A união que resiste ao tempo

Cor dos Olhos fala ao TMDQA! sobre recomeço musical e compartilha o processo por trás do primeiro EP

Ex-integrantes do Selvagens à Procura de Lei revelaram como foi o primeiro ensaio de sua nova banda e os planos futuros

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Cor dos Olhos fala ao TMDQA! sobre recomeço musical e revela detalhes do primeiro EP
Créditos: Igor Barbosa

A forte afinidade musical entre Caio Evangelista, Rafael Martins e Nicholas Magalhães foi decisiva para que eles tivessem a certeza de que seguiriam juntos em novos projetos, mesmo após a saída da banda Selvagens à Procura de Lei.

Assim surgiu a nova banda Cor dos Olhos, um trio que carrega em sua essência a vontade de continuar fazendo música juntos. Em conversa recente com o TMDQA!, o baixista e vocalista Caio apontou:

“A gente confia que musicalmente a gente se soma bastante, então quando a gente se junta pra fazer música, a gente bota fé que vai ser um trabalho legal, que vai agradar primeiro a gente, e a galera também recebe bem. Então acho que, antes de ter um nome, antes da gente chegar e discutir repertório, mostrar composições, foi essa vontade de, ‘não, vamos seguir em frente juntos’.”

O primeiro ensaio, despretensioso, revelou não só a sintonia intacta entre os integrantes, mas também os primeiros arranjos de algumas músicas que vão integrar os futuros lançamentos da banda.

O recomeço dos músicos foi marcado pelo lançamento do EP Cor dos Olhos – Pt. 1, que apresentou três faixas – “Cataventos”, “Banho de Rosas” e “A Curva” – cada uma destacando a voz de um dos integrantes e simbolizando, segundo Rafa, “três retas que formam uma coisa só”.

As músicas, que foram produzidas por Luigi Sucena, fã da antiga banda e agora colaborador dos artistas, vão integrar o disco de estreia que será dividido em 3 partes. De acordo com o grupo cearense, a segunda leva de canções será disponibilizada ainda em maio. Sobre a sonoridade mais voltada ao pop rock e o que o grupo pretende explorar nos próximos lançamentos, o guitarrista e vocalista Rafa destacou:

“Acho que na Cor dos Olhos a gente tá se permitindo muito reconstruir o nosso som. A gente não queria que Cor dos Olhos fosse uma prolongação de algo que a gente já tinha feito. […] Como é um trio, agora tem muito espaço também para outras coisas, como arranjos vocais, efeitos. […] e tudo isso vai estar muito presente no nosso trabalho, essa redescoberta, descobrir de novo como é fazer música autoral juntos, e entregar algo que a gente curta pra caramba.”

No papo, que você pode conferir na íntegra logo abaixo, o grupo também comentou sobre a recepção dos fãs, revelou mais detalhes do processo do disco de estreia e celebrou sua relação com o Capital Inicial, após serem convidados para abrir o show do grupo em Fortaleza, no dia 2 de Maio, no Iguatemi Hall.

A seguir, leia a entrevista!

TMDQA! Entrevista Cor dos Olhos

TMDQA!: Depois de tantos anos tocando juntos, como foi o processo de recomeçar com a Cor dos Olhos?

Caio: Visto tudo o que aconteceu, acho que uma coisa muito forte que a gente teve desde o início foi a vontade de continuar tocando junto. Quando se instaurou aquela situação, quando a gente ficou meio, entre aspas, perdido, sem saber para onde ir, acho que uma coisa muito legal de todo esse processo foi que a gente decidiu, “não, vamos encarar isso juntos”. A gente confia que musicalmente a gente se soma bastante, então quando a gente se junta pra fazer música, a gente bota fé que vai ser um trabalho legal, que vai agradar primeiro a gente, e a galera também recebe bem. Então acho que antes de ter um nome, antes da gente chegar e discutir repertório, mostrar composições, foi essa vontade de, “não, vamos seguir em frente juntos.”.

