Na última quinta-feira (17), chegou às plataformas digitais a faixa “O RAP É Meu Divã”, parceria entre a rapper, arte-educadora e produtora cultural Meire D’Origem e o ícone do rap nacional Rappin’ Hood.
A música é o quinto single do Elo Feat dos Sonhos, projeto que vem promovendo encontros entre artistas emergentes e nomes consagrados da música brasileira. A faixa propõe um olhar sensível sobre saúde mental e reafirma o rap como espaço de acolhimento, denúncia e transformação.
Com mais de 20 anos de trajetória no Hip Hop, Meire D’Origem construiu sua caminhada em coletivos, projetos sociais e palcos independentes. Premiada e reconhecida por seu trabalho artístico e social, ela traz para essa faixa a síntese de sua luta e de seu compromisso com a cultura periférica.
“O RAP é Meu Divã” nasceu, segundo a artista, de uma angústia coletiva e da necessidade de tratar, através da arte, temas como ansiedade, depressão e autocuidado — questões que atravessam as periferias brasileiras e, muitas vezes, não recebem atenção do poder público.
“A arte chega onde a assistência não chega, e eu, que tive minha vida transformada pela cultura, me sinto no dever de devolver para ela tudo que recebi e sigo recebendo. Essa música é fruto dessa busca, desse compromisso”, explica Meire.
União de gerações
A faixa também carrega o peso simbólico de reunir duas gerações do rap nacional. Para Meire, gravar ao lado de Rappin’ Hood — um dos nomes mais respeitados da cultura Hip Hop brasileira — e contar com a produção de Nave, responsável por beats icônicos no rap nacional, foi mais do que um sonho realizado: foi uma consagração.
“Infelizmente, alguns recortes como o fato de ser mulher, do interior, preta, mãe e periférica, contribuem para o apagamento da minha arte. Ter a oportunidade de gravar com o Hood e com o Nave é uma afirmação da minha caminhada e uma chance de colocar essa obra no mundo”, celebra.
Para Rappin’ Hood, o projeto e a parceria são importantes não apenas para revelar novos talentos, mas para fortalecer a cultura de troca e respeito entre as diferentes fases da cena. “É fundamental essa conexão entre as gerações. Fiquei muito feliz de conhecer a Meire e espero que essa parceria siga se desdobrando. É disso que a cultura precisa”, pontua o rapper.
O processo criativo de “O RAP É Meu Divã” teve, como pano de fundo, o acolhimento e o afeto no estúdio. Meire conta que ficou emocionada ao dividir o ambiente de gravação com nomes como Maria Gadú, Pretinho da Serrinha e O Nave, que atuaram na produção do projeto.
“Juro que, quando olhei ao redor e vi todos aqueles monstros da música trabalhando no meu som, eu chorei várias vezes. É difícil até descrever o tamanho desse momento pra mim”, relembra.
Oportunidade
O projeto Elo Feat dos Sonhos foi idealizado pela Elo, empresa de tecnologia de pagamentos, em parceria com o Ministério da Cultura, e é realizado pela Cingulado. A iniciativa recebeu mais de mil inscrições de artistas de 25 estados brasileiros e selecionou dez vozes da nova geração, cada uma delas convidada a gravar uma faixa com nomes consagrados. A curadoria contou com Roberta Martinelli, Ana Paula Paulino, Aíla, Pretinho da Serrinha e Maria Gadú.
Para Meire, o projeto se tornou não só uma vitrine, mas também um gesto de cuidado para artistas independentes. “Às vezes, a gente sente que não está no lugar certo, que não é bom o suficiente… Aí vem o Elo Feat dos Sonhos e diz: ‘Sua arte existe, resiste e está sendo vista.’ É um portal, uma vitrine e um abraço”, afirma.
Já para Rappin’ Hood, estar no estúdio e criar novas músicas segue sendo sua maior paixão. “Estar no estúdio é a coisa que eu mais gosto na vida. Criar é o que me move”, diz o rapper, que também celebrou a troca de informações e a união de gerações que a faixa proporcionou.
