Tuyo no Festival Polifonia
Tuyo. Foto: Karyme França / Festival

Saudades de um show, né? A troca de energias entre artista e público, a performance, o som alto…

No dia 21 de Novembro, o Festival Polifonia relembrou essa sensação única que revolução tecnológica nenhuma vai conseguir otimizar. O evento, sediado no Vivo Rio (RJ), contou com apresentações emocionantes que marcaram a volta de alguns artistas relevantes aos palcos depois de dois anos. Mas não foi só isso: teve até show de estreia naquela noite!

Essa edição do evento foi considerada uma “versão soft“, designada a aquecer os corações dos fãs para o já confirmado festival de 2022, e contou com um line-up de seis shows. Subiram ao palco Terno Rei, Tuyo, Clarissa, Romero Ferro e Felipe Flip. Além disso, o Polifonia teve seu início com o show especial do supergrupo Lo-Fi Brasil.

O objetivo do Polifonia é claro: dar força aos artistas independentes e estimular o consumo da cena. Assim, cria-se um diálogo entre nomes de diferentes regiões e gêneros musicais e evidencia-se a riqueza e a qualidade artística de uma vertente cada vez mais pulsante da nossa cultura.

Vale lembrar também que o evento aconteceu respeitando medidas contra o coronavírus, assim como tem acontecido em grande parte das casas de shows que estão, aos poucos, retornando às atividades. Além da necessidade da apresentação do comprovante de vacinação, o público foi separado em mesas de forma a evitar aglomerações.

O TMDQA! esteve presente e vai contar abaixo um pouco sobre os shows em si e sobre os sentimentos provocados.

Lo-Fi Brasil, o supergrupo que a cena lo-fi queria

Lo-Fi Brasil no Festival Polifonia
Foto: Karyme França / Festival Polifonia

A abertura do evento foi para lá de especial. O show Lo-Fi Brasil reuniu colours in the dark, FaOut, Linearwave, Pelicano, IzaBeats e Ricardo Schneider. Mais do que uma apresentação colaborativa, no entanto, esse espetáculo voltou os olhos do público à presença cada vez mais notável de artistas do universo lo-fi no nosso país. O movimento tem conquistado cada vez mais espaço entre produtores musicais e, consequentemente, acumula a cada dia um número cada vez maior de ouvintes.

Essencialmente instrumental, o show misturou elementos orgânicos com eletrônicos e criou uma atmosfera ao mesmo tempo nostálgica e moderna. Foi um show inquieto e inrotulável, com referências em gêneros como rock, soul e jazz. O setlist misturou canções autorais de todos os envolvidos, dando vida a uma apresentação plural, rica e bem produzida.

Felipe Flip lançando seu novo disco

Felipe Flip no Festival Polifonia
Foto: Karyme França / Festival Polifonia

O primeiro show solo da noite ficou por conta do paulistano Felipe Flip. A ocasião se tornou ainda mais especial por se tratar do lançamento do mais novo álbum do rapper, Pela Cor, lançado no mês de Novembro, e o show veio com foco total nas músicas que nasceram desse projeto.

Lio Soares, da Tuyo, ainda subiu ao palco para a performance das colaborações “Ruim de Esquecer” e “Mato e Morro“, ambas frutos do novo disco. Mesmo com a casa ainda enchendo, Felipe conquistou o público, fazendo uma conexão musical interessante entre o lo-fi e as demais atrações através de sua lírica afiada e de seus beats, simultaneamente leves e contagiantes.

Romero Ferro colocou todo mundo para dançar

Romero Ferro no Festival Polifonia
Foto: Karyme França / Festival Polifonia

Talvez o artista esteticamente mais deslocado do line-up dessa edição, o pernambucano Romero Ferro se mostrou um elemento mais do que fundamental para a amplitude musical proposta pelo Polifonia.

Misturando pop com elementos da música tropical brasileira e timbres nostálgicos, o cantor conseguiu com facilidade envolver o público com sua marcante presença de palco. Muitos não se contiveram e levantaram para dançar o envolvente ritmo das músicas. Mas não é só de dança que esse espetáculo foi composto, já que a trajetória musical de Romero também conta com um discurso social e político importante, a exemplo das faixas “FAKE” (mais pelo meio do repertório) e “Tolerância Zero” (que encerrou a apresentação).

No entanto, não foi só ele que roubou a cena durante a apresentação. Além dos músicos e dançarinos que o acompanhavam no palco, Doralyce foi o “elemento X” do show. Juntos, cantaram a recém-lançada parceria “Chega Perto” e, logo depois, a cantora assumiu o protagonismo para cantar seu hit “Miss Beleza Universal” enquanto enfatizava a mensagem da letra para o público. Foi amplamente aplaudida por todos os presentes.