Então foi interessante porque a gente pegou e marcou um ensaio bem descompromissado, assim, vamos lá, vamos tocar, vamos só tocar, vamos marcar, vamos combinar nada, chega lá… e foi muito massa esse ensaio. Desse ensaio saiu muita coisa legal, de mostrar as composições e como a gente tem essa intimidade um com o outro tocando. É engraçado que chega com a composição e o arranjo e já vai se construindo ali, num período curto, as primeiras vezes que a gente tá tocando uma música, parece que é uma música que a gente já tocava há muito tempo, porque eu já conheço o jeito do Rafael escrever, o Rafael já conhece o meu jeito de escrever, a gente já conhece o jeito do outro tocar, pra onde vai levar aquilo ali, e aí o Nicholas puxa uma levada, eu já consigo responder ao que ele tá fazendo. Então foi muito bom esse ensaio, foi a certeza de que o nosso caminho era esse mesmo. Inclusive é curioso porque duas das músicas que vão sair na segunda leva, o arranjo praticamente inteiro foi feito nesse ensaio. Já ficou o esqueleto todo do que vão ser duas das próximas que vão sair. Então foi massa esse processo, foi um início, antes de pensar em qualquer coisa, do que seria produção, gravação, foi essa reconexão mesmo com a música da gente, em conjunto, marcar um ensaio descompromissado, e ver o que ia sair dali.

Rafa: Puxando o gancho do que o Caio falou, eu acho também que a gente vinha um pouco na zona de conforto na antiga banda, porque foi uma caminhada longa, de muitas vitórias, mas também muitos desafios, e particularmente eu tava sentindo muita falta de sentir de novo isso, da expectativa em construir um trabalho, de construir um álbum, e isso tava muito adormecido. Então, quando teve esse momento de beleza, vamos ver o que é que sai, nós três e tal. A gente já sabia que ia sair coisas muito legais, porque foi assim durante muito tempo também, e essa afinidade musical que a gente tem acelera muito o processo, e torna mais prazeroso até, porque fica uma coisa mais voltada pra trazer de volta o que levou a gente pro caminho da música, que é se divertir tocando, que é descobrir caminhos diferentes, na mesma composição e tal.

Então acho que na Cor dos Olhos a gente tá se permitindo muito reconstruir o nosso som. A gente não queria que Cor dos Olhos fosse uma prolongação de algo que a gente já tinha feito. A gente tá testando muitos elementos sonoros, beats, muitos efeitos pós-produção. Como é um trio, agora tem muito espaço também para outras coisas, como arranjos vocais, efeitos. É só uma guitarra agora, então eu tô tendo que me redesenhar, a forma que eu toco com o Caio, com o Nicholas, e tudo isso vai estar muito presente no nosso trabalho, essa redescoberta, descobrir de novo como é fazer música autoral juntos, e entregar algo que a gente curta pra caramba, e aparentemente a galera tá curtindo também junto com a gente.

TMDQA!: Nos vídeos que vocês postaram dos processos de produção e gravação, já tinha uma galera comentando que só aqueles trechos instrumentais já estavam deixando eles super empolgados. Como vocês se sentem ao se deparar com essa sintonia com os fãs que, provavelmente, já acompanham vocês há mais tempo?

Rafa: Nossa, é incrível! É o maior abraço que a gente poderia receber, porque, sinceramente, a gente conversa muito sobre isso. A gente fala que sem esse apoio seria muito difícil a gente continuar feliz no que a gente faz, porque a gente vive de música, e música autoral precisa de público, não tem pra onde correr. Então a gente quer continuar fazendo essa caminhada de uma forma muito conectada com os nossos fãs, e ter esse abraço. Eles são a voz, eles representam a voz de que “continuem, pelo amor de Deus, continuem, não parem, a gente tá aqui pra o que der e vier”. E a gente tá muito grato a esse apoio, e quer entregar os melhores anos da nossa carreira agora, é isso.

