A cena do Rock pode até ter sido marcada por uma predominância masculina ao longo das últimas décadas, mas muitas mulheres desafiaram esse padrão e, em algumas situações, mostraram sua resistência contra homens importantes da música e de fora dela.
Muitas mulheres já foram inspiradas por situações vividas por grandes artistas como a lendária e saudosa Tina Turner, que teve que desafiar um sistema opressor não apenas dentro da música, mas em sua vida pessoal, ou como as emblemáticas Patti Smith e Joan Jett, que tiveram desentendimentos públicos com músicos conservadores.
Celebrando o Dia da Mulher, decidimos relembrar na lista abaixo algumas situações em que mulheres do Rock não se intimidaram ao serem criticadas ou provocadas por homens poderosos que estavam presentes, de forma direta ou não, em suas vidas.
8 vezes em que mulheres do Rock bateram de frente com homens poderosos
1. Dolly Parton recusa proposta de Elvis Presley
A lendária Dolly Parton nunca se intimidou com a cena da música country, que era dominada pelos homens. Ela enfrentou os obstáculos e se tornou uma das artistas mais influentes da indústria musical e provou saber do seu valor ao recusar a proposta de Elvis Presley de gravar sua música “I Will Always Love You”, uma vez que isso significaria dar a ele mais da metade de seus créditos de composição (via audio network).
A decisão de Parton rendeu um importante retorno para a artista, já que sua faixa se tornou um grande sucesso em uma das trilhas sonoras de filmes mais vendidas de todos os tempos com a versão de Whitney Houston no filme O Guarda-Costas (1992).
2. Pussy Riot e o governo de Vladimir Putin
O coletivo russo de Punk Rock Pussy Riot é conhecido como um dos principais representantes do movimento feminista no cenário musical, principalmente por sua resistência contra as estruturas de poder e opressão.
A banda, que costumava ficar sediada em Moscou, realizou seus primeiros atos de ativismo em shows não autorizados em locais públicos, apresentando músicas com letras que abordavam feminismo, direitos LGBTQ+ e oposição ao presidente russo Vladimir Putin e suas políticas.
Suas ações são uma resposta direta à forma como as mulheres têm sido historicamente marginalizadas e silenciadas, não só na Rússia mas em várias partes do mundo.
3. Cher se liberta de Sonny Bono
Cher atingiu o sucesso ao cantar ao lado de seu então marido Sonny Bono o hino emocionante “I Got You Babe”, porém o casal não tinha a relação perfeita que muitos imaginavam. Segundo o Udiscover Music, Bono era um cara controlador e por anos impediu que Cher seguisse sua carreira solo.
A artista lançou seu primeiro material solo, a música “Gypsys, Tramps And Thieves”, em 1971, produzido sem a contribuição de Bono, e que se tornou seu primeiro single solo número um nas paradas de discos do Canadá e dos Estados Unidos.
Cerca de três anos depois, Bono entrou com um pedido de separação alegando “diferenças irreconciliáveis” e Cher respondeu com um processo de divórcio alegando “servidão involuntária”, argumentando que Bono havia retido o dinheiro que ela havia ganhado.
Dali pra frente, a carreira de Cher decolou, se tornando um ícone não apenas para fãs de Pop mas também por implementar elementos do Rock em suas canções.
4. Tina Turner e o fim de sua relação abusiva com Ike
A saudosa e icônica Tina Turner demonstrou muita força durante sua carreira tanto por ter vivido durante quase duas décadas ao lado de um marido abusivo como também por ter conseguido abandoná-lo e seguido sua trajetória musical sem ele.
A artista inclusive revelou em sua autobiografia e em entrevistas que foi agredida inúmeras vezes por seu ex-marido Ike Turner quase desde o início de seu casamento em 1962, afirmando que ele tinha momentos de raiva por besteiras e usava o que estivesse ao seu alcance para agredi-la.
A artista fazia a maioria de suas performances com a ajuda de cantoras de apoio, enquanto seu marido permanecia ao fundo, normalmente tocando guitarra. A parceria entre eles rendeu uma série de sucessos de R&B, mas a cantora conseguiu fazer uma grande virada em sua carreira depois de ter finalmente terminado com ele em 1976 após anos de abuso físico e psicológico.
Ao retornar ao mundo da música com o lançamento de “Private Dancer” em 1984, ela ajudou a enviar uma mensagem importante para outras mulheres, afirmando que é possível se liberar de uma relação abusiva e recomeçar sua jornada buscando sua própria autonomia. O resultado? Uma integrante do Hall da Fama do Rock and Roll.
5. Patti Smith reage a comentário de Ted Nugent
Patti Smith e Ted Nugent não compartilham das mesmas ideologias, com Nugent sendo um roqueiro conservador que se tornou símbolo da extrema-direita nos últimos anos.
No entanto, lá em 1978, essas diferenças já ficavam claras. Ao aparecer no programa Lunch with Lubin da antiga rádio WABX, Ted fez um comentário homofóbico ao falar sobre a faixa “Snakeskin Cowboys” e, além de ter sido contestado pelo apresentador Jerry Lubin, Smith, que estava no estúdio para apresentar seu programa em seguida, se manifestou (via UCR).
