Miranda
Foto: Divulgação

Entrevista por Nathália Pandeló Corrêa

Miranda é uma jovem cantora do Rio de Janeiro que viu a vida mudar da noite pro dia. Como em um filme, ela foi de vídeos covers no YouTube, que somavam 400 visualizações em músicas de Phil Veras, Aurora, Keane e Bright Eyes, para assinar um contrato com a Warner Music Brasil. O primeiro single, “Eu não”, ganhou um clipe que você conferiu aqui no TMDQA! e já tem mais de 1 milhão de visualizações. No final de semana de estreia, a faixa ficou entre as 10 mais tocadas do chart viral no Spotify.

Esse pontapé inicial a levou a gravar num dos estúdios mais icônicos do Rio, a Toca do Bandido, por onde já passaram nomes como Gilberto Gil, Joss Stone, Raimundos, Legião Urbana, Lenine, O Rappa e Maria Rita. O espaço é atualmente comandado Felipe Rodarte (ao lado de Constança Scofield), produtor musical indicado ao Grammy Latino (por Brutown, do The Baggios).

Parece meteórico, mas, dos seus 22 anos, 10 já são dedicados a compor canções. Autodidata, aprendeu a tocar violão por causa do irmão mais velho, começou a primeira faculdade aos 16 e atualmente cursa Teoria e Produção Musical. Olhando para o futuro, Miranda foca em mostrar o seu lado autoral com novos singles. O primeiro, autobiográfico, foi um ponto fora da curva para quem sempre escreve sobre os outros e postava conteúdo sob o pseudônimo Alien – uma inversão de letras com o seu nome, Aline. Ela sabe que agora é hora de surpreender – ao público e a si mesma – e deixar sua marca.

Conversamos com Miranda por telefone sobre esse momento de ascensão na carreira e planos para o futuro. Confira abaixo.

TMDQA!: O primeiro gostinho que a gente teve do seu trabalho autoral foi “Eu não”. E é uma música muito pessoal e íntima. Dá um friozinho na barriga de se expor, de certa forma?

Miranda: Olha, vou te confessar que tenho sim (risos). Essa é uma música bem pessoal mesmo. Foi uma das primeiras que eu escrevi falando de mim, pois em geral eu escrevo sobre histórias de outras pessoas. Então essa tem esse diferencial, porque realmente é algo que aconteceu na minha vida.

TMDQA!: Eu pergunto isso porque antes você lançava covers no YouTube e Facebook, mas o enquadramento raramente mostrava o seu rosto, o que me faz pensar que era uma forma de manter uma distância, um mecanismo de defesa. Você até assinava com Alien, o que remete ao seu nome também, mas traz esse significado de algo estranho, alheio, de não pertencimento. Era assim que você se sentia quando começou a tocar? E o que mudou de lá pra cá?

Miranda: É algo que faz parte de mim, sabe? Eu sempre tive a mania de olhar para o céu, de noite ou mesmo de dia, e pensar que talvez tenha seres que não são daqui – ou mesmo que talvez eu não seja daqui (risos). Sabe? Uns devaneios assim que as pessoas podem achar que estou louca, mas esses questionamentos têm muito a ver comigo e acabou ficando assim.

TMDQA!: Mas como foi o caminho pra você dar esse passo, deixar de ser Alien e se transformar em Miranda? Quem vê esses vídeos e vai logo para o clipe novo, nota uma ascensão meteórica, até porque já está na casa do milhão de views. Logo na sua primeira música autoral, você teve a oportunidade de lançar por uma gravadora. Como foi esse caminho dos vídeos no YouTube pra assinatura do contrato com a Warner?

Miranda: O Sérgio Affonso, da Warner, me viu no YouTube e resolveu me fazer um convite. Eles acreditaram em mim, foi assim (risos). Ele assistia ao meu canal, fiquei muito surpresa. Na época, eu não tinha nem 100 inscritos, ele me achou pelos meus vídeos, ainda nos primeiros que postei. Isso me deixou muito surpresa de verdade, porque a gente não espera que o presidente de uma grande gravadora esteja assistindo (risos).