Caio: E também, assim, voltar ao assunto ser música, que é uma coisa que eu acho que a gente sempre desejou que tudo que remetesse a cada um dos três, pessoalmente, e também no trabalho conjunto, o assunto fosse música, os vídeos que a gente posta, as entrevistas que a gente dá. Então, assim, foi muito bom ter essa recepção e ter esse apoio de continuar porque dá segurança de que a gente tá no caminho certo, porque na hora que as coisas dão erradas, você fica com dúvidas, é natural na vida você repensar as coisas, você levantar questionamentos internos, pessoais, se o caminho tá correto. Mas ver esse resultado, ver esse abraço do público, sentir o carinho de “continuem, vamos nessa, tipo, o som que vocês fazem me emociona, marcou a gente, parece que foi feito pra mim”. Acho que isso sempre foi uma coisa que alimentou muito a gente em todos os momentos da nossa carreira, é isso que na minha visão, eu gosto de fazer da minha vida, eu nunca quis fazer outra coisa, eu adoro fazer isso, eu adoro o processo de ensaio, produção, fechar repertório, gravar, lançar, sentir esse feedback, ensaiar pra shows. Essa é a nossa rotina há mais de 15 anos, e isso, de certa forma, não estava mais presente na nossa vida por motivos que não eram o nosso desejo, então, sentir isso de novo, foi muito bom.

E se você pensar como um ciclo, a gente ainda está no início dele, porque a gente nem fez show ainda, então a gente nem está falando sobre se adaptar agora que é um trio, isso está nas produções e nas gravações, mas isso vai estar no show também. O que é que vai ser o show? sinceramente, eu não quero copiar o que era o nosso show, eu espero uma coisa completamente diferente, momentos diferentes, interações diferentes entre a gente, e isso vai ser a estrada que vai trazer, e a gente está louco pra que chegue esse momento, mas tendo aquela calma de que agora é o momento de lançar as músicas, finalizar isso, daqui a pouco, tudo novo, tudo uma redescoberta mesmo, e esse apoio do público é o que faz ter sentido a gente seguir nessa caminhada.

TMDQA!: O que motivou vocês a escolherem essas três músicas para apresentar a Cor dos Olhos ao público?

Rafa: Foi difícil a princípio, porque a gente teve pouco tempo pra levantar um repertório, mas basicamente, “Cataventos” foi, a gente enxergava como uma transição de som, que iria trazer muita fanbase, que é o rock mais indie, aquela coisa que a gente já fazia. E “Banho de Rosas” iria revelar de novo o Nicholas cantando, que era uma coisa que estava adormecida e a galera gosta muito, e ” A Curva”, por ser uma música que o Caio canta, então fechou as três músicas. “Cataventos” eu canto, “Banho de Rosas” o Nicholas, Caio canta “A Curva”, a gente queria mostrar essa solidez do trio, dizer que estamos aqui como indivíduos e como banda, nós estamos unidos, e a gente quer mostrar pra vocês essa união. Então, essas três músicas foram pensadas como, pensando num triângulo, três retas que formam uma coisa só, e eu acho que a galera super entendeu, porque todo mundo pegou essa ideia. E são três músicas excelentes também, pra começar, porque elas remetem ao que a gente já fazia, mas trazem algo novo também, então a gente não mudou da água pro vinho, nós continuamos os mesmos, mas estamos completamente abertos a mudanças no nosso som.

Pra isso, a gente também convidou o Luigi Sucena, que é um cara que, ele ia pros nossos shows, e depois eu conheci ele estudando áudio em São Paulo, e, por coincidência da vida, ele veio produzir esse trabalho com a gente, então, teve essa visão de alguém que acompanhava a nossa carreira como público lá de baixo, e ele falava muito, “mano, isso é exatamente o que eu queria ouvir de vocês nesse momento”. Ele pegou esse sentimento de todos os fãs, e desaguou no que ele queria que a gente entregasse. As próximas músicas que virão também tem música, todo mundo cantando, e todo mundo aqui tá fazendo tudo junto, a seis mãos, até a oito mãos, às vezes, e é muito legal esse processo de união, que a banda, se não tiver isso, não rola.

