
Hoje, a música brasileira perde um suspiro que sempre viverá em nossas memórias. Nana Caymmi, uma das mais emblemáticas cantoras de nosso país, faleceu nesta quinta-feira (01/05) aos 84 anos de idade.
A artista, que estava internada no Rio de Janeiro desde agosto do ano passado, despontou na MPB na década de 60. Desde então, sua personalidade – e voz – única foi marcada por um repertório vasto de grandes sucessos: tal como dizem, do bolero ao samba.
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Sobre a carreira de Nana Caymmi
A estreia de Caymmi na música foi precoce, marcada por um dueto com o pai, Dorival Caymmi, ainda quando bebê, na canção “Acalanto“. Este primeiro contato com a música, ao lado de uma figura tão importante, foi apenas o começo de uma trajetória singular, que se consolidaria com o tempo.
Aos 18 anos, Nana se casou com um médico venezuelano e se mudou para a Venezuela, onde enfrentou as dificuldades de adaptação a uma nova cultura e a vida em outro país. Sua vivência no exterior não durou muito tempo, e ela retornou ao Brasil, já com duas filhas – Estela e Denise – e grávida de João Gilberto, o que marcaria o início de uma nova fase de sua vida pessoal e artística.
Nos anos 60, Nana se destacou na cena da MPB, período fértil da música nacional. Sua voz, inconfundível e com grande capacidade de interpretação, logo a colocou ao lado de grandes compositores como Tom Jobim, Milton Nascimento e Vinicius de Moraes.
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Em 1964, Nana participou do aclamado álbum Caymmi Visita Tom e Leva seus Filhos Nana, Dori e Danilo, que foi um grande sucesso no Brasil e nos Estados Unidos, ampliando ainda mais o seu reconhecimento internacional. No entanto, não demorou para que a cantora se deparasse com um dos maiores desafios de sua carreira: o Festival Internacional da Canção de 1966. Interpretando “Saveiros“, de seu irmão Dori Caymmi, Nana enfrentou vaias, mas surpreendeu a todos ao vencer a competição, solidificando sua posição na música brasileira.
Ao longo da década de 1970, a cantora continuou a lançar álbuns de grande importância, como o auto-intitulado de 1975 e Renascer (1976), onde consolidou seu estilo único de interpretação, sempre com um olhar atento à seleção de repertório, arranjadores e produtores. Sua parceria com o pianista César Camargo Mariano no álbum Voz e Suor (1983) também se destacou, trazendo novas camadas à sua musicalidade.
A década de 1990 foi marcada pela gravação de trabalhos como Bolero (1993) e A Noite do Meu Bem – As Canções de Dolores Duran (1994), onde sua voz intimista e sua sensibilidade para a interpretação brilharam mais uma vez. Nana também se dedicou a revisitar o repertório de seu pai, Dorival Caymmi, trazendo novas leituras de clássicos como “O Que É Que a Baiana Tem?” e “Saudade da Bahia“.
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Vida e falecimento
Nana sempre se manteve como uma das vozes mais respeitadas e reverenciadas da música brasileira. Seu trabalho é uma constante reafirmação do poder da música como forma de expressão, e sua voz, lapidada e amadurecida ao longo dos anos, é um verdadeiro reflexo de sua dedicação e paixão pela arte de cantar.
Ao longo da vida, Nana também teve um relacionamento com o cantor e compositor Gilberto Gil, com quem foi casada entre 1967 e 1969, além de namorar outros músicos, como João Donato e Cláudio Nucci. Ela é mãe de três filhos e avó de duas netas.
Nos últimos anos de sua carreira, a cantora continuou a lançar álbuns que reafirmaram sua relevância, como Nana, Tom, Vinicius (2020) e Nana Caymmi Canta Tito Madi (2019). Mesmo com o passar das décadas, sua voz e sua sensibilidade continuam a cativar novas gerações de ouvintes, tornando-a um ícone atemporal da música brasileira.
Ano passado, deu entrada na Casa de Saúde São José, no Humaitá, na Zona Sul do Rio, onde deu entrada para tratar uma arritmia cardíaca.
O TMDQA! presta condolências à família e amigos da artista. Seu trabalho está eternizado para todas as demais gerações.