27/05 - 01/06

Luto para a música brasileira

Nana Caymmi, uma das vozes mais emblemáticas do país, nos deixa aos 84 anos

Cantora faleceu no Rio de Janeiro, onde estava internada

Nana Caymmi, em registro feito por Leo Martins
Foto por Leo Martins

Hoje, a música brasileira perde um suspiro que sempre viverá em nossas memórias. Nana Caymmi, uma das mais emblemáticas cantoras de nosso país, faleceu nesta quinta-feira (01/05) aos 84 anos de idade.

A artista, que estava internada no Rio de Janeiro desde agosto do ano passado, despontou na MPB na década de 60. Desde então, sua personalidade – e voz – única foi marcada por um repertório vasto de grandes sucessos: tal como dizem, do bolero ao samba.

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Sobre a carreira de Nana Caymmi

A estreia de Caymmi na música foi precoce, marcada por um dueto com o pai, Dorival Caymmi, ainda quando bebê, na canção “Acalanto“. Este primeiro contato com a música, ao lado de uma figura tão importante, foi apenas o começo de uma trajetória singular, que se consolidaria com o tempo.

Aos 18 anos, Nana se casou com um médico venezuelano e se mudou para a Venezuela, onde enfrentou as dificuldades de adaptação a uma nova cultura e a vida em outro país. Sua vivência no exterior não durou muito tempo, e ela retornou ao Brasil, já com duas filhas – Estela e Denise – e grávida de João Gilberto, o que marcaria o início de uma nova fase de sua vida pessoal e artística.

Nos anos 60, Nana se destacou na cena da MPB, período fértil da música nacional. Sua voz, inconfundível e com grande capacidade de interpretação, logo a colocou ao lado de grandes compositores como Tom Jobim, Milton Nascimento e Vinicius de Moraes.

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Em 1964, Nana participou do aclamado álbum Caymmi Visita Tom e Leva seus Filhos Nana, Dori e Danilo, que foi um grande sucesso no Brasil e nos Estados Unidos, ampliando ainda mais o seu reconhecimento internacional. No entanto, não demorou para que a cantora se deparasse com um dos maiores desafios de sua carreira: o Festival Internacional da Canção de 1966. Interpretando “Saveiros“, de seu irmão Dori Caymmi, Nana enfrentou vaias, mas surpreendeu a todos ao vencer a competição, solidificando sua posição na música brasileira.

Ao longo da década de 1970, a cantora continuou a lançar álbuns de grande importância, como o auto-intitulado de 1975 e Renascer (1976), onde consolidou seu estilo único de interpretação, sempre com um olhar atento à seleção de repertório, arranjadores e produtores. Sua parceria com o pianista César Camargo Mariano no álbum Voz e Suor (1983) também se destacou, trazendo novas camadas à sua musicalidade.

A década de 1990 foi marcada pela gravação de trabalhos como Bolero (1993) e A Noite do Meu Bem – As Canções de Dolores Duran (1994), onde sua voz intimista e sua sensibilidade para a interpretação brilharam mais uma vez. Nana também se dedicou a revisitar o repertório de seu pai, Dorival Caymmi, trazendo novas leituras de clássicos como “O Que É Que a Baiana Tem?” e “Saudade da Bahia“.

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Vida e falecimento

Nana sempre se manteve como uma das vozes mais respeitadas e reverenciadas da música brasileira. Seu trabalho é uma constante reafirmação do poder da música como forma de expressão, e sua voz, lapidada e amadurecida ao longo dos anos, é um verdadeiro reflexo de sua dedicação e paixão pela arte de cantar.

Ao longo da vida, Nana também teve um relacionamento com o cantor e compositor Gilberto Gil, com quem foi casada entre 1967 e 1969, além de namorar outros músicos, como João Donato e Cláudio Nucci. Ela é mãe de três filhos e avó de duas netas.

Nos últimos anos de sua carreira, a cantora continuou a lançar álbuns que reafirmaram sua relevância, como Nana, Tom, Vinicius (2020) e Nana Caymmi Canta Tito Madi (2019). Mesmo com o passar das décadas, sua voz e sua sensibilidade continuam a cativar novas gerações de ouvintes, tornando-a um ícone atemporal da música brasileira.

Ano passado, deu entrada na Casa de Saúde São José, no Humaitá, na Zona Sul do Rio, onde deu entrada para tratar uma arritmia cardíaca.

O TMDQA! presta condolências à família e amigos da artista. Seu trabalho está eternizado para todas as demais gerações.