27/05 - 01/06

55 anos de Brown

As 10 letras mais impactantes de Mano Brown

De hinos dos Racionais MC's, passando por parcerias e fase Boogie Naipe, celebramos o dono da maior caneta do rap nacional

Mano Brown, do Racionais MC's, no Coala Festival 2018
Foto: Stephanie Hahne

Já são 55 anos de vida e três décadas de trajetória como uma das vozes mais contundentes da música brasileira. Pedro Paulo Soares Pereira, mais conhecido como Mano Brown, transformou relatos da desigualdade no Brasil em arte como ninguém.

O rapper de São Paulo está sendo celebrado na semana do seu aniversário (22 de abril), e nós do TMDQA! decidimos rankear as 10 letras mais pesadas que já saíram da caneta dele.

É claro que privilegiamos a obra dos Racionais MC’s, grupo de Brown com Edi Rock, Ice Blue e KL Jay que é unanimidade como o maior da história do rap nacional, com seus quatro álbuns de estúdio que são um retrato das periferias do nosso país.

Mas também relembramos o excelente Boogie Naipe (2016), álbum solo em que ele explorou a disco music e o funk, e parcerias que ele fez com gigantes como Sabotage e Arthur Verocai.

Os maiores clássicos de Mano Brown e os Racionais MC’s

Como estamos falando de clássicos com um impacto absurdo, como “Diário de um Detento”, “Negro Drama” e “Capítulo 4, Versículo 3”, é muito difícil dizer qual música é melhor, já que os versos tem uma importância diferente para cada fã.

Mas a nossa seleção serve para navegar pela mente afiada de Mano Brown e pela história recente do Brasil, contada por quem viveu os pontos altos e baixos da nossa sociedade, e transformou o hip-hip numa verdadeira instituição cultural do país.

Confira abaixo 10 letras inesquecíveis de Brown e diz pra gente qual é a sua favorita do aniversariante!

As 10 letras mais impactantes de Mano Brown

10. “Cigana” (com Arthur Verocai)

Leu a minha mão e levou o meu dinheiro
Decifrou as linhas do destino traiçoeiro
O sonho de um menino a cigana revelou
O exímio jogador, infeliz no amor

Vire a página, seque a lágrima
Não demonstre a sua dor

9. “Tô Ouvindo Alguém Me Chamar”

Pela primeira vez vi o sistema aos meu pés
Apavorei, desempenho nota dez
Dinheiro na mão, o cofre já tava aberto
O segurança tentou ser mais esperto

Foi defender o patrimônio do playboy
Não vai dar mais pra ser super-herói

8. “Gangsta Boogie”

Falei pra ela: se um dia fui, já não sou um exemplo, foi mal
Desgaste natural desse tempo
Eu sei de manhã a fome com insônia é pânico
Além do normal meu mau humor crônico

Longe do lar luto nas ruas
Várias horas no ar, tô há 72
Minha sina é briga, intriga da oposição
Vamo à luta ladrão

7. “Vida Loka, Pt. 2”

Eu durmo pronto pra guerra e eu não era assim
Eu tenho ódio e sei que é mal pra mim
Fazer o que se é assim, vida loka, cabulosa
O cheiro é de pólvora e eu prefiro rosas

E eu que sempre quis um lugar
Gramado e limpo, assim, verde como o mar
Cercas brancas, uma seringueira com balança
Desbicando pipa, cercado de criança

6. “Love Song (A Maior Dor de Um Homem)” (com Sabotage)

Nosso amor por um triz, é frágil, é cristal
Te amando pelo avesso, eu sempre te quis mal
Um amor absurdo, te odeio mais que tudo
Agora eu agonizo e a guitarra gentilmente chora

Amor doente, instinto suicida
Existe, sim, uma sujeira a ser varrida
Concavo e convexo, sexo dos deuses
Aqui você gozava muitas vezes, lembra?

5. “Negro Drama”

Daria um filme: uma negra e uma criança nos braços
Solitária na floresta de concreto e aço
Veja, olha outra vez o rosto na multidão
A multidão é um monstro, sem rosto e coração

Ei, São Paulo, terra de arranha-céu
A garoa rasga a carne, é a Torre de Babel
Família brasileira, dois contra o mundo
Mãe solteira de um promissor vagabundo

4. “Jesus Chorou”

Do que adianta eu ser durão e o coração ser vulnerável?
O vento não, ele é suave, mas é frio e implacável
Borrou a letra triste do poeta
Correu no rosto pardo do profeta

Verme, sai da reta, a lágrima de um homem vai cair
Esse é o seu BO pra eternidade
Diz que homem não chora, tá bom, falou
Não vai pra grupo irmão, aí, Jesus chorou

3. “Capítulo 4, Versículo 3”

Talvez eu seja um sádico ou um anjo
Um mágico, um juiz ou réu
O bandido do céu, malandro ou otário
Padre sanguinário, franco atirador se for necessário

Como um ataque cardíaco do verso
Violentamente pacífico
Verídico, vim pra sabotar seu raciocínio
Vim pra abalar seu sistema nervoso e sanguíneo

2. “Diário de Um Detento”

Cada detento uma mãe, uma crença
Cada crime uma sentença
Cada sentença um motivo, uma história de lágrima

Sangue, vidas inglórias, abandono, miséria, ódio
Sofrimento, desprezo, desilusão, ação do tempo
Misture bem essa química
Pronto, eis um novo detento

1. “Vida Loka, Pt. 1”

Fé em Deus que ele é justo
Ei, irmão, nunca se esqueça: na guarda, guerreiro, levanta a cabeça
Onde estiver, seja lá como for, tenha fé
Porque até no lixão nasce flor

A confiança é uma mulher ingrata
Que te beija e te abraça, te rouba e te mata
Desacreditar, nem pensar, só naquela
Se uma mosca ameaçar, me catar, piso nela