Nos últimos anos, o Metalcore se firmou como um dos subgêneros mais vibrantes do Metal, atraindo uma nova geração ao trocar temas épicos por letras sobre saúde mental, identidade e conflitos internos.
A cena também se diversifica, com mais mulheres e pessoas LGBTQIA+ ganhando espaço. Em meio à finitude já acenada de gigantes como Deep Purple, Iron Maiden e Kiss, o estilo se torna uma das “sete vidas” do rock — e é nesse contexto que surge a Skive, direto de Minas Gerais, como promessa de renovação do metal em terras nacionais.
Curiosamente a banda é formada unicamente por “Pedros” e “Lucas”: Pedro Laga, no vocal, Pedro Antonio Veloso, na guitarra, Lucca Fernandes Miranda, na outra guitarra, Lucas Gabriel Veloso, no baixo e Lucas Michetti, na bateria.
Uma nova voz no metal nacional
Formada em Belo Horizonte em 2023, a Skive chamou atenção desde cedo pela intensidade de sua proposta. Entre guitarras potentes e vocais envolventes, a banda traduz frustração, dor e superação em letras que ganham ainda mais força graças a uma estética cuidadosa — reflexo da sensibilidade e maturidade desses garotos que mal cruzaram os 20 anos.
Musicalmente, a Skive nasce da colisão entre o grunge sombrio do Alice in Chains, a fúria melódica do Bullet for My Valentine, o peso técnico do Killswitch Engage e a intensidade emocional do Sleeping with Sirens — somando ainda a grandiosidade progressiva do Angra (quem diria?!) e a ousadia estética do rock japonês.
O álbum de estreia: Symbolic Metamorphosis
“Shadow Dance” e “Ghosts”, singles na ativa desde o ano passado, fertilizaram com sucesso o terreno para a Skive fazer frutificar o primeiro álbum: Symbolic Metamorphosis — um trabalho que une conceito e estética de forma coesa, e que você pode ouvir na íntegra ao final da matéria.
A capa do disco, assinada pelo vocalista Pedro Laga, mergulha no universo do cyber sigilismo: símbolos espontâneos inseridos em grades geométricas, desenhados à mão com nanquim e finalizados digitalmente. “Eu queria deixar de ser alguém rígido, travado pela razão, e me tornar mais aberto, mais leve, mais emocional”, conta Laga sobre o desenho.
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Com seu sotaque carregado e o “jeitim” mineiro inconfundível, Pedro Laga, vocalista da Skive, suaviza a identidade de artista visual talentoso que comanda com sensibilidade a identidade estética da banda. Formado em Cinema de Animação e Artes Digitais pela UFMG e professor de Artes Visuais, traz um olhar apurado que conecta música e arte de forma íntima.
Essa simbiose é evidente na capa do single “Ghosts”, uma verdadeira pérola visual que aprofunda o impacto emocional da música. A escolha de representar a sensação de não enxergar a verdadeira face do outro em uma conversa ganha um símbolo na figura do famoso personagem fantasma de lençol de maneira simples e poderosa. “O lençol representa uma barreira na comunicação entre as pessoas, quando você não consegue enxergar de fato quem é a pessoa que você está conversando, apenas a sombra dela”, explica Laga.
A estética da capa é influenciada por referências que vão de Knocked Loose ao cinema de terror, passando pela arte sombria do polonês Piotr Jabłoński. Tudo isso compõe uma narrativa sensorial densa e contemplativa, onde o visual não ilustra a música — ele a expande. “Ghosts” se transforma, assim, em uma experiência completa, na qual som e imagem se entrelaçam para expressar com profundidade o sentimento descrito pela própria banda: “O vazio de uma tristeza, assombrado pelos teus fantasmas.”
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Em “Shadow Dance”, a banda questiona: “você consegue verdadeiramente se conectar com as pessoas?”. Para isso, usa a dança da bailarina do ventre estilo tribal Lanna Patricia para encenar o processo de conexão e desconexão através do corpo no clipe que marca a estreia da banda no YouTube.
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O legado de Minas e o futuro do metal
A influência do metal mineiro tradicional — especialmente Sarcófago e Sepultura — é mais do que referência sonora: é um ponto de partida afetivo e simbólico. Crescer em Belo Horizonte significa herdar uma identidade forjada na intensidade, na transgressão e na autenticidade. A Skive honra esse legado ao levar adiante o espírito do metal mineiro com uma linguagem atual, emocional e inclusiva.
“As influências do metal mineiro clássico vão passar por toda banda de metal, nem que de forma inconsciente. Para nós, dividir o berço com o Sepultura, por exemplo, só reforça o nosso compromisso em tocar pra frente essa rica história do metal criado na nossa terra”.
Pedro Laga
Com essa consciência de origem e legado, a Skive se posiciona como parte da nova geração do som pesado de Minas Gerais — mantendo viva a intensidade, a transgressão e a autenticidade que marcaram o metal brasileiro desde suas raízes.
Se a busca inicial da banda era por autoentendimento e conexão consigo mesmo, agora a Skive mira mais longe: quer se conectar com quem se identifica com seu som e mergulha no mesmo universo emocional e estético. A banda entende que, ao transformar sentimentos em música, pode construir pontes com quem vive dilemas parecidos — e é justamente essa troca que dá sentido à sua arte.
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A coluna definitiva para os apaixonados pelo heavy metal que traz uma curadoria afiada de bandas e temas que merecem sua atenção. Um mergulho no som que molda gerações. Se você vive e respira metal, essa é a sua leitura obrigatória!
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