A Propria Carne Persy
A Própria Carne, 2025 (Foto: Divulgação)

O cinema nacional sofre com a resistência de uma parte do público pelo simples fato de ser “cinema produzido no Brasil”. Apesar da balança estar mudando com o tempo, ainda existe uma dependência dos “filmes de Oscar” e de comédias com elenco estelar para furar bolhas e títulos caírem no gosto popular, algo que pode mudar com A Própria Carne.

O filme aproveita a popularidade do grupo Jovem Nerd para levar uma produção de terror para um público amplo, formado tanto pelos fãs do site de cultura nerd quanto pelos entusiastas desse gênero cinematográfico.

Sob direção de Ian SBF (Entre Abelhas, Porta dos Fundos), A Própria Carne não tem medo de se aprofundar em “nichos dentro de nichos”. “A realidade atual já é um terror para muitas pessoas? Vamos para um recorte histórico”, “Os jump scares são uma ferramenta clichê? Passaremos o medo para a atmosfera, e não para os sustos”, “Os enlatados hollywoodianos passam batidos por serem muito parecidos? Vamos buscar inspiração nos diretores mais autorais”.

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A Propria Carne Filme
A Própria Carne, 2025 (Foto: Divulgação)

O horror da Guerra

A produção volta para a década de 1870, durante a Guerra do Paraguai. Três soldados desertores buscam abrigo para escapar dos horrores da guerra, mas acabam mergulhados em um pesadelo ainda pior.

A inspiração no terror psicológico contemporâneo de Robert Eggers é clara. A fotografia gélida e deprimente da casa na floresta nos aproxima de grandes obras como A Bruxa, algo que o próprio Ian reconheceu durante a turnê de divulgação pelo país. Fãs do Jovem Nerd, especialmente do podcast Nerdcast, também sabem do apreço dos produtores Deive Pazos e Alexandre Ottoni pelo horror cósmico de H.P. Lovecraft, algo que está bastante presente na obra.

Grande variedade de referências pode ser comprometedora em alguns casos, mas A Própria Carne condensa o horror histórico e a influência lovecraftiana em 90 minutos com ritmo agradável. A fluidez é beneficiada pelo excelente uso do som e pela figura marcante de Luiz Carlos Persy, ator que vive o fazendeiro dono da cabana e grande destaque do elenco. Conhecido por trabalhos marcantes como dublador, Persy dá um frio na espinha de cada espectador toda vez que entra em cena.

Completam a equipe Jade Mascarenhas, Jorge Guerreiro, Pierre Baitelli e George Sauma.

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A Própria Carne, 2025 (Foto: Divulgação)

Universo expandido?

A Própria Carne também foge de um tropo que prejudica praticamente todos os grandes lançamentos gringos de terror: a insuportável necessidade de uma expansão de universo.

Nas últimas décadas, dezenas de filmes tiveram continuações e spin offs produzidos com o objetivo de sugar cada centavo possível de potenciais franquias, casos de Sorria, Telefone Preto, Um Lugar Silencioso, Invocação do Mal e por aí vai.

Apesar de contar com materiais em outras mídias como livro e HQ, viabilizadas por uma campanha de financiamento coletivo envolvendo os fãs, A Própria Carne é uma história contida em si própria. Existe espaço para expansão e novas abordagens, mas claramente isso não limita o que é entregue no primeiro contato com este universo.

Assim, com A Própria Carne, o cinema nacional ganha mais um capítulo para provar que o terror não é um desvio do acaso, e sim uma linguagem poderosa de conexão com o público.

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