DENNIS
Reprodução/Instagram

Já faz algum tempo que o Funk domina muitas festas ao redor do Brasil e, com isso, um dos principais expoentes do gênero — DENNIS — tem se tornado uma das figuras mais importantes da música brasileira.

A trajetória do carioca, no entanto, não é recente. Com 25 anos de carreira, o DJ viveu diversos momentos do gênero no país e refletiu sobre essa trajetória em uma entrevista exclusiva com o TMDQA! recentemente.

Questionado se acredita que hoje em dia o Funk é mais aceito, DENNIS respondeu:

Com certeza. Eu sou da época que — e ainda existe isso, mas é menos comparado há 20 anos — você entrar e falar que é funkeiro era a mesma coisa que falar que é um marginal. ‘Ah, é da favela’. Porque os ricos gostavam de Funk, mas nas baladas de rico não tocava Funk. Era vergonhoso até para os ricos assumirem que gostavam de Funk; eles curtiam em casa, escondidos, ou faziam uma balada ali entre amigos, uma resenha. ‘Vamos curtir um Funkzinho’ e tal. E muitos ricos subiam o morro, pra favela, pra ir curtir. E existiam aqueles que tinham vergonha, principalmente os produtores de eventos de Zona Sul aqui no Rio; foi bem difícil introduzir o Funk nas grandes casas de Zona Sul, de poder aquisitivo mais alto da cidade.

Passamos por muitos momentos ruins, até por conta de ter aquela ligação com o tráfico de drogas. Porque o Funk é do povo, vem da comunidade, da favela; quem é de comunidade sabe que é um outro mundo. Existe, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, um Rio de Janeiro dentro de outro Rio de Janeiro, entende? Quando você vai no Jacarezinho, no Complexo do Alemão, você pega um moleque ali de 8, 10 anos de idade, ele não conhece o que tem fora, ele conhece o que tá ali dentro. Pra ele, ver uma AR-15 é normal. Ele pensa que qualquer pai vê, qualquer criança vê em qualquer lugar do mundo, porque pra ele é normalidade.

Mas aquela criança de 8, 10 anos, tem um puta dom de escrever música. E aí ele vai relatar aquilo na música dele, e ele vai escrever falando da arma; e aí vira o tal do ‘proibidão’. A gente sabe que não é culpa do movimento, não é culpa do Funk, assim como existem as conotações sexuais nas músicas; não vamos ser hipócritas aqui, uma das melhores coisas do mundo é transar, fazer sexo! A gente gosta de transar e vai colocar isso na música.

Complementando a fala anterior, o DJ compara o Funk com o cinema e cita obras como Cidade de Deus Tropa de Elite, que relatam uma realidade — muitas vezes triste — das cidades brasileiras:

Eu acho que algumas músicas são pra adultos, realmente; eu penso muito assim, se eu não gosto de uma coisa, eu viro a chavinha, mudo de canal… Tem música pra todo mundo, assim como livros. Existem livros que são para maiores de 18 anos, existem livros infantis; existe Funk pra criança, existe o Funk pra galera que não curte ouvir palavrão, existem todas as vertentes. A questão da educação conta muito, a forma como a pessoa foi educada. Acho que tem pra todo mundo, e cada um segue a sua vertente; não tem o bem e o mal, se não a gente ia ter que não passar o filme Cidade de Deus, porque tem arma. Não ia passar Tropa de Elite, porque é uma realidade.

Então, as músicas contam as realidades. Uma ou outra, realmente, na minha opinião também passam do ponto. A gente tem que tomar cuidado, claro, com as crianças — não só com a música, mas uma criança saber o que é uma AR-15, uma criança segurar uma AR-15… É um problema muito maior do que o Funk, o preconceito com o Funk.

E aí, o que você acha? Vale lembrar que, recentemente, DENNIS lançou uma excelente parceria com MC Lipi MC Paulin da Capital. Você pode saber mais sobre “Guerreiro de Fé” por aqui.

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