27/05 - 01/06

Lições de quem viveu o auge

Jornalista entrevista 40 autores de grandes hits e lança campanha para livro

"Baseado em Hits Reais" conta histórias de frustração e redenção de nomes como Hanson, Natalie Imbruglia e Hoobastank

Jornalista lança livro com 40 autores de "one-hit wonders" para entender fórmula do sucesso
Imagens: Divulgação

“Por que eu tenho três discos do Fastball?!”. Foi essa pergunta que acendeu a fagulha para o jornalista Bráulio Lorentz mergulhar num universo que mistura nostalgia, problemas com a fama e redenção artística: o fenômeno dos one-hit wonders.

Assim como o Fastball, banda norte-americana dona do hit “The Way”, muitos artistas no Brasil e no mundo ficaram marcados por esse termo perjorativo, criado nos anos 80 para definir quem atingiu o topo das paradas uma vez, mas não conseguiu repetir o feito.

Bráulio, que escreve sobre cultura pop para o portal G1 e a TV Globo, está em projeto de financiamento coletivo para o lançamento do livro Baseado em Hits Reais (clique no link para participar), e a obra traz mais de 40 entrevistas com artistas que viveram o auge da popularidade há muito tempo mas que, segundo o autor, “dizem viver o auge da vida pessoal hoje”.

Só pra citar algumas estrelas com quem ele conversou: os irmãos do Hanson, a australiana Natalie Imbruglia, o alemão Lou Bega e as bandas americanas Counting Crows, Plain White T’s e Hoobastank – provavelmente você lembrou qual é o grande sucesso de cada um deles, né?!

Livro sobre one-hit wonders tem Hoobastank, Hanson, Natalie Imbruglia e mais

Bráulio Lorentz não se limitou a fronteiras na hora de selecionar seus entrevistados. Dos 40 artistas ouvidos por ele, 20 são dos EUA, oito britânicos, quatro australianos, dois suecos e ainda tem representantes do pop da Alemanha, Suécia, Nova Zelândia, Itália, Noruega e até da Rússia.

Segundo o autor, sua curiosidade não foi apenas de saber o que aconteceu com esses artistas, mas ouvir relatos sobre os traumas dessa “máquina do sucesso e do abandono” na música mainstream. Alguns trocaram palcos por empregos convencionais, outros formaram uma família e abraçaram o anonimato como uma forma de liberdade criativa:

“O que me fez contar essas histórias não foi uma questão de ver um tremendo valor artístico em cada uma dessas canções. Estou ciente que algumas são irritantes. Outras, esquemáticas. A verdade é que eu sou obcecado em entender o que está por trás de um grande fenômeno musical. E esses artistas sumidos têm mais tempo e mais desapego para falar sobre esses bastidores.

Aqui, respostas decoradas são raridade. Ninguém tem medo de demonstrar que guarda rancor. Ninguém deixa de expor seus traumas, após tanta exposição. É uma balela gigantesca quando um artista estouradíssimo diz que não fala da vida pessoal: fala apenas ‘da vida profissional’. Elas se misturam. É assim nas letras. Deveria ser assim nas entrevistas“.

Bráulio Lorentz também ouviu negativas “dolorosas” de alguns artistas

Mas nem tudo foi flores e diversão nesse processo de apuração. Bráulio conta que sofreu ghosting de alguns empresários e até recebeu respostas de assessores pedindo um pagamento pela entrevista.

Para tentar falar com o Spin Doctors (donos do hit “Two Princes”), por exemplo, ele enviou uma foto para os representantes do grupo segurando cinco CDs dos caras que ele tem na coleção – e mesmo assim não convenceu.

O jornalista também quis conversar com a banda Smash Mouth (de All Star”), mas perdeu a chance de fazer uma das últimas entrevistas com o vocalista Steve Harwell, que faleceu em 2023:

“Para tentar falar com o Spin Doctors, um Maroon 5 hippie dos anos 90, apelei para o sentimentalismo. Sabia que tinham certo medo de jornalistas, após serem achincalhados por anos e anos. Mandei uma foto em que segurava meus cinco CDs da banda. ‘Por que eu tenho cinco discos do Spin Doctors?’, você pode estar se perguntando. Também me pergunto isso. Enfim, ‘problemas na agenda’ me impediram de falar com eles.

As negativas não foram sempre simpáticas. Assessores ligados a Ne-Yo, antes de ele virar queridinho do Rock in Rio, e do vocalista do Sugar Ray sugeriram que pagando seria mais fácil falar com eles. Nada superou as patadas do empresário do Smash Mouth, após eu perguntar se o vocalista poderia conversar comigo. Meses depois, o cantor morreu, vítima de problemas no fígado provocados pelo alcoolismo.”

Garanta o seu “Baseado em Hits Reais” e ouça playlist

Mais do que um catálogo de músicas que grudaram na sua cabeça, o livro Baseado em Hits Reais é uma investigação afetuosa sobre a fama e o que significa viver depois do auge.

Você pode comprar o seu exemplar, e ainda apoiar a campanha de divulgação do livro, neste link do Catarse. Ah, e Braulio Lorentz também montou uma playlist no Spotify com os hits de todos os artistas que ele entrevistou para o livro; ouça no link abaixo!

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