A ovelha negra da família - e a rainha que representou uma nação 🖤

Crítica: “Rita Lee: Mania de Você” é tributo íntimo e poderoso à rainha do rock brasileiro

Documentário emociona ao retratar a artista sem filtros, com afeto, irreverência e dor

Crítica: “Rita Lee: Mania de Você” é tributo íntimo e poderoso à rainha do rock brasileiro Crítica: “Rita Lee: Mania de Você” é tributo íntimo e poderoso à rainha do rock brasileiro Crítica: “Rita Lee: Mania de Você” é tributo íntimo e poderoso à rainha do rock brasileiro Crítica: “Rita Lee: Mania de Você” é tributo íntimo e poderoso à rainha do rock brasileiro
Rita Lee
Rita Lee

Vivemos em um mundo careta – e uma rainha sempre enfatizou esse viés. Rita Lee: Mania de Você, documentário que chega ao Max nessa quinta-feira (08/05), se destaca como um retrato emocionalmente cru, afetuoso e corajoso de uma das figuras mais geniais da música brasileira.

Dirigido por Guido Goldberg e produzido pela Max, o filme mergulha na vida e obra de Rita com delicadeza, humor e verdade – três marcas registradas da própria artista.

A proposta é clara desde os primeiros minutos: mais que documentar a carreira da “ovelha negra”, trata-se de entender Rita por dentro, pelas lentes da família, dos parceiros e dos afetos. A estrutura do documentário é convencional – com depoimentos, imagens raras e arquivos históricos – mas o conteúdo é tratado com uma sensibilidade rara. Para nossa surpresa, poucas semanas antes de sua morte, Rita deixou uma carta de despedida para seus filhos e o marido/músico Roberto de Carvalho.

A partir daí, a família inaugura um filme que não evita a dor, mas tampouco abandona o espírito irreverente da artista. O TMDQA! teve o privilégio de ver o documentário em antecipado, e fala mais sobre logo abaixo.

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Afeto, Rebeldia e Liberdade

A narrativa percorre desde a infância em uma família tradicional paulistana até a explosão criativa ao lado do Tutti Frutti e, mais tarde, de Roberto. Mas o foco não está apenas na cronologia da fama, e sim nas marcas emocionais: a prisão durante a ditadura, a maternidade, os vícios, a superação e, sobretudo, o amor. Imagens caseiras, como passeios na praia e aparições escolares com os filhos, revelam uma Rita inédita, menos mito e mais mulher.

O documentário acerta ao retratar sem retoques a complexidade de Rita Lee. Conflitos como a ruptura com Luiz Carlini e o silêncio – não por escolha própria – sobre os Mutantes trazem as tensões reais de sua trajetória. Mais ainda, o filme ousa ao exibir documentos de censura e tratar sua prisão como perseguição política, sublinhando a postura corajosa da artista em um dos períodos mais sombrios do país.

Assim como Ney Matogrosso em Homem com H, Rita é apresentada aqui como uma força da natureza que desafiou rótulos. A edição sensível e a curadoria cuidadosa de entrevistas antigas permitem que a própria artista conte sua história – com sarcasmo, ternura e crítica. E quando não é ela quem fala, são seus filhos, seu marido ou seus amigos que constroem o mosaico de sua existência.

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Viva Rita! Uma despedida que vira celebração

Embora Rita não tenha participado ativamente do documentário por conta do agravamento de sua saúde, sua presença consome o telespectador de forma irreverente – tal como sua arte.

A carta final, ao lado de cenas resgatadas ao longo de décadas, transforma Mania de Você em algo mais do que um simples registro: é uma despedida amorosa e uma celebração da mulher que reinventou o feminino no rock, que riu da caretice e que, até o fim, acreditou na liberdade como forma de viver e criar.

Sim, talvez o filme deixe de lado aspectos de sua carreira mais recentes ou aprofunde menos algumas passagens específicas, mas a escolha em abordar Rita por completo – não só a estrela, mas também a mãe, a companheira, a ativista e a humana falível – é um gesto tão radical quanto sua própria arte.

Rita Lee: Mania de Você é, portanto, mais do que um documentário musical: é um acerto de contas com a memória, com o afeto e com a liberdade. Um filme que entende que Rita foi – e continuará sendo – não apenas uma cantora, mas um ícone para a música e para a nossa cultura.

Nota: ★★★★ (4/5)

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