O show de estreia de Clarissa

Clarissa no Festival Polifonia
Foto: Karyme França / Festival Polifonia

Se você ainda não ouviu falar de Clarissa, é melhor se atualizar. A cantora e atriz, de apenas 20 anos, imprime em suas músicas referências de pop e pop rock com letras sentimentais e muita personalidade na voz. O Polifonia, por sinal, marcou sua estreia nos palcos, já que seus primeiros singles foram lançados apenas em 2021.

As expectativas para a apresentação eram grandes. Muitos, em especial do público mais jovem, estavam presentes principalmente para vê-la. A cantora subiu ao palco durante uma introdução instrumental guiada por sua banda, arrancando aplausos dos presentes e já emendou em “Bem Me Quer, Mal Me Quer“, uma das faixas de seu EP homônimo.

O show prosseguiu na linha suave de suas canções, mesclando as faixas do lançamento citado acima com singles lançados depois. Clarissa soube fisgar e impactar o público, mesmo não conseguindo disfarçar o nervosismo e a felicidade em pisar no palco diante de um grande público pela primeira vez.

O auge da apresentação foi o seu maior hit até então, a canção “nada contra (ciúme)“. A música chegou de surpresa na setlist, quase que colada à performance de outro single, “não me importo mais“. Outro momento interessante foi quando foi tocada uma cover delicada de “i wanna be your girlfriend“, da girl in red.

A “experiência” Tuyo

Tuyo no Festival Polifonia
Foto: Karyme França / Festival Polifonia

Um dos principais mistérios sobre todo o Polifonia era saber como a banda Tuyo montaria seus novos repertórios. Afinal, agora eles contam com as canções do ótimo Chegamos Sozinhos Em Casa, lançado neste ano.

De fato, o disco novo deu o tom para a apresentação. Canções como “Abismo“, “Tanto Deus“, “Vitória Vila Velha” e “O Jeito É Ir Embora” estiveram presentes no setlist e passaram na prova do “ao vivo”, dando sinal de que os futuros shows da banda estarão cada vez mais encorpados. Foram performances cheias de energia e personalidade, como já é de se esperar da banda. Em “Sonho da Lay“, por exemplo, a parte cantada por Luccas Carlos foi brilhantemente interpretada pelas irmãs Lio e Lay Soares.

Apesar de ter sido um show focado na nova fase da banda, os clássicos também tiveram seu espaço. No meio do repertório, performances de “Vidaloca” e “Eu Não Te Conheço” (essa última em particular com um arranjo mais dançante) emocionaram o público e colocaram para cantar quem ainda não estava completamente inteirado das novidades.

Vale destacar que Lio Soares esbanjou carisma e se confirmou como uma das artistas mais simpáticas que existem. Não apenas preocupada em emocionar o público já fã do trabalho da banda, a vocalista também fez questão de cumprimentar quem foi ao festival para assistir a outros artistas, querendo garantir que eles fizessem o melhor uso possível da “experiência Tuyo”. Na performance de “Tem Dias“, por exemplo, ela pediu para o público repetir algumas vezes a passagem abaixo (que, apesar de longa, deu certo):

“Tudo que eu tenho dentro foi você que trouxe.
No fim, a gente só mudou de nome pra poder mudar de jeito
E a gente se amar direito”

Qualquer leigo teria sido capaz de sair do Vivo Rio cantarolando pelo menos uma música da banda! Isso é fruto dessa incomparável “experiência Tuyo”.

Terno Rei fechando o Polifonia com chave de ouro

Terno Rei no Festival Polifonia
Foto: Karyme França / Festival Polifonia

Fechando o evento, tivemos uma incrível apresentação da banda Terno Rei. Para muitos, essa pode ter sido a primeira oportunidade de contemplar ao vivo performances de canções do aclamado álbum Violeta (2019).

Empolgado, o público cantou hits como “93“, “Roda Gigante” e “Yoko“, que vieram emendados um no outro, impactando cada vez mais a plateia. A surpresa principal (que já era esperada) veio logo após o primeiro “boa noite” de Ale Sater. De repente, Lio, Lay e Jean (da Tuyo) subiram ao palco e o que veio depois você já deve imaginar: uma performance ao vivo da colaboração “Pivete“, lançada no ano passado. As bandas também se uniram para cantar “Medo“, outra faixa do disco de estreia da Terno Rei.

O natural bis veio seguido por uma já esperada volta da banda. A Terno Rei fez com que o público do festival inteiro cantasse “Solidão de Volta” de pé e a plenos pulmões, encerrando a edição 2.1 do Polifonia com chave de ouro.

Festival Polifonia 2022

A próxima edição do Polifonia vai acontecer também no Vivo Rio e está confirmada para o dia 21 de Agosto de 2022. Os ingressos estão disponíveis no site do estabelecimento.

Enquanto isso, confira abaixo algumas fotos da edição 2.1.

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