Nx Zero, em foto para divulgar o álbum "Sete Chaves"
Reprodução

Processos de evolução nem sempre são suaves – às vezes, eles exigem que se abram mão de confortos antigos em nome de um futuro maior. Lançado em 20 de outubro de 2009, o álbum Sete Chaves representou exatamente essa transição para o NX Zero.

A busca por maturidade artística veio acompanhada da aceitação estratégica de um enquadramento sônico, transformando a banda de um fenômeno adolescente em um pilar do mainstream nacional. Dezesseis anos depois, ele é a síntese da identidade que levou o quinteto ao topo.  

Sucedendo o auge de Agora, o desafio era replicar o feito de uma música que tocasse em todas as rádios ao redor do país. O álbum, com suas 14 faixas e 41 minutos de duração , foi um passo ousado – o guitarrista Gee Rocha definiu o trabalho como o “início da canção do NX Zero”.

Se os projetos anteriores eram vistos como a “coisa de moleques experimentando os limites do que é compor”, Sete Chaves entregava canções que emocionam, únicas, belíssimas. O processo de composição – inédito para o grupo – exigiu que a banda trabalhasse como um grupo em sua completude, com todo mundo dando “pitaco” em tudo.

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Onipresença Produtiva e a Chave do Sucesso

Apesar da nova horizontalidade criativa, não é segredo que o produtor Rick Bonadio foi a força decisiva que moldou o som final. Bonadio foi “onipresente, participando de cada detalhe da composição das faixas e até tocando piano, teclado e guitarra em diversas músicas – na época, a crítica notou que a produção trancava o NX no “padrão de Rick”.

Mas o sucesso estrondoso deu razão à aposta. Gee confessou que o material inicial que a banda levou para o Estúdio Midas “mudou absolutamente tudo”, mas reconheceu que o grupo confiava no tino do produtor, afinal, Bonadio tinha uma espécie de toque de ouro. Essa parceria garantiu o crossover imediato: o primeiro single, “Espero a Minha Vez,” atingiu o primeiro lugar nas rádios de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre no dia do lançamento.

Foi o reconhecimento de que a fórmula, embora otimizada, era inegavelmente eficaz e abriu as portas para atingir “aquele pessoal mais velho, que ouve música no trânsito”.  

Amadurecimento Sônico e a ponte para o Hip-Hop

Se a sonoridade foi padronizada para o rádio, a ambição artística se manifestou nos singles seguintes. A banda buscava se desvencilhar do rótulo de “rock adolescente” , citando influências que iam do metal (Metallica, AC/DC) a lendas do blues (B.B. King, Eric Clapton) – e uma menção crucial à forte influência do rap.  

Enfim, um sucesso meteórico: “Só Rezo”. Lançada como segundo single , a música nasceu de uma visita do vocalista Di Ferrero ao Complexo do Alemão, apresentando versos de cunho inconformista. Essa incursão em temas sociais e a “coisa meio rap” presente na faixa prenunciaram a próxima era da banda –“Só Rezo 0.2”, com a participação de Emicida , consolidou a ponte rock-hip-hop e conferiu ao NX Zero uma nova camada de legitimidade cultural e complexidade temática.  

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Nx Zero: legado e a certeza do palco

O impacto de Sete Chaves não se restringiu à vendagem. Ele garantiu o ciclo de sucesso da banda por dois anos, inclusive garantindo uma indicação ao Grammy Latino de “Melhor Álbum de Rock Brasileiro” – prêmio vencido no ano anterior.

Toda essa fase de transição foi documentada pelo DVD Multishow Registro – Sete Chaves , que ofereceu aos fãs um documentário de mais de uma hora de duração, bastidores no Estúdio Midas e cinco videoclipes inéditos baseados nas faixas do álbum. O registro multimídia e a turnê, com shows de lançamento em capitais como Porto Alegre e Curitiba , transformaram Sete Chaves em uma experiência completa.  

Irreverente, estratégico e um marco. A certeza que fica, 16 anos após o seu lançamento, é que o álbum Sete Chaves forneceu todas as chaves para que o NX Zero pudesse, enfim, dominar o mainstream com precisão e arte – e o público venceu com essa aposta.

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