Caio: Só complementando, eu acho que também uma questão da escolha do que foi esse primeiro lançamento, vem muito também da nossa vontade de mostrar coisa nova. Porque é isso, a gente jamais vai apagar 15 anos de carreira, eu acho que a nossa história tá aí, a gente tem muito orgulho de tudo que foi construído, das nossas músicas, do alcance que essas faixas tiveram ao longo dos 15 anos. Mas o Cor dos Olhos não é um projeto pra se ficar olhando pra trás, a gente deseja muito olhar pra frente, porque eu sinto que a gente tem muito potencial para construir mais 15 anos de um repertório sólido, de shows memoráveis. Então a gente ficou muito na dúvida, será que lança uma música, mas uma música pode ser muito pouco, pensando que é uma banda que agora que tá começando, que nem existia nas redes sociais, assim como não existia no Spotify, e aí partiu o desejo, vamos pro número 3, nem duas só, vamos lançar logo 3, que já dá pra galera sentir um pouco do que vai vir, entendeu? Então foi vontade de lançar muita música mesmo, que a gente tá nessa pegada.

TMDQA!: É muito difícil não ter uma comparação, né? Olhando também as prévias que vocês publicaram, eu vi um comentário de um fã falando que a sonoridade estava meio “good vibe” e que ele estava sentindo falta de algo mais pesado, digamos assim. Como vocês lidam com essas comparações e expectativas de alguns fãs?

Nicholas: Sempre foi muito mesclado o nosso tipo de som, né? Aqui já saiu de rock, de pop, soul, reggae. O Selvagem tinha muito isso, e nós somos a massa criativa, então a gente traz muitas referências do que a gente escuta pro nosso tipo de som. Então em algum momento vai vir algo mais pesado, nesses próximos lançamentos com certeza vem algo um pouco mais pesado, inclusive na própria composição, eu acho que é uma coisa que a gente sempre teve muito cuidado em fazer.

Nosso som sempre foi isso, várias referências, vários tipos de som, de energia que a gente carrega, e a gente gosta de trabalhar pra música, não força uma barra, entendeu? Então se a música pede algo mais pesado, ou que a composição diz isso, a gente vai lá e toca mais pesado, se ela já passa um outro tipo de mensagem, a gente trabalha pra música, a gente não diz assim, “ah, somos uma banda de rock pesado, ou somos isso”, não, a gente é uma banda que trabalha pra música, e sim, temos sons pesados, temos outros tipos de som.

Rafa: Isso passa também, Lara, pelo que eu tinha te dito, que a gente está nesse momento de se permitir muito, musicalmente, como um projeto novo, então não temos amarras com nada do passado. Como o Nicholas falou, quando chegar a hora de fazer um som pesado, isso é a coisa mais fácil do mundo, o difícil é fazer música boa. Então a gente está focando em fazer música boa, e respeitando a composição mesmo que elas pedem. A gente não tem essa ânsia de mostrar que olha só, o rock está aqui, o rock são muitas coisas, não é só uma distorção.

Caio: De certa forma, a gente continuar já é rock and roll pra caramba. Mas em relação a comparações, eu acho que é uma coisa natural de qualquer trabalho artístico de longo prazo. Porque se a gente lança o primeiro álbum, beleza, aí compara um com outras bandas, mas se você lança o segundo álbum, compara com o primeiro e outras bandas, lança o terceiro, compara com o primeiro, com o segundo, isso aí é coisa natural, acontece, algumas pessoas se identificam mais com a música, outras com outras. Eu acho que é natural, não dá pra gente levar o pé da letra em cada coisa, o mais importante de tudo é a gente estar satisfeito com o trabalho que a gente está fazendo, porque eu acho que os primeiros que têm que estar satisfeitos somos nós, e aí você abre para o público que a decisão deles, o gosto deles, ninguém pode influenciar, é com o ouvinte, mas é super natural.

Rafa: E se a gente tivesse lançado três músicas hiper pesadas, ia ter gente que ia falar o contrário, cadê as baladas, cadê não sei o que? Internet é isso.

TMDQA!: Eu li que o álbum de estreia de vocês vai ser dividido em 3 partes. Vocês já comentaram que vão explorar outras vertentes também. Queria saber um pouco sobre como tem sido o processo?

