The Weeknd é um artista peculiar. Com origens no R&B e Hip Hop, o canadense Abel Tesfaye, que fez show hoje (10) em São Paulo, no Allianz Parque, repentinamente se viu ocupando os maiores palcos do planeta e se tornou um ícone Pop, tendo simplesmente alcançado o maior número de reproduções da história do Spotify com “Blinding Lights”.

Apesar disso, em muitos aspectos, Abel se mantém um artista “raiz”. Na apresentação da capital paulista, por exemplo, fez questão de trazer um repertório que, claro, privilegia seus trabalhos mais recentes, mas não esquece de alguns dos seus primeiros sucessos mesmo que isso acabe deixando parte dos presentes perdidos.

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Essa peculiaridade se traduz de diversas formas que ficaram muito perceptíveis durante o show desta terça-feira, a começar pelo público: era difícil olhar para os lados e identificar uma tribo que estivesse lá em peso.

Sabe aquela história de ir em um show de Rock ou Metal e ver todo mundo de camiseta preta? Pois é. Com The Weeknd, não há um padrão. Isso não é demérito nenhum, claro, já que comprova a pluralidade artística do canadense, que obviamente teve respostas melhores da plateia ao tocar hits como “Blinding Lights” mas certamente se emocionou ao ver os fãs mais fervorosos cantando “House of Balloons” em coro.

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The Weeknd montou megaestrutura no Allianz Parque

Para falar sobre o show de The Weeknd, é preciso entender primeiro o que o diferencia de todos os outros. A megaestrutura montada pelo artista é — novamente — peculiar, apostando em um formato que divide o estádio em apenas três setores: pista premium, cadeira inferior e cadeira superior.

Isso acontece porque Abel tem uma enorme passarela que ocupa praticamente todo o campo de futebol do local. Próximo ao meio, fica a estátua robótica gigante projetada pelo lendário Hajime Sorayama, e ao final fica pendurada a enorme lua. Assim, The Weeknd tem virtualmente três lugares para cantar: o palco “normal”, próximo à estátua (bem ao meio da parte cinza no mapa abaixo) e próximo à lua (bem ao final da parte cinza no mapa abaixo).

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Mapa de The Weeknd em São Paulo

Para quem ficou na pista premium, como é o caso dos profissionais de imprensa, a experiência é no mínimo curiosa. Há apenas um pequeno espaço, bem distante das entradas principais do setor, onde se poderia assistir ao show de frente — e, neste caso, seria praticamente o equivalente a assistir à apresentação do final de uma “pista comum” (se houvesse), exceto nos momentos em que ele chega próximo à lua.

A sensação que fica é a de que The Weeknd transformou o Allianz Parque em uma pista de dança, muito também pelo perfil de parte do público que ocupou o local. Os fãs mais fervorosos, possivelmente já sabendo que a experiência de assistir ao show da cadeira proporciona uma visão mais completa do espetáculo, pareceram ter se concentrado principalmente no setor inferior de assentos.

Com isso, não era difícil ver pessoas aproveitando os momentos com músicas menos conhecidas para tirar fotos, comprar bebidas e coisas do tipo. Não há demérito nenhum e, claro, cada um faz seu próprio show — o resultado disso, no entanto, é o que falamos acima de gerar um clima mais de pista de dança do que de show propriamente dito.

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The Weeknd trouxe visual ciborgue e performance impecável ao Brasil

Quanto a Abel em si, é difícil sequer falar algo sobre a performance do canadense. Focado em entregar seu melhor do começo ao fim, The Weeknd não interage tanto com o público porque parece mais preocupado em fazer com que seus fãs ouçam o máximo possível de músicas, o que também implica no encurtamento de algumas faixas.

Para se ter uma ideia, uma playlist com as 42 (!) músicas tocadas por ele tem cerca de 3h de duração. O show, que começou com cerca de 15 minutos de atraso, por volta das 20h45, terminou por volta das 23h00 — por volta de 2h15 de duração, o que mostra não apenas o quanto várias faixas foram reduzidas mas também como algumas foram aceleradas, caso por exemplo de “Can’t Feel My Face”.

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É importante deixar claro que essa escolha, novamente, parece ser feita pensando nos fãs e é realizada com muito cuidado. O trabalho de transição entre as músicas é fantástico, praticamente incorporando uma à outra com maestria e, até por isso, tirando um pouco do espaço para Abel conversar com o público. Ele compensa isso com momentos em que esbanja carisma, principalmente depois de abandonar o capacete de seu visual ciborgue.

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A mudança de visual acontece por volta da metade do show, e dali pra frente Abel parece mais solto. Chegou a descer do palco e interagir com os fãs, inclusive colocando algumas pessoas da plateia para cantar o refrão de “Out of Time”, e em alguns momentos reverenciou o público pela ótima resposta que teve do começo ao fim.

Como tudo que The Weeknd faz, seu show é peculiar. Algumas coisas parecem funcionar melhor, como a incrível estrutura sonora, e outras nem tanto, como o palco gigante que acaba oferecendo uma visão bem diferente aos fãs e as pulseiras brilhantes a la Coldplay, que parecem ser bem subutilizadas.

O que definitivamente não deixa nenhum espaço para contestação é a performance de Abel Tesfaye. O cantor é absolutamente impecável do começo ao fim, mostrando potência, carisma, dando atenção para cada fase de sua carreira quase que igualmente e garantindo aos fãs um espetáculo realmente inesquecível e, acima de tudo, único.

The Weeknd em São Paulo – fotos e setlist

Setlist The Weeknd em São Paulo (10/10/2023):

1. Intro/LA FAMA
2. False Alarm
3. Party Monster
4. Take My Breath
5. Sacrifice (Swedish House Mafia remix)
6. How Do I Make You Love Me?
7. Can’t Feel My Face
8. Lost in the Fire (Gesaffelstein & The Weeknd)
9. Hurricane (Kanye West & The Weeknd) (parcial)
10. The Hills
11. Kiss Land (parcial)
12. Often
13. Crew Love (Drake & The Weeknd) (parcial)
14. Starboy
15. Pray for Me (Kendrick Lamar & The Weeknd) (parcial)
16. House of Balloons
17. Heartless
18. Low Life (Future & The Weeknd) (parcial)
19. Reminder
20. CIRCUS MAXIMUS (Travis Scott & The Weeknd) (parcial)
21. Stargirl Interlude
22. Faith
23. After Hours
24. Earned It
25. In the Night
26. Love Me Harder (Ariana Grande & The Weeknd)
27. Out of Time
28. I Feel It Coming
29. Die for You
30. Is There Someone Else?
31. I Was Never There
32. Wicked Games
33. Call Out My Name
34. The Morning
35. Save Your Tears
36. Less Than Zero
37. Blinding Lights
38. Tears in the Rain
Bis:
39. Creepin’ (Metro Boomin & The Weeknd)
40. Popular (The Weeknd, Playboi Carti & Madonna)
41. In Your Eyes
42. Moth to a Flame (Swedish House Mafia & The Weeknd)

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