Joe Duplantier, do Gojira, participa de manifestação em Brasília
Reprodução/Instagram (foto por Robin D Hood)

Em Agosto, o francês Joe Duplantier, frontman da banda de Metal Gojira, desembarcou no Brasil para se juntar aos indígenas nos protestos contra o Marco Temporal.

Como te contamos anteriormente, cerca de 6 mil representantes indígenas de 170 povos e etnias se reuniram em Brasília para manifestações em oposição ao Projeto de Lei 490, de 2007 (PL 490/2007) que, se aprovado, basicamente deixaria de considerar como terras indígenas quaisquer lugares ocupados por esses povos após 5 de Outubro de 1988.

Com o projeto tornando-se lei, os indígenas serão obrigados a comprovar que as terras demarcadas onde vivem estavam ocupadas antes da promulgação da Constituição de 1988. Porém, especialistas apontam que realizar esse tipo de comprovação seria extremamente difícil por inúmeras razões.

Com este cenário, Joe Duplantier decidiu dar visibilidade à luta dos indígenas e durante sua viagem a Brasília participou das manifestações, conversou com os nativos e até chegou a ser batizado pela tribo Guarani-Kaiowá.

Viagem de Joe Duplantier, do Gojira, ao Brasil

Recentemente, o integrante do Gojira conversou com o Metal Injection e revelou alguns motivos que o levaram a querer se envolver mais diretamente com a situação pela qual o Brasil está passando.

Inicialmente, o músico apontou que se preocupa com frequência com o meio ambiente e destacou que sua banda sempre busca refletir sobre a importância da natureza para os seres humanos antes de compor suas músicas. Ele disse (transcrito pela Whiplash.Net):

A forma como estamos usando recursos, a forma como nos comportamos, a economia, os sistemas políticos, a educação, o dinheiro… é uma bagunça organizar tudo entre nós humanos. Há algumas coisas que são esquecidas ou consideradas de forma errada. E as pessoas tendem a se desconectar da natureza, sendo que nós somos natureza.

Em seguida, Joe compartilhou alguns detalhes da criação da faixa “Amazonia”, que foi lançada pelo Gojira em seu último disco Fortitude (2021), e que além de abordar com bastante intensidade a preservação da Amazônia, teve sua renda destinada à ONG Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Ele contou:

Nos encontramos em estúdio e no mesmo dia vimos notícias de que a Amazônia estava em chamas. Ficamos muito tristes. Era um sentimento muito simples. Era difícil ver a Amazônia, com tudo que ela representa para a humanidade e para a diversidade de animais, em chamas. Isso não é novidade.

Haters dirão: ‘espera aí, fogo é parte da vida’. Eu amo fogo. Não passo um dia sem usar fogo. Mas esse não é o ponto. Há mais de 80 mil incêndios ocorrendo ao mesmo tempo. Você vê que o aquecimento global é um grande problema quando há todos esses incêndios no verão (do Hemisfério Norte), houve muito na Grécia, Turquia e em todos os outros lugares. É uma consequência do nosso estilo de vida.

Na conversa, o artista ainda fez críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro e sua maneira de conduzir os problemas ambientais enfrentados pelo Brasil. Ele apontou:

Os indígenas usam um tipo específico de material para construir suas casas: madeira e grama. Infelizmente, é um alvo fácil para a máfia local que quer empurrar a agenda de Bolsonaro, que é sobre desenvolver economia, ganhar mais dinheiro, aumentar os negócios com a China o máximo possível ao criar rodovias e ferrovias pela Amazônia até chegar ao lado do Oceano Pacífico, aumentando o comércio com eles. Ele tem planos para erradicar a floresta o máximo possível. Alguém precisa parar esse cara.

Mesmo com os protestos em Brasília mobilizando cerca de 6 mil indígenas, Joe relata que percebeu pouco apoio da população não-indígena à causa.

O músico finalizou o assunto citando uma suposta estratégia dos políticos para votarem a PL 490. Ele acredita que as autoridades pretendem arrastar a decisão ao máximo para deixar os nativos exaustos fazendo com que eles retornem à floresta e, assim, consigam votar evitando um “rebuliço”.

Você pode conferir a entrevista completa de Joe Duplantier, em inglês e sem tradução, abaixo.

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