A primeira noite do C6 Fest em sua edição carioca mostrou a verdadeira vocação do evento: a celebração da música e suas tribos. A estreia aconteceu no Vivo Rio com casa cheia e uma noite dedicada à eletrônica de vanguarda, com shows de Kraftwerk e Underworld.

A primeira atração, pioneira alemã que ajudou a construir a “música de computadores” que conhecemos hoje; a segunda, uma longeva demonstração das sensações que a música eletrônica pode provocar, diretamente do País de Gales. A pontualidade foi também britânica.

Show do Kraftwerk no C6 Fest

O Kraftwerk mostrou, de cara, o motivo da vibração do público: a oportunidade de ver a construção, ao vivo, daqueles sons sintetizados nas quatro plataformas onde ficam o membro fundador Ralf Hütter, além de Henning Schmitz, Falk Grieffenhagen e um novo integrante, cujo nome ainda não foi anunciado.

Isso porque a formação dessa “usina de energia” – como entrega seu nome – mudou recentemente, com Fritz Hilpert ainda afastado das atividades, sem previsão de retorno, e o falecimento de Florian Schneider em abril de 2020.

Mas o Kraftwerk faz de sua apresentação uma celebração da potência que emanou de cada um de seus antigos membros, agora representados apenas na presença de Ralf. Isso não muda a postura contida e já conhecida do quarteto no palco. As emoções à flor da pele ficam apenas por conta da plateia, que vibra a cada marco da sua discografia em uma verdadeira jornada futurista e hipnotizante. 

O show começou com “Numbers / Computer World”, uma introdução pulsante e enérgica que imediatamente envolveu a plateia. Os sons eletrônicos e batidas rítmicas transportaram todos para um mundo digital e tecnológico.

Em seguida veio “Spacelab”, uma faixa que evocou imagens de exploração espacial e viagens intergalácticas. A performance impecável e os visuais impressionantes mergulharam o público em um universo de mistério e maravilha. Todos os vídeos no telão abraçam a estética do “futuro do passado”, em cenários retrô e distópicos. Neste momento, o Kraftwerk habita uma espaçonave que logo os traz para o Vivo Rio. O telão parece dizer: “Rio, chegamos. Vamos começar esta festa”.

A emblemática “The Man-Machine” trouxe uma atmosfera robótica ao palco, com sua batida cativante e vocais sintetizados. Os espectadores se sentiram imersos em um mundo onde humanos e máquinas coexistem harmoniosamente, o que fez a transição para a próxima música muito sutil. O clássico “Autobahn” fez com que a multidão embarcasse em uma viagem emocionante pelas estradas alemãs. Os sons do motor e a melodia contagiante despertaram a sensação de velocidade e liberdade.

“Computer Love” cativou os corações com uma letra sobre o amor na era digital. Uma das músicas mais aguardadas da noite, “The Model” trouxe uma energia palpável ao show. Em seguida, o grupo apresentou uma sequência de fôlego, com “Tour de France 1983 / Prologue / Tour de France Étape 1 / Chrono / Tour de France Étape 2”. Essa dinâmica trouxe uma atmosfera de competição e dinamismo, com batidas pulsantes e ritmos acelerados acompanhados por vídeos antigos da tradicional competição de ciclismo.

Então o Kraftwerk continuou em movimento. “Trans Europe Express” foi um dos momentos de destaque da noite, com letras que evocavam a viagem de trem pela Europa. A presença dos robôs ficou restrita ao telão, com a performance de “The Robots”. Os movimentos mecânicos e os visuais futuristas criaram uma experiência imersiva e surreal. 

Por fim, “Boing Boom Tschak / Music Non Stop” foi a despedida que fez o público vibrar a cada membro que descia, finalmente, de sua plataforma para se curvar diante da plateia. O último deles, Ralf Hütter, recebeu os aplausos intensos após finalmente se dirigir aos fãs: “goodbye, auf wiedersehen, adiós”

Continua após o vídeo

Show do Underworld no C6 Fest

A primeira noite do C6 Fest se transformou em uma ode à eletrônica que formou as bases das batidas que conhecemos hoje. Após o pioneirismo do Kraftwerk, entrou em cena a intensidade do Underworld, um duo que está em atividade desde 1980.

Composto por Karl Hyde e Rick Smith, o projeto alcançou sucesso mundial com o lançamento de “Born Slippy .NUXX” em 1996, presente na trilha sonora do filme Trainspotting, o que levou o Underworld a sair do submundo para o mainstream da cena eletrônica.

Sua música é caracterizada por batidas pulsantes, elementos experimentais e letras poéticas carregadas pelo vocal de Hyde. Ao longo de sua carreira, a banda produziu uma discografia diversificada e influente, explorando gêneros como techno, house e ambient, e agora mantém sua reputação como uma figura proeminente nesse cenário. Isso não passou despercebido pelo público carioca, que abraçou o show como uma oportunidade para dançar.

No setlist estavam desde sucessos dos anos 90 até singles recentes, como “and the colour red”, lançada este ano, e “Juanita 2022”, que abriu o set. Juntamente com “Two Months Off”, eles estabeleceram um ritmo contagiante e cativaram a plateia desde o início. 

“Push Upstairs” e “Jumbo” mantiveram a energia elevada, enquanto “Dark & Long (Dark Train)” trouxe uma atmosfera mais intensa. “King of Snake” foi um destaque, com sua batida envolvente e melodias marcantes. A fusão de “Rez/Cowgirl” foi seguida pelo single mais recente, em uma vibração mais atmosférica. Por fim, a explosão de energia de “Born Slippy .NUXX” encerrou o show de forma memorável. 

A performance do Underworld depende muito da presença de palco de Karl Hyde, um vocalista que entrega muita energia. Apesar dos cabelos brancos, seu vocal e sua dança permanecem joviais e intensos, o que motiva o público a permanecer em movimento até o fim – mesmo que seja após a meia-noite em plena quinta-feira nublada no Rio de Janeiro.

Tudo isso atesta a intensidade e a inventividade das performances de Kraftwerk e Underworld no que foi apenas o primeiro dia do C6 Fest. Você ainda pode garantir ingressos para os próximos dias, que contam com shows de Samara Joy, Jon Batiste, The War on Drugs e mais neste link.

Confira fotos e os setlists da noite a seguir e continue acompanhando a cobertura do TMDQA! no site e nas nossas redes sociais!

Fotos – Kraftwerk e Underworld no C6 Fest (Rio de Janeiro)

Setlist Kraftwerk no C6 Fest – Rio de Janeiro

1. Numbers / Computer World
2. Spacelab
3. The Man-Machine
4. Autobahn
5. Computer Love
6. The Model
7. Tour de France 1983 / Prologue / Tour de France Étape 1 / Chrono / Tour de France Étape 2
8. Trans Europe Express / Metal On Metal / Abzug
9. The Robots
10. Planet of Visions
11. Boing Boom Tschak / Music Non Stop

Setlist Underworld no C6 Fest – Rio de Janeiro

1. Juanita 2022
2. Two Months Off
3. Push Upstairs
4. Jumbo
5. Dark & Long (Dark Train)
6. King of Snake
7. Rez/Cowgirl
8. And the Colour Red
9. Born Slippy .NUXX

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