
Na fértil cena independente paulistana, a banda Celacanto emerge com um dos álbuns de estreia mais densos e inventivos de 2025. Lançado via Matraca Records, o disco Não tem nada pra ver aqui propõe uma travessia entre o caos do mundo externo e os abismos do “eu”- tudo costurado por uma sonoridade que funde o indie rock a elementos do pós-punk e à sensibilidade lírica da música nacional.
O grupo, formado por Eduardo Barco (guitarra e sanfona), Giovanni Lenti (bateria), Matheus Costa (baixo) e Miguel Lian (voz e guitarra), se apoia em uma formação clássica para explorar paisagens sonoras pouco óbvias. Produzido por Luiz Martins – o Lauiz, da banda Pelados – e masterizado por Fernando Sanches, o álbum apresenta nove faixas que acompanham um eu lírico contemplativo, exausto, desiludido – e, por isso mesmo, profundamente humano.
A narrativa do disco se divide em dois momentos. O primeiro, traz a pressão de viver num mundo acelerado, onde o tempo escorre pelos dedos e o sentido se esvai no ruído. Já o segundo, é um mergulho mais íntimo, onde o caos é interno: relacionamentos, memórias, sentimentos turvos. Essa dualidade é sintetizada em letras que observam as rachaduras do cotidiano e nos levam do urbano ao emocional com fluidez.
Musicalmente, a Celacanto transita com segurança entre a urgência de referências como Joy Division, Shame e Squid e a introspecção de nomes nacionais como Milton Nascimento, Lô Borges e Caetano Veloso (especialmente o do álbum Estrangeiro). Essas referências revelam não só o ecletismo da banda, mas também seu cuidado em transformar influência em identidade.
Mais do que um cartão de visitas, Não tem nada pra ver aqui é um manifesto sensível sobre a vida em tempos apressados — um disco que desacelera para que a gente sinta. E, no fim, tem tudo pra se tornar um dos registros mais interessantes do indie nacional deste ano.
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A coluna “Pra Ficar De Olho” foi idealizada para ir muito além da música, trazendo destaque para artistas e bandas da cena independente e autoral. Estudante de jornalismo pela PUC Minas, Eduardo passou seus 21 anos de vida desenvolvendo uma forte conexão com a música como um todo. Apaixonado principalmente pela MPB e vertentes do rock, colecionador de CDs e discos de vinil e frequentador assíduo de shows, escreve para o TMDQA! e colabora com a coluna "Pra Ficar de Olho", além de fazer coberturas e entrevistas.
A coluna “Pra Ficar De Olho” foi idealizada para ir muito além da música, trazendo destaque para artistas e bandas da cena independente e autoral. Estudante de jornalismo pela PUC Minas, Eduardo passou seus 21 anos de vida desenvolvendo uma forte conexão com a música como um todo. Apaixonado principalmente pela MPB e vertentes do rock, colecionador de CDs e discos de vinil e frequentador assíduo de shows, escreve para o TMDQA! e colabora com a coluna "Pra Ficar de Olho", além de fazer coberturas e entrevistas.