Por muito tempo, o marketing de luxo foi um monólogo.
A marca falava, os consumidores ouviam e, com muita sorte e muito dinheiro, compravam. Mas essa lógica se inverteu nos últimos anos. Hoje, quem dita o ritmo da conversa são os artistas, suas narrativas, seus clipes e seus memes. Já escrevi um pouco sobre isso nessa bela e trabalhosa coluna (que adoro). E as marcas que realmente entenderam isso não apenas emprestam seu nome, elas entram na história. Foi exatamente o que a Prada fez com a queridinha do momento – com razão – Sabrina Carpenter.
No clipe de “Manchild”, lançado recentemente, Sabrina não apenas canta. Ela constrói uma mitologia pop onde cada frame carrega um subtexto e um produto da Prada Beauty. Mas o mais interessante é que nada ali parece forçado. A banana com o logo da marca, os itens de maquiagem e as referências visuais… tudo funciona como se o universo da Sabrina sempre tivesse sido habitado por produtos da Prada. Porque, no fundo, é isso mesmo. É chique a moça.
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Essa não é a primeira vez que ela faz isso. O batom Tonka em “Taste”, o balm que viralizou em “Please Please Please” e agora os doces personalizados em “Manchild” compõem um storytelling de marca que vai muito além do tradicional product placement. Aqui, o produto não é enfiado no meio do clipe como uma propaganda velada. Ele é parte da linguagem, do tom e da estética quase como um personagem coadjuvante.
E, independente do estilo musical e do tipo do produto, é uma aula, tá?
Sabrina Carpenter x Prada
E é isso que torna essa colaboração tão interessante. A Prada, que sempre foi sinônimo de sofisticação fria e distanciada, dá um passo ousado. Sai do pedestal e mergulha no universo de uma popstar com carisma de TikTok e roteiro de cinema independente. Não é a Sabrina que aparece na campanha da Prada, é a Prada que aparece no videoclipe da Sabrina. Uma inversão sutil, mas poderosa.
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Em vez de tratar o público como consumidor, essa parceria trata o fã como cúmplice. A maquiagem, o figurino, os elementos cenográficos, tudo está ali para construir camadas de significado. E o resultado não é só um clipe bonito. É um mini-universo onde marca, artista e audiência habitam o mesmo campo simbólico.
É o tipo de ação que muitas marcas tentam replicar, mas poucas conseguem executar com naturalidade. Porque não basta enfiar um logo numa cena. É preciso entender o timing cultural, o tom de voz da artista e, principalmente, confiar nela o suficiente para que a narrativa venha antes da publicidade.
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Sabrina não está só promovendo produtos. Ela está coreografando desejo. E a Prada entendeu que, nesse novo mundo, o que vende não é o close da embalagem, é o contexto.
Essa é a atualidade e o futuro do marketing de influência: menos post patrocinado, mais worldbuilding. Marcas que conseguirem entrar nas narrativas dos artistas de forma orgânica e coerente vão colher algo muito maior do que cliques, vão conquistar relevância cultural.
E, convenhamos, a Prada virar meme com um produto “sabor” banana é exatamente o tipo de absurdo brilhante que a internet ama. Porque no fim das contas, vender produto é fácil. Vender universo é que é para poucos.
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Coluna dedicada a explorar como o marketing pode transformar bandas em marcas icônicas e vice-e-versa. Com mais insights sobre música, estratégias criativas e cases de sucesso, a coluna pretende desvendar o universo em que música e negócios se encontram.
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