A pandemia veio e com ela nos despedimos de uma das mais importantes partes de todo processo quando o assunto é música: os shows.
Sem previsão de volta, principalmente aqui no Brasil por conta da lenta vacinação, além de não podermos ir às apresentações também estamos vendo eventos como o Rock In Rio sendo adiados e agora perdemos a Casa do Mancha.
Localizada em São Paulo, a casa abrigou shows incríveis nos últimos anos, e era conhecida pelo clima intimista e aglomerações sensacionais onde, na mesma noite, você poderia ver uma banda despontando, um nome forte da música nacional e encontrar pessoas das mais diversas áreas da indústria da música pelo local.
Na conta oficial da Casa do Mancha no Instagram (que não era atualizada desde a última agenda de shows em Fevereiro de 2020), o responsável por isso tudo, Mancha, desabafou:
Toda conclusão de ciclo tem seu lugar de melancolia e por aqui não é diferente. Mas a música, espinha dorsal de tudo que fizemos nessa casa, nos lembra que existe beleza na melancolia.
Essa beleza é imensa, fácil de enxergar nos milhares de shows que aconteceram nesta sala, nas conversas no balcão desse bar, no quintal, no quarto que virou camarim, nas gravações de discos, vídeos e em tudo que essa casa movimentou em mais de uma década de existência.
E a força dessa beleza está justamente na sensação de pertencimento que surge dessas construções, dessas trocas. Entender que fazemos parte de algo é muito poderoso, e mesmo quando isso se desterritorializa a força permanece pra sempre.
Por isso agradeço a todas as pessoas que um dia entraram na minha casa e se sentiram em suas casas. Obrigado pelo privilégio de ter meu lar transformado num berço da música brasileira do século XXI.
Se hoje vivemos um colapso político-social [muitas vezes disfarçado de aliado] que nos empurra pro fim, esse legado é o alicerce das próximas construções assim como foi com os que vieram antes abrindo caminho pra gente.
Quando somadas, essa força, essa beleza e esse legado se tornam referência e por isso infinita. O ciclo que se encerra é parte de um todo infinito e atemporal. E é muito belo fazer parte disso.
Mais uma vez muito obrigado por tudo que construímos na nossa igrejinha, pelo carinho em cada gesto, a cada música tocada, e principalmente à deusa Música por permitir que tenhamos vivido tudo isso.
Avante!
Obviamente, por causa das restrições da pandemia de COVID-19, a Casa do Mancha permanecia fechada há cerca de um ano e nenhum show era realizado por lá.
O fechamento das portas oficial veio agora com a entrega do imóvel, situação pela qual diversos pontos da cultura brasileira têm passado nos últimos meses.
Fará muita falta!