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No Festival Vaca Amarela desse ano, os baianos da Maglore tocaram em Goiânia pela segunda vez e da última vez havia sido em um pub, com público e estrutura bem menores. A apresentação dessa vez surpreendeu os integrantes, que se mostraram muito contentes com a quantidade de pessoas que sabia cantar suas músicas.

Nessa conversa exclusiva com o TMDQA!, o trio falou sobre brasilidade, viagem, sertanejo e axé, indústria musical, indicação de bandas e discutiu sobre discos e amigos.

TMDQA!: Vocês cantam em português e no último CD a participação de artistas brasileiros (principalmente baianos) foi bem forte. De onde surgiu a ideia de trazer tanta brasilidade para essa nova fase da banda?

Teago: Na verdade a gente sempre foi meio assim. O negócio é que no primeiro disco a banda estava meio que se montando, as influências eram outras porque as músicas do primeiro disco foram compostas há muito tempo, são bem antigas. E aí, com esse lance de mudarmos para São Paulo, morarmos todos na mesma casa e tal, foi rolando uma troca de influências de cada um e foi isso que a gente sempre escutou: Tropicália, Caetano, Gil, Gal, Chico, Jorge Ben… e acabou que naturalmente isso saiu no disco. Mais música brasileira do que rock n’roll.

TMDQA!: E o que vocês estão achando de viajar pelo país tocando para vários públicos diferentes?

Rodrigo: Pô, eu adoro! Tenho toda uma história de vida de viajar. Nasci no Sul, fui morar na Bahia, agora estou em São Paulo… Acho que a maioria dos brasileiros não vive o Brasil. Você fica muito fechado no seu estado… Vamos conhecer o Brasil gente, essa coisa mais linda, isso aqui é enorme! Você viaja e faz um intercâmbio interno.

Teago: Pra gente é muito vantajoso viajar pelo Brasil. Um objetivo que eu tenho, até bobo, é tocar em todas as capitais (faltam 8, eu to quase lá). É legal estar viajando, conhecer todas as regiões… É quase continental nosso país! É uma cultura muito diferente de um lugar para o outro, o sotaque é muito diferente de um lugar para o outro. E a gente gosta muito dessa coisa de sotaque, a gente brinca pra caramba com isso!

TMDQA!: Inclusive, seu sotaque está bem mais evidente nas músicas do último disco!

Teago: É, acho que foi uma postura que adotei de deixar a voz mais natural porque achei que combinava mais com as músicas que estavam sendo feitas.

Rodrigo: E alguns temas do disco né?

Teago: Isso, alguns temas do disco são bem nordestinos mesmo. Bem brasileiro, tem uma coisa de bossa nova ali no meio também. A gente é uma banda com formação de banda de rock, mas não fazemos só rock. A gente vai da bossa nova até o rock n’roll, não é algo solidamente baseado no rock. É o que acontecer!

TMDQA!: Goiânia é conhecida como “a terra do sertanejo”. Já a Bahia é “a terra do axé”. Como é produzir esse estilo de música alternativa nesse tipo cenário que já esta meio que consolidado?

Rodrigo: Mas vocês aqui SÃO a terra do sertanejo, agora são a terra do rock também, sai muito rock independente aqui de Goiânia. Você sabe que não anula… Lá na Bahia também temos que remar contra essa impressão que vem de fora : “só tem axé”. Não! Tem axé mesmo, tem bastante axé, mas também tem de tudo.

Teago: A gente lida muito bem com o axé, porque axé não é só um tipo de música né. Axé é um termo em Iorubá e é muito relacionado com algo mágico, folclórico. Salvador é uma cidade super africana e tal, eu não tenho nada contra o axé em si. É algo bem cultural, mas é aquela coisa… talvez o que seja vendido pra fora, que seja colocado em pauta na indústria, seja uma música que não representa em todo o axé, a música baiana de raiz. Salvador é uma cidade muito policultural.

Hoje estamos muito bem representados por pessoas que fazem algo mais artístico na Bahia, que fogem um pouco da indústria do entretenimento. Orquestra Rumpilezz é um exemplo de conservação de patrimônio histórico e pra gente isso é muito interessante. Mas convivemos muito bem com tudo isso. Sabemos que tem o mainstream, toda essa coisa, mas vivemos sabendo que também tem o outro lado, e é normal transitar por isso quando você é músico. Adoro todos os tipos de música. Música boa é música boa! Posso até mandar uma de Zezé Di Camargo e Luciano aqui, Chitãozinho e Xororó !

(Rodrigo e Teago cantam um pedaço da música “Evidências”)

Rodrigo: A música é linda demais!

TMDQA!: E bandas lá da Bahia, quais vocês indicam para prestarmos mais atenção?

Teago: Ah, tem um monte. Orquestra Rumpilezz, Vivendo do Ócio, Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta (que é uma referência que temos muito forte no nosso som)…

Rodrigo: Tem o Giovani Cidreira também, que é um cara super novo e tem que ser escutado! A gente até brinca que ele é o Neymar da música baiana.

Teago: Tem muita coisa boa rolando por lá. Não só por lá, aqui também, tem o Boogarins, tem Tonto que é um projeto do Beto Cupertino, um cara que foi uma influência bem grande pra mim quando fui formar minhas bandas quando era mais novo (ouvi muito Violins na minha adolescência e início da vida adulta) e adoro muito a voz dele e o jeito como ele compõe as coisas. Não o conheço pessoalmente, mas acho ele bem foda! No Sul também tem o Apanhador Só, em São Paulo tem a galera da banda O Terno, tem Tulipa, Céu, Criolo, Emicida, Metá Metá que é fantástico… tem muita coisa boa rolando no Brasil inteiro.

Rodrigo: Cai também nessa coisa, “Você tem algo contra axé, sertanejo?” Não. Eles tem dinheiro, isso eu vou te dizer, eles podem chegar em uma novela, em uma rádio, na sua casa, de um jeito que nós ainda não chegamos

Teago: É um caminho, uma coisa natural, tem muita coisa acontecendo, cada um tem uma história, cada banda lida com o mercado de uma forma… Satisfação pessoal pra gente tá mais em fazer a música, sempre estar tentando melhor e nunca ficar tão acomodado musicalmente. Isso é arte, arte é tudo.

TMDQA!: E para finalizar: Vocês têm mais discos ou mais amigos?

Teago: Eu, com certeza, tenho mais discos.

Rodrigo: Você tá falando de disco físico? Eu estou numa fase muito feliz, fiz muitos amigos com essa mudança pra São Paulo… não sei, acho que eu tenho mais amigos…

Teago: DO QUE DISCOS? Cara, eu não tenho 100 amigos, mas eu tenho uns 100 discos!

Rodrigo: No momento eu não tenho nenhum disco, quando me mudar vou comprar alguns LP’s e uma vitrola. Aí você me faz essa pergunta outra vez. É capaz de eu ter mais discos que amigos em uma semana.

Felipe: Ah, eu tenho mais mp3!

Teago: Tenho uma porção de vinil lá em casa, é seu também. Você não tem 50 amigos…

Felipe: Tá bom, tá bom, tenho mais discos então. (risos)

Criolo

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Você pode ler a nossa entrevista exclusiva com o Criolo, também no Festival Vaca Amarela, clicando aqui.

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