Rafa: Acho que foi mais pra gente lançar muita música em pouco tempo, porque se a gente fosse nesse caminho de single, ia demorar muito para entregar para a galera o que é A Cor dos Olhos. Então pensamos em três partes, que cada um tem três músicas, e aí vamos lançar a segunda parte em maio, e a previsão para a terceira parte é quando, Caio?

Caio: Final de junho, início de julho. Foi legal, porque, nesse exato momento, a gente está vivendo três etapas diferentes e simultâneas, que é tendo o feedback do público, ao mesmo tempo que a gente está finalizando mixagem de faixa, ao mesmo tempo que a gente está ainda finalizando produção de outras. Foi muito bom, porque é isso, a gente está num momento de redescoberta, assim, do que é A Cor dos Olhos, a gente, eu acho que a gente nunca gostou de se amarrar a conceitos, a gente sempre foi muito livre, no sentido de tocar o som que a gente gosta de tocar, de se divertir enquanto está fazendo aquele som. Acho que a questão de é bom ou não, vai muito do nosso humor para aquilo ali que a gente está tocando, se a gente está curtindo aquilo ali, é um sinal muito positivo.

Então, a gente está meio que descobrindo tudo isso, como eu falei, eu acho que a questão, quando chegar no momento dos shows, vai ser mais um momento de descoberta. Então dividir o disco também, eu acho que foi legal para a gente viver todo esse processo junto. Por mais que exista já uma identidade, porque é engraçado que a gente pensa tudo isso quando a gente está produzindo, gravando, compondo, mas quando lança, a gente vê muitos comentários tipo “nos três primeiros segundos já sabia que eram vocês”. O público, às vezes, deu um play e já saca que é a gente. Essa identidade que a gente busca tanto, que a gente fica pensando por onde a gente vai aqui, às vezes, em três segundos, o cara já sacou ali. Mas a gente está descobrindo a Cor dos Olhos nesse disco. É um disco de descoberta mesmo, de redescoberta, e eu acho que essas partes ajudam nesse processo.

TMDQA!: A estreia de vocês nos palcos vai ser num show de abertura para o Capital Inicial. Qual é a relação de vocês com a banda e como vocês estão pensando no repertório? Vocês estão escolhendo músicas dos Selvagens que se conectem com a nova fase de vocês ou vocês pensam em incluir canções de sucesso mesmo?

Nicholas: Com certeza, a gente sempre pensa no show com muito carinho e a nossa estrada nos dá muita visão do que o público gosta de ver ao vivo. Porque da nossa carreira dos Selvagens, as músicas mais tocadas nem são as de rock pesado, digamos assim, a tarde livre, despedida, enquanto eu passar na sua rua, surpresas, déjà vu. Aquilo são as nossas vozes, isso já é a Cor dos Olhos digamos assim, dentro da barriga, entendeu? Agora a gente tá fora da barriga e com músicas novas e com certeza o público que conhece a gente vai se amarrar muito nesse show.

Porque a gente passeia por várias energias, uma energia mais intensa que a música pede, uma energia tipo “Mar fechado”, pra quem conhece sabe, precisa entrar num clima diferente, né? Então, a gente já tem assim, sem pretensão nenhuma mas uma certa vivência nisso, né? Vai ser massa então a vibe que a gente dá pra fazer esse show tá gigante porque vai fazer um ano que a gente tá sem subir no palco para fazer o nosso show autoral. Pós Selvagens, os três como um trio. Então o último show do Selvagens foi em abril do ano passado e a gente vai fazer um ano e um mês de volta pra pista daí é só pra frente.

Rafa: Sobre a relação com o Capital, lá atrás, o Dinho foi o cara que abraçou muito a gente, então a gente tem essa relação de se encontrar nos bastidores, sempre rolou. No começo do Selvagens, abrimos alguns shows deles, ele emprestou alguns instrumentos pro nosso segundo álbum e agora ter de novo esse apoio é muito fundamental, porque a gente reconhece que a estrada também faz amigos e a gente pode contar com eles no futuro. Então é uma resposta muito foda que a gente tá tendo, é um abraço de novo pra esse recomeço assim. E é isso, vai rolar com certeza músicas dos Selvagens, são nossas músicas, a gente tem que tocar é o que a galera também quer ver. E aí Cor dos Olhos sempre existiu, agora ela só tá sendo colocada em prática, que é o nosso trio aqui, a gente sempre esteve fazendo música.

