27/05 - 01/06

TMDQA! Entrevista

Mauricio Sacramento (BATEKOO) assina curadoria da Boiler Room em Salvador e celebra a potência criativa da cidade

Grupos como Olodum, BaianaSystem, Duquesa, BATEKOO, Afrobapho e mais integram line-up do evento na capital baiana

TMDQA! Entrevista: Mauricio Sacramento assina curadoria da Boiler Room em Salvador e celebra a potência criativa da cidade
Reprodução/YouTube

A Boiler Room, uma das maiores plataformas de transmissão de música online, desembarca em Salvador nos dias 1º e 3 de maio com uma edição especial que promete celebrar a pluralidade sonora da capital baiana.

A iniciativa, intitulada Boiler Room True Music, apresenta um line-up que contempla gerações e territórios musicais, conectando a cena alternativa local às raízes históricas da música afro-baiana.

A curadoria foi pensada por Mauricio Sacramento, também conhecido como Freshprincedabahia, fundador da BATEKOO — um manifesto do movimento negro e LGBTQIA+, principalmente entre jovens que vivem nas periferias.

O empreendedor, dj e diretor criativo aceitou o desafio de traduzir a potência sonora de Salvador em um encontro que reflete ancestralidade, inovação e identidade cultural. Ao TMDQA!, Mauricio apontou o que representou para ele assumir essa curadoria:

“Assumir essa curadoria é um marco muito importante pra mim, tanto pessoalmente quanto pro que a BATEKOO representa hoje. A gente virou movimento e temos a responsabilidade de ser uma plataforma de impacto cultural e político. Fazer a curadoria de uma edição da Boiler Room em Salvador, minha cidade, é ter a chance de mostrar pro mundo quem está realmente construindo essa cena, com autenticidade. É uma oportunidade de colocar no centro da conversa os corpos, sons e histórias que foram deixados à margem.”

No primeiro dia do evento, que será apresentado por Loo Nascimento, o público vai poder se jogar na pista de dança ao som de BaianaSystem, Duquesa, Olodum, O Kannalha, Afrobapho feat Luanna Montty, RDD, Bloquinho Delas, Mauro Telefunksoul e Nai Kiese.

Já no sábado (3), que será comandado por Tia Carol, o evento vai receber os shows e performances de Ilê Ayê, A.MA.SSA, Boyzinho O Rei da Bregadeira, Vandal, Rap Baiano All Stars feat Bruxa Braba, Fitteck, Áurea Semiseria, Bruno Kroz, Fall Clássico, BATEKOO Djs, Sammy Dreams, Mequetreff e Pivoman.

Freshprincedabahia ainda destacou o que norteou as escolhas das atrações, dizendo:

“O briefing pedia uma curadoria com foco no alternativo, mas sem perder o vínculo com a raiz. Então buscamos nomes que representam essa cena em diferentes níveis, desde ícones como Ilê Aiyê e Olodum, até apostas como o coletivo RAP Baiano All Stars ou o projeto A.MA.SSA. Todos eles contam, de formas diferentes, a mesma história de potência criativa negra e periférica.”

A entrada para a festa, que é gratuita, e ainda mantém seu local em segredo, será feita através de inscrições no site da Boiler Room.

No papo completo que você pode conferir logo abaixo, Mauricio Sacramento comentou mais alguns detalhes sobre o planejamento do Boiler Room em Salvador e revelou o que ele espera que fique de legado do evento para a cena musical e o público da capital baiana.

TMDQA! Entrevista Mauricio Sacramento (BATEKOO)

TMDQA!: Entendendo a dimensão do que a BATEKOO se tornou nos últimos anos, o que significa para você, estrategicamente e simbolicamente, assumir uma curadoria como essa?

Mauricio: Assumir essa curadoria é um marco muito importante pra mim, tanto pessoalmente quanto pro que a BATEKOO representa hoje. A gente virou movimento e temos a responsabilidade de ser uma plataforma de impacto cultural e político. Fazer a curadoria de uma edição da Boiler Room em Salvador, minha cidade, é ter a chance de mostrar pro mundo quem está realmente construindo essa cena, com autenticidade. É uma oportunidade de colocar no centro da conversa os corpos, sons e histórias que foram deixados à margem.

TMDQA!: O que norteou suas escolhas para a curadoria do Boiler Room Salvador?

Mauricio: O evento oficialmente foi intitulado como Boiler Room True Music! A ideia foi criar uma narrativa que fosse verdadeira sobre o que é a música baiana hoje. O briefing pedia uma curadoria com foco no alternativo, mas sem perder o vínculo com a raiz. Então buscamos nomes que representam essa cena em diferentes níveis, desde ícones como Ilê Aiyê e Olodum, até apostas como o coletivo RAP Baiano All Stars ou o projeto A.MA.SSA. Todos eles contam, de formas diferentes, a mesma história de potência criativa negra e periférica.

TMDQA!: Qual é a narrativa que conecta nomes tão icônicos como Olodum, Ilê Aiyê, BaianaSystem com artistas mais underground da cena baiana?

Mauricio: A conexão está na ancestralidade e na inovação. Olodum e Ilê Aiyê são alicerces da música e da identidade negra em Salvador, e BaianaSystem representa muito esse elo entre tradição e futuro. Já os nomes da cena underground seguem esse mesmo espírito, só que com novos códigos. Eles estão reinventando a música baiana nos becos, nos bairros, nos estúdios. Todos fazem parte da mesma árvore, só que em galhos diferentes.

TMDQA!: Como você enxerga o papel da BATEKOO como “ponte” entre essa cena baiana potente e o olhar de uma plataforma global como a Boiler Room?

Mauricio: A BATEKOO tem construído esse papel de ponte ao longo dos anos. A gente circula tanto na quebrada quanto em festivais internacionais. Então conseguimos entender os códigos locais e traduzi-los para esse olhar global sem perder a essência. Essa curadoria é fruto dessa escuta ativa, de estar dentro da cena e de saber quem são as vozes que precisam ser amplificadas agora.

TMDQA!: O que você espera que fique de legado após essa edição da Boiler Room em Salvador, tanto para os artistas quanto para o público?

Mauricio: Espero que fique um sentimento de reconhecimento e de orgulho de seus próprios trabalhos. Que os artistas entendam que o som deles tem valor e potência global. E que o público se sinta representado, inspirado, conectado com a cidade de uma forma mais profunda. O legado que queremos deixar é esse, de que Salvador é vanguarda, é centro, e não precisa de validação externa pra ser reconhecida como tal. Em termos práticos, também acredito que o boiler seja um divisor de águas na carreira do dj brasileiro, é como se ele pudesse se conectar com o mundo sem precisar sair de seu território. Vai ser um impulsionamento para muitos artistas da curadoria.