anos. “Riptide”, primeiro single do álbum e segunda faixa na tracklist, é o ponto de partida para entender toda essa sonoridade.

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Assim como o restante do álbum, “Riptide” aposta em timbres fortes e que parecem ter sido criados pensando em grandes arenas. Os versos agressivos (porém sem gritos) e o refrão mais cadenciado e grudento também dão a receita para a abordagem que o Beartooth tem em seu novo trabalho, muito bem representado pela escolha da cor rosa em oposição aos temas mais sombrios de obras anteriores.

Liricamente, a faixa é um desabafo quase que literal sobre a luta contra o vício. Simultaneamente, a parte instrumental faz o ouvinte navegar pelos diversos sentimentos que envolvem esse processo, incluindo um sensacional breakdown que, dado o sucesso da canção em rádios e playlists, mostra que cada vez mais os fãs de música estão ficando abertos novamente à chamada “música de guitarras”.

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Ainda assim, o Beartooth também parece disposto a ceder em alguns pontos para que o som da nova fase alcance mais pessoas. Muito inspirado pelo clima da Califórnia, como revelou em conversa com o TMDQA!, Caleb Shomo encontra em faixas como “The Better Me” e “Might Love Myself” uma perspectiva que realmente flerta muito com o Pop Rock e até com outros gêneros como o Country, através da presença de HARDY na primeira.

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Dos riffs pesados aos refrães grandiosos

A grande sacada aqui é que tudo isso é feito sem que a banda perca sua essência. Os riffs estão entre alguns dos mais pesados que ouvimos neste ano, e os timbres agressivos ajudam a dar ainda mais peso a The Surface, que também tem momentos mais próximos aos que muitos dos fãs deveriam esperar, como “Doubt Me” e “Sunshine!”.

Talvez o melhor exemplo, no entanto, seja “What’s Killing You”. A canção começa pesadíssima, com o vocal gritado tradicional de Caleb, antes de chegar a um verso um pouco mais melódico; a crescente Pop vai se desenvolvendo com um bom pré-refrão, que leva o ouvinte diretamente para um refrão grudento e digno de ser cantado em coro por um estádio lotado.

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Assim como esta, “What Are You Waiting For” segue praticamente a mesma receita, ainda que com uma pegada um pouco mais Punk/Hardcore que evidencia, novamente, o fato de Caleb ter se disposto a transpor qualquer barreira para encontrar uma sonoridade que converse com o máximo de pessoas possível.

Se o Beartooth vai realmente furar todas as bolhas e chegar a grandes festivais ao redor do mundo ainda é uma grande incógnita. Hoje, com The Surface, o que a banda garante é que está pronta para ter a multidão na mão se a oportunidade vier.

Beartooth – The Surface

Published by
Felipe Ernani