Caio: E é massa também pensar que assim como o Capital está presente em vários momentos especiais pra gente, a gente também tá presente em alguns momentos especiais deles. Porque a turnê deles agora é a turnê de 25 anos do DVD acústico que naquela época todo mundo molecão estava descobrindo as bandas. Foi um trabalho que alçou o Capital para um outro patamar, então participar desse momento que com certeza tem um significado muito grande pra eles, é muito massa. O último show que eles fizeram aqui em Fortaleza, a gente tava lá junto, os momentos de bastidores, de conversa, de troca de ideia, então tá presente nesse momento também pra eles, é muito massa pra gente estar sempre junto.

TMDQA!: Vocês falaram em uma entrevista sobre os planos de ficar em Fortaleza mesmo nesse começo da banda, seguindo um caminho diferente dos Selvagens que vocês acabaram se mudando para São Paulo, assim como vários outros artistas fazem. Eu queria saber quais foram as principais mudanças da indústria e do mercado da música que vocês perceberam ao longo desses anos que possibilita que vocês e outras bandas possam ficar em suas cidades de origem?

Caio: Com certeza é o fortalecimento do digital. O digital na época que a gente se mudou pra São Paulo, basicamente não existia, hoje em dia é bastante forte. Não só a questão de redes sociais, que vai a questão de você também produzir seu conteúdo, hoje em dia cada um do seu celular consegue produzir muito material de qualidade, mas as próprias plataformas de stream, Spotify e tal, que hoje em dia possibilitam mais isso. E não é, jamais menosprezando São Paulo, a gente morou sete anos em São Paulo, muito bem vividos, e com certeza São Paulo vai estar muito presente ainda em relação a temporadas passar temporadas por lá a questão é de pegar sua vida pessoal mesmo e deslocar pra outra cidade, é mais nesse sentido que a gente fala. Todo mundo com suas famílias aqui, a realidade também já é outra. A gente não tem mais vinte e poucos anos.

Rafa: É exatamente isso mesmo. São Paulo vai estar sempre presente. É a nossa cidade do coração também, além de Fortaleza. Temos muitos fãs, inclusive já adianta que a gente vai fazer show de lançamento lá e agora é outro momento. A gente tem outras armas pra divulgar o nosso som e pelos quinze anos de carreira também temos muitos contatos que a gente consegue agilizar estando fora de São Paulo.

TMDQA!: Pra gente finalizar, queria saber quais discos foram os seus melhores amigos durante esta fase inicial da Cor dos Olhos?

Rafa: Eita! Eu tenho uns. Eu tô ouvindo muito rock argentino já faz uns dois anos. Tô dissecando todo mundo, tem uma leva nova lá de bandas que eu tô adorando. Então eu escutei muito o disco da banda Usted Señalemelo, que chama “Tripolar”, esse é o que eu indico.

Nicholas: Rapaz, disco, disco mesmo eu não sei se eu escutei. Nesse um ano de construção, eu escutei de tudo. Eu voltei a escutar Nirvana, acho que porque as emoções oscilam muito. Escutei muito forró de Dorgival Dantas, Flávio José, esse tipo de composição que me interessa muito, mas não sei se tem um disco memorável. Escutei muito Luiz Lins, essa galera, que é muito bom escritor na minha opinião.

Caio: Pra mim é engraçado porque eu nem percebo mais, eu ouvindo alguns tipos de som. Mas toda vida quando chega aquele final de ano do Spotify que diz o que foi o que você mais ouviu, sempre são as mesmas coisas, Bob Marley, Pink Floyd, Beatles. Mas valorizando artistas daqui e a galera da nossa geração, que lançou um trabalho recente, eu gostei do disco do Boogarins, “Bacuri”, eles experimentam, fazem o som deles, que eles curtem. É uma galera que tá na luta na música brasileira.

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