Ana Cacimba está em uma nova sintonia.
A cantora paulista, que criou uma base sólida de carreira cantando sobre sua fé e ancestralidade, agora quer falar também sobre amor — e assim o fez em “Efeito”, seu mais recente single.
Misturando o pop brasileiro com batidas de funk em um ritmo pra lá de dançante, a música vem para abrir os caminhos da nova fase de Ana. Ela, que virou referência no asalato, instrumento de percussão bastante usado em suas músicas, quer passar uma mensagem importante com a faixa. “Fala sobre amor saudável é necessário também,” comentou Cacimba em um papo interessantíssimo com o TMDQA!
“Efeito” foi composta pela artista como uma despedida a um amigo que estava se mudando, e Ana explicou que escreveu pensando em um amor “não romântico”, em algo leve, que não prende. “Cazuza cantava sobre ‘um amor tranquilo com sabor de fruta mordida’, e eu queria trazer isso para os dias de hoje, com essa pegadinha gostosa de dançar.”
Ainda sobre a mensagem da canção, Ana refletiu:
Acho que a gente foi ensinado pela TV e por algumas músicas que o amor tóxico era o amor verdadeiro. Poxa, nós millennials… tá todo mundo doidinho da cabeça. Então é bom falar sobre o que é saudável, porque o que a gente não fala, não se normaliza.”
Ana Cacimba faz releitura dos anos 60
E falando sobre normalizar, a parte estética do lançamento também vem carregada de significado. No clipe, que tem direção de Kadu Borges, Ana Cacimba encarna uma pin-up em um cenário bem típico dos anos 60.
Eu procurei trazer uma coisa atual ao mesmo tempo que eu olho muito para o passado. Eu tenho essa coisa do ‘sankofa’, que é procurar no passado as coisas que eu deixei. E eu gosto muito do retrô. […] A gente ainda tinha nos anos 60 muito racismo, mas como a gente poderia brincar com essa estética se as pessoas negras fossem mais permitidas? Então eu queria trazer a minha releitura dos anos 60 atrás das pinups, uma pinup não branca.”
O resultado do clipe você vê ao fim da matéria.
Religiosidade e raízes
Apesar da mudança de vibe neste lançamento, Ana Cacimba não tem planos de deixar de lado a temática que permeia sua carreira até aqui. “Meu trabalho é muito voltado para a ancestralidade. Eu canto as coisas que me movem, eu canto sobre amor, sobre fé. Essa minha relação com o asalato é a minha ligação com os meus ancestrais mais antigos, os meus antepassados, que são do oeste da África”, disse a cantora.
Ela ainda destaca sua forte ligação com a avó, que morreu antes de poder conhecê-la, e que foi uma mulher fundamental para sua comunidade.
Ela era uma mulher quilombola, preta, benzedeira, parteira e lavadeira no quilombo. […] Eu sempre falo da minha avó como uma força motriz. Ela acabou morrendo em São Paulo como uma pessoa analfabeta e doméstica. Só que ninguém sabia o quanto ela era importante no quilombo, porque ninguém nascia se não fosse pelas mãos dela, ninguém se curava se não fosse pelos saberes dela, os cantos não se passavam se não fosse pela memória dessa mulher.”
Ana ainda completou: “Eu vou cantar sobre a minha fé afro-religiosa, eu vou cantar sobre essas raízes. E eu tô aí, faz 10 anos que eu escolhi a música como profissão com essa missão, de falar sobre quem veio antes, as pessoas que foram e que são, para que eu pudesse ser quem eu sou hoje.”
Próximos passos e novo disco
Sobre o futuro, Ana Cacimba ainda não revelou muita coisa, mas prometeu que vem disco novo por aí. A artista já tem em sua discografia os ótimos Azeviche (2022) e Mergulho (2023).
“Eu vou lançar uma música por mês, vou colocar toda minha criatividade. É uma realidade que não é a de todo mundo, então sei que tô tendo uma oportunidade muito legal de colocar tudo que eu tenho na minha cabeça, de criatividade para o mundo. Mais pra frente teremos novidades”, finalizou a cantora.
Estamos ansiosos!
