
Bia Nogueira convida seus fãs a refletirem sobre questões sociais e ambientais, explorando também a interseção entre tecnologia e sabedoria ancestral, através do seu novo disco Respira, disponibilizado em primeira mão exclusivamente aqui no TMDQA! antes de seu lançamento em todas as plataformas amanhã (11).
O segundo álbum de estúdio da artista, idealizadora do festival IMUNE – que celebra a música preta, indígena, periférica e LGBTQIAPN+ –, transita entre experiências pessoais e coletivas.
Através das oito faixas do projeto, a cantora mineira também aborda temas como solidão, desejo, autenticidade e reconexão. E, para somar com este novo disco, Bia convidou os artistas Djonga, Bela Maria e Barulhista.
De acordo com a cantora, pensando no atual excesso de informação e pouco tempo para pensar, Respira é um convite para desacelerarmos e também um manifesto ambiental.
Bia Nogueira libera seu novo disco Respira
Produzido por Richard Neves e Rico Manzano, o trabalho sucessor de Diversa (2018) mescla pop, canção brasileira e música eletrônica com ritmos do congado de Minas Gerais. Em nota, a artista comentou alguns detalhes sobre o processo de criação do disco:
“Este álbum foi um processo de decantação que começou na pandemia e amadureceu com o tempo. Aos poucos, consegui fechar uma narrativa musical que traduz como vivi esse período. Vejo este trabalho como um mergulho profundo e maduro, que sintetiza uma trajetória de investigação estética entre o pop e a música preta tradicional de Minas, sempre atravessada pela força da canção brasileira.”
Bia Nogueira também contou com a colaboração da banda Carta, formada por Débora Costa, Bruno e Thiago Quintino. Além disso, Kátia Aracelle, que toca a gunga, ajudou a reforçar a importância das tradições afro-mineiras, enquanto a participação de ImagineUai (Aloísio Tocafundo), engenheiro de Inteligência Artificial, evidencia a aposta no afrofuturismo. Sobre os últimos convidados mencionados, a cantora disse:
“A presença da Kátia tocando gunga — uma guardiã da tradição do congado — representa esse elo com a ancestralidade. A gunga é um instrumento típico de Minas Gerais, um tipo de chocalho que se toca enquanto se dança, ou que se dança enquanto se toca. Ao mesmo tempo, exploro meu profundo interesse pelas novas tecnologias e pela inteligência artificial.
Acredito que essas ferramentas podem melhorar a vida humana, mas é fundamental estarmos ancorados na sabedoria ancestral para não nos perdermos pelo caminho. As tecnologias podem ser benéficas, mas, por si só, não garantem um avanço real.”
Além do lançamento nas plataformas digitais, Respira também ganha vida no palco com uma turnê que percorre seis capitais do Nordeste. Com apresentações já realizadas em Recife, Natal, João Pessoa, Fortaleza e Maceió, o show segue agora para sua última parada: Salvador, no dia 26 de abril, no Colaboraê, e contará com as participações de Pedro Pondé, Fashion Piva e João Merín.
A seguir, ouça o álbum Respira em primeira mão pelo TMDQA! e confira um faixa a faixa elaborado por Bia Nogueira. Vale lembrar que, no próximo dia 17, a canção “Menino”, feat com Djonga, ganhará um clipe. Fique ligado!
Continua após o vídeo
Respira: ouça e leia o faixa a faixa
1. “Menino”
Essa música nasceu de uma experiência muito especial que vivi ao ver o filho do Djonga, Jorge, aos três anos, enxergar o mar pela primeira vez. Ele estava nos ombros do pai e, ao se deparar com a imensidão do oceano, disse: “Papai, eu estou voando”. Isso me emocionou profundamente, pois me remeteu à minha própria primeira vez diante do mar — e também à lembrança do meu filho, João Lucas, que, um dia, em meio a um redemoinho, disse: “Mamãe, eu estou voando”. O refrão surgiu imediatamente, e a música foi finalizada em parceria com Marcos Fábio de Faria e o próprio Djonga.
2. “Terra Cinza”
Criada em parceria com Marcos Fábio de Faria e Alysson, essa faixa retrata um cenário pós-apocalíptico, uma terra arrasada onde o fim do mundo já aconteceu. A canção nasceu para uma performance em São Paulo e conecta-se fortemente com o momento atual, em que colhemos os frutos de séculos de destruição ambiental e capitalismo desenfreado. A ideia é provocar uma reflexão sobre esse futuro devastador — e sobre como ainda podemos evitá-lo.
3. “Calma”
Composta no auge da pandemia, enquanto eu estava isolada em uma casinha no meio do mato, Calma surgiu como um mantra. Eu me balançava em uma rede, tomada pela ansiedade diante das mortes, da ausência de perspectivas e de um governo que negligenciava a crise. Comecei a repetir para mim mesma: “Calma, Bia, calma”, e desse momento nasceu a música, que acabou sendo a primeira que lancei. Apesar de já conhecida, ela faz parte do disco por ser uma resposta direta àquele tempo — e funciona como um respiro necessário após a intensidade de Terra Cinza.
4. “Sobre Solidão e Saudade”
Essa faixa mergulha em dois sentimentos que se intensificaram durante o isolamento: a solidão e a saudade. Apesar de ter sido escrita antes da pandemia, a identificação com esses temas foi inevitável. A inspiração veio de uma vivência à beira-mar, durante um amor atravessado pela ausência. A canção reflete como esses afetos nos atravessam — especialmente em tempos de distanciamento.
5. “Pele”
Em parceria com Bela Maria e Maíra Baldaia, Pele fala sobre o desejo, o corpo e a paixão. Comecei a escrevê-la enquanto vivia uma paixão intensa, que me afetava até fisicamente. A canção traduz essa sensação de não se sentir completa longe da pessoa amada. Durante a pandemia, esse anseio por proximidade ficou ainda mais latente, e Pele registra essa tensão entre o querer e o não poder.
6. “Sabe”
Fechando o que chamo de “trilogia do desejo”, Sabe aborda o impulso de se jogar numa paixão, mesmo sabendo que talvez não valha tanto a pena. A música traduz a ambiguidade de se envolver com o “meio bom, meio ruim” — essa entrega confusa, onde não se sabe exatamente onde o desejo vai te levar.
7. “Sankofa”
Feita em parceria com Aloísio Tocafundo (ImagineUAI), Sankofa explora a interseção entre tecnologia e ancestralidade. O pássaro Sankofa, símbolo adinkra, caminha para frente olhando para trás, representando a sabedoria ancestral — algo que considero essencial nos dias de hoje. Essa música foi criada com o uso de Inteligência Artificial: da letra ao beat, até um clone da minha voz. O único elemento humano são as gungas tocadas ao vivo por Kátia Araceli, capitã de guarda de congado. Esse contraste expressa a urgência de ancorar o avanço tecnológico em valores éticos e ancestrais.
8. “Respira”
Faixa que dá nome ao disco e colaboração com Barulhista, Respira é a alma do projeto. A música reflete sobre a hiperconectividade que vivemos e convida à pausa. Em tempos em que tudo é mediado por telas, Respira propõe uma reconexão com o que é real — com a natureza, com os afetos, com o corpo. Ao sairmos do automático e voltarmos a respirar, talvez possamos revalorizar o mundo à nossa volta.
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