Após Patti pedir para que Nugent deixasse o local, os músicos protagonizaram uma troca de empurrões e provocações. Há relatos de que uma discussão acalorada, com Smith tendo dito algo como “não me toque” para o guitarrista. O momento de tensão só foi interrompido quando Lubin tocou “Cat Scratch Fever”, de Nugent.
Antes de acalmar os ânimos, no entanto, Patti Smith supostamente deu um soco no peito de Nugent após ele ter agarrado sua cintura. Em seguida, há relatos de que Ted Nugent se desculpou com Smith, inclusive entregando o estúdio para Patti e adotando um tom de voz muito mais amigável.
6. Joan Jett detonando Ted Nugent
Quem também já teve um conflito com Ted Nugent e não pegou leve ao falar sobre o músico foi a lendária Joan Jett. A situação ocorreu depois de Nugent ter gravado um monólogo discutindo a lista da Rolling Stone dos 100 Maiores Guitarristas.
O músico questionou o fato de Joan Jett ter sido incluída na seleção e Mark Farner ter ficado de fora. Em resposta ao comentário de Ted, Jett declarou (via Esquire):
“É essa a implicação dele de que ele deveria estar na lista em vez de mim? Bem, isso é típico — é com o que eu lidei a minha vida inteira, ser descartada. Ted Nugent tem que viver sendo Ted Nugent. Ele tem que estar naquele corpo, então isso é punição suficiente. Ele não é um cara durão. Ele interpreta um cara durão, mas esse é o cara que cagou nas calças — literalmente — para que não tivesse que ir para o Exército.”
Obviamente, Ted respondeu a artista e se justificou, dizendo que “amava Joan” mas que ela “não é uma guitarrista melhor do que nenhum dos caras” presentes na lista. Joan Jett não voltou a responder o comentário de Ted – e nem precisava, não é mesmo?
7. Madonna respondeu Elton John com ironia
Madonna e Elton John protagonizaram alguns atritos pesados durante alguns anos depois de uma crítica feita pelo lendário cantor britânico em 2002 ao definir a música-título de 007 – Um Novo Dia Para Morrer, interpretada pela Rainha do Pop, como “o pior tema de Bond de todos os tempos”.
O grande desentendimento entre eles aconteceu mesmo em 2004 durante o Q Awards, quando Elton, ao aceitar um prêmio de compositor, disparou contra a inclusão de Madonna na categoria de “Melhor Ato ao Vivo”.
“Madonna, Melhor Ato ao Vivo? Vai se foder. Desde quando dublagem é ao vivo? Desculpe por isso, mas acho que todo mundo que dubla no palco em público quando você paga tipo 75 libras para vê-lo deveria ser baleado. Muito obrigado. Isso me tira da lista de cartões de Natal dela, mas eu dou a mínima? Não”.
No ano seguinte, vale ressaltar, há rumores de que os dois cartões enviados por ele para a cantora no Natal foram devolvidos (via Rolling Stone). Consequências!
Mas a história não acaba aí: em 2012, o marido de Elton, David Furnish, reforçou o posicionamento do cantor após Madonna vencê-lo na categoria de Melhor Canção Original no Globo de Ouro, apontando que isso “mostra como esses prêmios não têm nada a ver com mérito”.
Após a publicação ter sido vazada de seu Facebook privado, ele se desculpou e Madonna rebateu:
“Espero que [Elton] fale comigo pelos próximos dois anos. Ele é conhecido por ficar bravo comigo… Ele vai ganhar outro prêmio. Não me sinto mal”.
As ofensas continuaram com Elton apontando que a carreira de Madonna havia acabado e criticando sua imagem e suas escolhas musicais e performáticas. Ao que tudo indica, um encontro casual no final de 2012 aparentemente colocou fim no conflito, após Elton ter pedido desculpas por suas falas. Era o mínimo!
8. Rita Lee fez duras críticas a Jair Bolsonaro
A lendária e saudosa Rita Lee nunca escapou de uma polêmica. A artista não tinha nenhum receio em expor sua opinião sobre os mais diversos assuntos e sempre compartilhou suas críticas, principalmente em questões envolvendo política.
Em 2021, Rita Lee não economizou nas palavras ao falar sobre a gestão de Jair Bolsonaro. A artista certa vez o alfinetou em suas redes sociais (via Estado de Minas):
“É assustador ver gente no comando com mente tão ultrapassada. Me enche o saco o racismo, a misoginia, a homofobia. Não tenho paciência para isso. Eu queria chegar em 2021 e perceber mais respeito no mundo.”
Já durante um show em São Paulo, a artista mais uma vez criticou a gestão do ex-presidente, apontando de forma clara seu nome:
“Eu amo essa cidade. São Paulo leva o Brasil nas costas (…) O problema é que entra governo, sai governo e eles não fazem nada. Vamos tirar a bunda da cadeira e tentar resolver as enchentes? E a violência? Não dá para eleger um Bolsonaro”.
Faz muita falta!
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