TMDQA!: Parece história de filme, né?

Miranda: Com certeza!

TMDQA!: Você teve a oportunidade de gravar na Toca do Bandido, que tem muita história. Como aquele lugar e a produção do Rodarte te ajudaram a dar forma ao que você queria passar com “Eu não”?

Miranda: Eu sou muito fã do Rodarte! O conheci naquele dia que gravei na Toca, e o lugar é incrível, maravilhoso mesmo, te passa uma energia, sabe? Parece que cada parede tem algo a te dizer, te contar. Eu me senti realizada lá dentro. Fiquei pensando, “tanta gente já passou por aqui e eu sou tão pequena e estou aqui dentro!” (risos). E o Rodarte é muito fera, adoro o jeito dele construir as músicas, ele pensa de forma muito parecida comigo, então isso fez toda a diferença.

TMDQA!: De início, você já foi enquadrada na cena da nova MPB, que é a mesma de várias influências do seu som. Você se vê da mesma forma, como parte dessa categoria? E como você enxerga esse cenário atual em termos de inovação musical?

Miranda: Eu acho uma lindeza só! Fico honrada de fazer parte, de verdade. É algo muito puro, sabe? A gente fala do que está acontecendo à nossa volta, dos sentimentos e histórias, mas tudo isso sem rodeio, sem precisar recorrer a metáforas bonitas. O que eu mais gosto é que é uma música simples, singela e bonita.

TMDQA!: Mas e agora, quais são os planos? Mais singles, um EP, disco? E shows, já tem algum em vista?

Miranda: Tem mais um single gravado, que vai ser lançado em breve pra vocês. Espero que todo mundo goste, pois foi gravado com muito carinho, também na Toca do Bandido. Por enquanto é isso.

TMDQA!: Cada vez mais a indústria e os artistas estão pensando no formato single e menos no formato disco. Você pensa em fazer dessa forma ou ainda almeja lançar um álbum mais completo num futuro próximo?

Miranda: Eu acho que a gente pode aproveitar muito mais quando as coisas vão devagarinho, para irmos construindo junto, vendo o que funciona, o que não funciona. Gosto de ir trabalhando uma música de cada vez, no máximo duas, quem sabe mais pra frente juntar tudo num EP e depois pensar no disco. Eu cheguei agora, claro que cheia de ideia, com a cabeça borbulhando, mas quero ir curtindo esse momento.

TMDQA!: Falando na cena que agora você passou a integrar, muitas das suas referências musicais estão cada vez mais próximas, como Tiê, Vanguart, Cícero. Você teria interesse em já pensar em uma colaboração com algum deles?

Miranda: Nossa, seria ótimo, eu adoraria! Esses dias a Tiê me seguiu no Instagram, até postou stories ouvindo a minha música, fiquei tão feliz (risos). Claro que seria um grande prazer colaborar com qualquer um deles, artistas que são minha referência ou não. Seria uma bela oportunidade!

TMDQA!: E ainda pensando nos próximos passos e novas músicas, você disse que se inspira muito por histórias dos outros. Imagino que com “Eu não”, muita gente tenha te procurado para compartilhar memórias, coisas pessoais também. Você pensa em se inspirar por essas novas experiências e histórias compartilhadas nas suas próximas músicas?

Miranda: Sim, com certeza! Eu penso sempre em escrever sobre outras pessoas, sobre alguém que… Bem, às vezes as pessoas passam por momentos muito difíceis, e transformar isso em canção pode inclusive ajudar alguém a superar isso.

TMDQA!: Bom, só pra terminar ainda dentro desse tema da música como forma de superar, o nome do site tem tudo a ver com a presença da música nas nossas vidas. A gente sempre pergunta aos artistas com quem conversamos sobre o que eles têm ouvido. Qual disco tem sido seu amigo ultimamente?

Miranda: Olha, o disco que eu mais tenho ouvido, inclusive essa semana, é o Ventura, do Los Hermanos, é o que está mais me acompanhando.

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