Por trás do novo álbum de Fabio Brazza, A Roda, A Rima, O Riso e a Reza, há muito mais do que um simples experimento sonoro entre rap e samba.
O disco, que chegou às plataformas digitais nesta sexta-feira (2) pelo selo Yalla Recordings, é a concretização de um percurso artístico onde a palavra é ritmo, memória e cura. Um projeto que, ao mesmo tempo em que reafirma sua força como MC, traz à tona um lado até então sutil, mas sempre presente: o sambista que habita em suas raízes.
Brazza é herdeiro de um país que canta e reza na mesma roda. Neto do poeta concreto Ronaldo Azeredo, ele fez da oralidade sua bandeira nas batalhas de rima do metrô paulistano. Mas o verbo que nasceu do improviso agora ganha contornos mais amplos.
Sob a produção de Xuxa Levy e Paiva Prod, o artista mergulha em 14 faixas onde o rap e o samba não duelam — se abraçam. O resultado é um disco mais orgânico, menos digital, construído com instrumentos e sentimentos, beats e tambores, verdades e melodias.
“Esse pode ser considerado o trabalho da minha vida”, afirma Fabio Brazza, sem hesitação. “Não é só sobre rap ou samba, mas sobre a força que nasce quando esses dois mundos se encontram sem medo, sem timidez.” É justamente essa coragem de cruzar caminhos que costura o álbum de ponta a ponta — uma obra que não se resume à experimentação sonora, mas que celebra a complexidade de uma identidade brasileira multifacetada.
A mistura de Brazza
Essa mistura ganha potência nas colaborações. Criolo, Ferrugem, Xande de Pilares, Prettos e Mestrinho não são apenas participações de prestígio — são peças fundamentais na engrenagem emocional e estética do disco.
Em “Sonhos”, com Criolo, Fabio Brazza reflete sobre o desejo e a manipulação da vontade em tempos de algoritmos. Já em “Cê Já Se Perguntou”, ao lado de Ferrugem, o olhar se volta para dentro, buscando entender quem se é em meio às pressões externas.
Há também espaço para outras brasilidades. Pagode, embolada, baião, ijexá e capoeira fazem do álbum um mosaico sonoro que tem no samba sua espinha dorsal, mas que se alimenta de uma brasilidade ampla, de terreiro e viela, de estádio e calçada.
Tudo gira em torno da roda — símbolo que atravessa as faixas, a capa, os versos. É roda de rima, roda de samba, roda de altinha, roda de fé. “Se o Brasil fosse uma roda de samba, nosso país seria bem melhor”, resume o artista.
OUÇA AGORA MESMO A PLAYLIST TMDQA! BRASIL
Música brasileira de primeira: MPB, Indie, Rock Nacional, Rap e mais: o melhor das bandas e artistas brasileiros na Playlist TMDQA! Brasil para você ouvir e conhecer agora mesmo. Siga o TMDQA! no Spotify!